Capítulo 1 - Y soy Rebelde

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Giovanna Grigio P.O.V

  O dia simplesmente não estava legal. A Lei de Murphy tinha se mostrado uma grande verdade hoje, tudo o que poderia dar errado realmente deu. E isso incluía o atraso do meu voo por causa da chuva, que mais parecia o início de um dilúvio, caindo em São Paulo.

  Pode estar parecendo um grande drama da minha parte, mas acredite, não era. Eu estava prestes a embarcar rumo à cidade do México onde eu ficaria por um ano, gravando um reboot da febre Latina que foi "Rebelde", o que era incrível por si só. Mas além da alegria de ter sido escalada para um papel na série, havia o peso de deixar família, amigos e namorado para trás. Minha família me deu total apoio, minha mãe fazia esforços diários para não espalhar por aí que a filha ia fazer uma nova versão de Rebelde e meu pai estava muito orgulhoso da minha nova fase. Meus amigos e eu tínhamos enchido a cara em comemoração várias vezes e meu namorado tinha se mostrado feliz por mim.
 
  Tínhamos saído na noite passada, já que seria a nossa última noite juntos por um tempo indeterminado e tinha tudo corrido bem. Rafael era um cara legal, nos dávamos bem em vários aspectos. Só tinha um problema, ele tinha surtado quando eu sugeri abrir o nosso relacionamento enquanto eu estivesse fora. Muitos motivos me levaram a sugerir isso, como por exemplo o fato de nós dois termos uma vida sexual tão ativa que tínhamos medo de apenas ligações fossem nos satisfazer. Claro que a falta de sexo não era o único motivo, havia também o fato de sermos pessoas muito afetivas fisicamente e isso definitivamente não poderia ser resolvido com chamadas de vídeo. Todavia, o que Rafael escutou era que eu não confiava nele e que iria aproveitar para dormir com todos os mexicanos e mexicanas que eu conhecesse. Brigamos feio e eu voltei sozinha para casa, me perguntando se ele ainda apareceria para me deixar no aeroporto.

  Agora chegamos ao porquê de Murphy ser um filho da puta. Fato 1) Eu acordei atrasada; Fato 2)Rafael não apareceu para me buscar; Fato 3) Estava chovendo pra caralho, e por fim; Fato 4) Eu deixei meu celular cair na escada do meu (agora oficialmente) ex prédio e agora a tela parecia uma teia de aranha.
Por fim, depois de uma ligação desesperada, minha mãe tinha conseguido me deixar no aeroporto e agora estávamos agarradas num banco esperando aquela droga de avião. Enquanto o idiota do meu namorado nem ao menos me ligou. Eu realmente gostava do Rafael e gostava da sensação de conforto que o nosso namoro me trazia, mas às vezes parecia que ele ignorava quem éramos.

  "Cadê o seu namorado?" Como se lesse meus pensamentos, minha mãe pergunta. "Não vem se despedir?"

  "Ugh, não quero falar sobre ele." A verdade é: não estou a fim de explicar à minha mãe ,que não é nenhuma fã do meu namorado, os motivos para ele não estar aqui se despedindo da namorada que irá passar um ano fora.

  "Só saiba que você pode terminar com ele, filha." Minha mãe suspira. Sei que ela não quis dizer isso como um incentivo, minha mãe confia nas minhas decisões apesar de tudo, a fala dela é só um lembrete de que eu sou livre, tendo um namorado ou não.

  "Eu sei, mãe." É tudo o que digo.

  Ficamos ali mais um tempo, conversando amenidades até que meu voo seja chamado. Quando isso acontece, viramos um emaranhado de braços, lágrimas e suspiros de saudades.
É só quando me sento na poltrona do avião que a ficha caí: eu, Giovanna Grigio, estou indo passar um ano fora no México.

***

  Desembarcar na cidade do México me dá um pouco de medo, como se ao pisar naquele território soltasse de uma vez toda a pressão de ser a única brasileira no elenco, ainda tentando falar espanhol fluentemente caísse sobre meus ombros. Internamente repito que vai dar tudo certo, porque estar aqui vai abrir várias oportunidades para minha carreira, sem falar que poderei conhecer novos lugares e pessoas, o que eu particularmente amo.
Assim que saio da sala de desembarque procuro por Alejandro, um colega de elenco com quem mantive contato desde que tudo foi arranjado. Ale tinha se tornado um grande amigo nos últimos meses, o moreno era um ser humano extremamente amável, mesmo que nunca tenhamos nos visto pessoalmente ele já se mostrava uma pessoa calorosa pelas mensagens e ligações que trocamos pelo menos uma vez na semana.

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