Anajé ficou paralisado em um primeiro momento. Somente o instante da criatura tirar a boca do pescoço da garota e olhar para ele. O sangue ainda escorrendo do pescoço dela e da boca dele.
Um vampiro? Aquela coisa era um vampiro? Mas vampiros não existem. Bom, na verdade, nada daquilo existia.
O ser o encarou. Tinha mais ou menos a forma de um ser humano, só que com asas como de morcego e os pés e mãos terminados em garras. E olhos vermelhos.
A criatura também só ficou parada por um instante. Só enquanto assimilava o que estava acontecendo. Então abriu as asas e voou para cima dele. Da boca escorria sangue. Os dentes eram enormes e ameaçadores.
Anajé só teve o tempo de se desviar e abrir a porta saindo para o corredor. Fechou a porta atrás e si e recostou na parede sem saber o que fazer.
Ouviu um som de passos vindo em sua direção pelo corredor escuro. Mais de uma pessoa, ou coisa, se aproximava dele.
Ele ficou inerte por mais um tempo. Um tempo pequeno. Então ouviu vozes:
— Anajé! Somos nós.
Aquelas vozes foram acalentos para o seu coração acelerado. Eram seus amigos. Os amigos que tinham entrado com ele na caverna.
— Você encontrou a Lauany? — perguntaram.
Eles não tinham tempo. A criatura forçava a porta tentando sair.
— Sim — ele respondeu. — Está aqui nesse quarto. Mas tem um vampiro enorme lá. Ele estava tomando o sangue dela.
— Precisamos tirar a Lauany de lá. Mas como?
— Eu sei — disse Açucena agitada. — Vampiros não podem com luz. Vamos abrir a porta de uma vez e lançar a luz das lanternas dos nossos celulares sobre os olhos dele.
— Na verdade — disse Caíque —, a luz é do sol. Mas talvez consigamos atordoá-lo por um instante enquanto a pegamos.
Foi o que fizeram. Entraram de uma vez jogando a luz nos olhos do monstro. Enquanto a criatura tentava assimilar o que estava acontecendo, Anajé soltou Lauany dos aparelhos, a pegou em seus braços e saiu.
Os outros só esperaram eles saírem e trancaram a porta com o vampiro dentro. Saíram dali o mais rápido que podiam. Atravessaram o portão e seguiram pela floresta até o portal no qual entraram o mais rápido possível.
A volta foi semelhante a ida. Algo parecido com atravessar um lugar onde o tempo e o espaço não funcionavam da forma que eles conheciam. E logo estavam do lado de fora da caverna da pedreira.
Lauany estava acordando.
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As noivas de Ratanabá
Mystery / Thriller🎖🏆 (MENÇÃO HONROSA 1 - Concurso SuspenseLP16)🎖🏆 Histórias antigas diziam de uma cidade perdida na Amazônia. Alguns povos a chamavam de Ratanabá. Ou Akakor... Mas isso eram só lendas. Os mais jovens sequer tinham ouvido sobre essas histórias. Nã...