Um silêncio desagradável se espalha pelo ambiente assim que eu me sento do outro lado da sala. Pisco meus olhos desesperadamente na esperança de evitar as lágrimas.
Eu estou livre, estou livre, repito para mim mesma, não estou mais presa, ninguém tem posse sobre mim agora.
Mas por que não consigo me sentir assim?
Verifico meus pulsos e meu pescoço em movimentos bruscos. Nada.
Solto o ar que nem reparei que estava segurando. Não estou mais na Hydra. Repito para mim novamente. Mas não é o suficiente.Fecho os olhos, a mesma cena que sempre amedronta os meus sonhos a noite reaparece. Os abro novamente em um sobressalto. Tento controlar minha respiração, 1,2,3, conto em minha mente, 1, inspira, 2, expira, 3, não foi minha culpa.
Repito esse passo a passo quatro vezes antes de finalmente me levantar.E é ai, que quase caio sentada novamente.
Loki está parado a apenas alguns centímetros de mim. Fitando-me com um olhar que envolve, ódio, sucesso e talvez bem lá no fundo.. pena.
pena. O sentimento que eu mais odeio em toda a minha vida. O sentimento que eu fiquei distante a minha vida toda, o sentimento que aprendi a evitar pois sabia que ninguém nunca poderia sentir isso por mim, e mesmo se sentisse, seria falso.
E eu sei que seu olhar de pena faz parte do seu plano em que acabei de cair.Não pergunto como, como ele conseguiu escapar de minha ilusão, mas não preciso de respostas. Usei seu próprio truque contra ele e pensei que talvez não iria perceber, mas ele percebeu. Não tenho nem tempo de pegar minha adaga no chão antes dele segurar meu pulso com toda sua força.
O bile sobe pela minha garganta, eu não posso aguentar isso.
Tento puxar meu braço, mas ele o aperta mais ainda. Eu poderia apenas o derrubar com um golpe, porém ele pegou minha adaga e agora a está segurando com a outra mão, de forma que pode me esfaquear na barriga se eu me mexer.
– Acho que venci dessa vez, meu amor – Ele abre um sorriso que me deixa com náuseas. – Achou mesmo que eu não iria perceber seu truque? Eu cresci com ilusão, raven, foi ingênua em pensar que saberia mais do que eu.
Pontos pretos invadem minha visão, de repente me sinto tremula e surda.
Consigo pensar somente em sua mão em meu pulso.
E ele percebe.
– Raven? – Ele pergunta.
– Só.. me solta. – Consigo falar entre arfadas. – Eu juro que não vou tentar te enganar.
Ele me lança um olhar preocupado, preocupação que eu não esperava receber dele. Afrouxa um pouco sua mão em meu pulso e apenas pergunta:
– O que realmente aconteceu na Hydra?
E eu sinto que vou desmaiar.
– Por que se importa?
Um silencio ensurdecedor se instala entre nós, dura o que parece ser uma eternidade, mas na verdade se passa apenas alguns segundos.
– Apenas fale. – Ele diz.
– Solte o meu pulso. – Falo.
Então, ele finalmente parece notar que estava apertando o meu braço. Assim que sinto o meu pulso livre novamente, o verifico com a minha outra mão.
– O que aconteceu com os seus pulsos? – Ele me fita novamente, e percebe minha mão fazendo movimentos circulares em meu pescoço. – E com seu pescoço?
Solto um suspiro, não terei outra alternativa agora, loki sabe meu ponto fraco e vai se aproveitar disso se eu não falar o que quer ouvir.
Por esse motivo, odiando cada movimento que faço até o pufe onde estava minutos atrás, me sento e loki se senta a minha frente.
– Não sei o que vai ganhar ouvindo isso loki.
– Eu quero saber, minha curiosidade não basta? – Ele abre um sorriso de canto, um sorriso um tanto acolhedor.
– Olha, eu sei que você provavelmente vai usar isso para me humilhar depois e... – Falo, mas sou interrompida.
– Eu posso ser muitas coisas, Raven, mas não vou usar algo do seu passado contra você. – Ele fala, e por algum motivo desconhecido, eu me permito acreditar nele.
Respiro fundo, meus olhos ardem e minhas mãos estão tremendo, nunca falei sobre a hydra com ninguém, muito menos para alguém que quer me matar.
– Eu nunca contei sobre isso para ninguém, loki.
– Pode contar para mim, eu não vou te julgar por nada, nem te interromper até você terminar.
Sinto um nó se formando em meu estômago, não tenho a mínima ideia do por que estou me abrindo assim e do por que tem que ser justamente para ele, mas uma parte de mim quer falar, e isso me assusta.
– A shield não mentiu ao dizer que eu sou uma assassina que serve a hydra, e nick fury não está errado ao falar que eu matei agentes dele. Eu sou e fiz tudo isso, mas não fiz por vontade própria. – Minha voz embarga, mas me forço a continuar. – Eu fui sequestrada por agentes da hydra quando tinha 12 anos, aos 13, eu já recebia ordens para matar.
– O que acontecia se você não matasse? – Loki pergunta, o que me assusta um pouco. Não consigo entender o por que ele insiste em saber sobre mim. Respiro fundo e continuo:
– Digamos que eles tinham alguns métodos para me forçar a fazer algo. Me bater era um deles. – Sinto uma vontade repentina de vomitar ao terminar de falar.
Não consigo mais controlar minhas mãos. Ela tremem, e meu joelho também.
– Então.. raven, está me dizendo que aquele verme do nick fury me mandou entregar você pra shield por algo que você não teve culpa? – Loki fala, sua voz carregada com um ódio notável.
– Eu tive culpa sim, loki.
– Não, você não..
– Sim, eu tive. – Falo, o interrompendo de terminar a frase. – Eu fui covarde, acabei com vidas inocentes só pra não receber uma surra.
– Raven, eu já conheci milhares de pessoas covardes, mas pode ter certeza que você não é uma delas. – Ele diz, se inclinando para frente até estar próximo de mim. – Não foi sua culpa.
Acabo de escutar o que sempre quis escutar de alguém a minha vida inteira. Uma lágrima silenciosa escorre pela minha bochecha.
– Como pode ter tanta certeza? – Pergunto, com a voz abafada, quase um sussurro.
– Eu tenho certeza, garota mortal. – Eu e ele soltamos uma breve risada por conta do apelido. – Mas você ainda não me contou como conseguiu essas marcas. – Loki fala, apontando discretamente para meu pulso onde sua mão se encontrava antes.
– Para conter meus poderes, eles colocavam um colar colado no meu pescoço, e para me deixar fraca, duas algemas em formato de pulseiras nos meus pulsos. Os dois continham uma coisa chamada pedra silenciosa. – A lembrança indesejável volta, e preciso checar meus pontos fracos novamente.
– Machucava? – Ele pergunta, sua voz demora um pouco para fazer sentido em minha cabeça, mas assim que consigo formular as palavras, falo:
– Eu fiquei com eles por 4 anos seguidos, e em todos eles, me sentia como se estivesse me afogando todas as noites. O colar era o pior.
Loki me olha fixamente nos olhos, então, como se o tempo desacelerase, vejo sua mão se aproximando do meu joelho. Ele o aperta, em um gesto reconfortante, para fazê-lo parar de tremer. E funciona.
Ele não diz um: sinto muito. Ele não diz a palavra que evitei minha vida toda. E isso significa o mundo para mim. Outra lágrima cai sobre minha bochecha, mas dessa vez, com um gesto quase imperceptível, loki a limpa com seu dedo.
Evito ao máximo a sensação de me afastar. Toque físico nunca foi algo agradável para mim, penso em dizer isso pra ele, mas já foi demais por uma noite. Penso em sussurrar um muito obrigada, mas decido não quebrar o silêncio reconfortante que se formou entre nós.E pela primeira vez a anos, eu sinto como se isso fosse o suficiente.
Não se esqueçam de votar!!
comentem para mim não me sentir sozinha 👍🏻👍🏻
amo vcs!!!!!!
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AMOR E TRAPAÇA | LOKI
Romance[ "Quem.. quem fez isso com você?" "Por que se importa tanto, principezinho?" ] Para pagar pelos seus crimes, Loki estava condenado a viver pelo resto de seus dias nas masmorras de Asgard. Em uma ironia do destino, os vingadores precisam de sua aju...