AMOR E TRAPAÇA | LOKI

10• Loki

Estou preso a meia hora, e até agora, Raven sumiu e não retornou. Tentei de todas as maneiras possíveis me libertar, mas é como se uma garota mortal fosse mais poderosa que eu.

Mesmo contra minha vontade, não posso negar que Raven guarda segredos para si mesma, e isso está relacionado a magia que fez em mim poucos momentos antes, o que me leva a concluir que ela pode sim, ser tão poderosa quanto uma Asgardiana, e isso é altamente frustrante. Desde nosso primeiro encontro naquele galpão abandonado, quando a mesma me prendeu contra a parede com sua adaga, me questiono como pude ser tão estúpido.

Estou desesperado, preciso de Raven, preciso entrega-la a S.H.I.E.L.D e enfim mostrar ao meu pai que tenho algum valor, que posso fazer algo como Thor faz. E nada, nada vai me impedir disso.

E por esse motivo, preciso me soltar dessa porra de cadeira.

Faço de tudo, de tudo mesmo, e parece que todas as minhas tentativas desaparecem em vão. Não sei qual magia negra essa garota usou, que transformou tecido em...

Merda. Merda. Ilusão.

Por Odin.

Ela usou meu próprio truque contra mim. Esqueci completamente quando Raven usou ilusão, na farmácia. Ela confundiu uma senhora trocando pedras por dinheiro de Midgard. Fez a mesma coisa comigo agora.

Ilusão. Faz a pessoa afetada acreditar profundamente em algo, mesmo que isso nunca tenha acontecido.

E é com isso, que consigo formar um plano.

Alguns minutos se passam, o que parece uma eternidade. Mas Raven finalmente aparece pela entrada da cozinha a poucos centímetros de mim. Olho para ela.

Seu semblante parece cansado, o cabelo escuro agora está solto, batendo nos ombros. Está usando um moletom preto novo, que deve ter achado em algum lugar do prédio.

Seu rosto está molhado, tudo indica que talvez estivesse chorando.

Ela nota meu olhar e chega mais perto, até estar em frente a cadeira, onde se inclina para olhar em meus olhos.

 – Está aproveitando a sua estadia, príncipe? – Sua voz fria penetra em meus ouvidos.

– Não quanto você deve estar apreciando a minha presença, garota mortal.

Raven se endireita, vira de costas e segue até a uma mesa do outro lado da sala.

– Pobre Loki, deve estar com tanta fome que está até alucinando. – Ela solta uma risada de deboche, enquanto abre uma comida enlatada com sua adaga.

– Você está ficando sem tempo, meu amor. – Raven para seu procedimento e volta seu olhar a mim. – Se não for eu, logo a Shield virá te buscar, e se não a Shield, com um pouquinho de sorte a Hydra te encontra.

Analiso seu rosto, sua expressão antes divertida pelo insulto segundos antes, agora sombria, por um momento, ela não responde, solta sua comida enlatada na mesa e vem em minha direção novamente.

– Você não sabe nada sobre a Hydra, e eu aposto que não vai querer saber nem um terço do que eu sei. – Ela fala, sua voz embargada. – Eles não agem assim, não estão atrás de mim ainda, pelo menos não pelo mesmo motivo que a Shield está.

– E por qual motivo seria? – Pergunto, e no mesmo momento me arrependo de ter perguntado, pois sua expressão vai de raiva para alguma coisa parecida com tristeza e medo, não que eu me importasse, mas sim pois preciso de sua confiança para meu plano funcionar.

– Você não precisa saber ainda, príncipe. – Raven diz e volta para mesa, pegando novamente sua comida. 

– Raven, não precisa se esconder e guardar tudo somente para si, eu vou ouvir se precisar e...

– Pode parar Loki, esse papo não cola. Você me chamou de cachorrinha horas atrás e quer que eu acredite nisso? – Ela ri e volta a comer.

Droga.

– Quando pretende me soltar? – Decido perguntar.

– Quando eu precisar de você, não fique muito animado, não acho que irei precisar tão cedo de suas habilidades de príncipe.

– Talvez eu possa te ajudar de outra maneira, meu amor. – Mantenho meu olhar fixo a Raven, a mesma termina de comer e volta sua atenção a mim.

– E qual maneira seria essa? – Ela vem até a minha direção, balançando sua adaga na mão direita.

– Use sua imaginação, querida. – Raven se inclina para olhar nos meus olhos, e em seguida desliza sua adaga em um ponto do meu abdômen.

 – Sabe, Loki? Nunca tive tanto desejo de matar alguém antes como estou sentindo agora – Ela sorri, enquanto direciona sua adaga um pouco mais a baixo.

Não paro de olha-la, o que a deixa desconfortável, pois Raven se levanta e começa a andar lentamente em volta da cadeira.

– Acho que talvez tenhamos isso em comum, meu amor. 

– Pare de me chamar assim Loki.

– Te irrita, então eu não vou parar, meu amor. – Ela para de andar, volta seu olhar a mim e consigo notar sua raiva.

Raven se aproxima, até seu nariz roçar minha testa, consigo ouvir sua respiração tremula de ódio. Ela deposita o peso de sua perna esquerda entre as minhas pernas e solta uma risada.

– O que ganha com isso Loki? Em me entregar para Shield?

– Não importa. – Abro um sorriso de canto, e Raven revira os olhos.

– Está tão obcecado por mim ao ponto de decidir me capturar por diversão? Vamos jogar as cartas corretamente, trapaceiro, te prometeram algo em troca, não foi?

Solto um suspiro, estou ficando sem paciência, mas para isso funcionar, preciso entrar no joguinho dela.

– Você está certa, meu amor. Me prometeram liberdade, estou preso em Asgard desde o ataque de Nova York, acho que sabe disso. –Digo, e de repente lembro de quando Raven me disse que torceu por mim nessa época, e não para os vingadores. Não faço a mínima ideia se isso é real, mas uma onda quente de desconforto me atinge.

Subitamente, não consigo mais decidir se quero realmente seguir com meu plano de trai-la.

– Ouvi rumores. –Raven confirma.

– E enquanto a você, Raven? Por que fugiu da Hydra? –Ela se enrijece, consigo ouvir sua respiração tremula por conta da proximidade.

– Não que seja da sua conta, mas como você me contou alguma coisa, seria injusto não contar alguma coisa também. – Ela sorri, e me pego observando seu sorriso. Desvio o olhar para baixo. – Com toda certeza Nick fury te disse que sou uma assassina que serve a Hydra, o que não é totalmente mentira. Mas eles acham que tudo o que fiz foi por vontade própria.

Ela se cala, tira sua perna da cadeira e se senta em um pufe um pouco longe de onde estou, dificultando sustentar meu olhar a ela, por conta da ausência de luz e distancia.  

E por conta disso, ela não consegue notar que já consegui soltar minhas mãos enquanto a ouvia falar sobre um assunto difícil.

Não sou tolo, tenho tamanha consciência de que forçar Raven a falar de seu passado é o que a torna vulnerável, percebi isso quando a mesma machucou sua perna e perguntei a ela sobre a menina que foi atrás dela. Seu desespero é tanto para esconder seus pontos fracos e provar a si mesma ser alguém forte, que acabou esquecendo da parte mais importante.

Afundar seu passado até você mesmo duvidar dele. 

VOLTEIII
me desculpem mesmo por estar escrevendo um cap por mês, mas eu prometo que agora eu volto e só vou embora quando a fic acabar!!
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