Capítulo 28 - Sparks

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Giovanna Grigio P.O.V

  Os dias no Brasil foram seguindo sem acontecimentos atípicos, Selene e eu estávamos vivendo nosso namoro em praias cariocas, rodas de pagode e barzinhos com música ao vivo, por vezes quase esquecendo que éramos figuras públicas. E tudo estava tão bom que nem sequer percebemos que nossas férias estavam acabando, quando percebi eu já estava no aeroporto me despedindo do meu pai enquanto Selene e minha mãe se mantinham abraçadas. O choro corria livre nas bochechas do meu pai, assim como nas minhas.

  "Prometa que vai tomar cuidado, Gigi." O homem pedia.

  "Pai, você sabe que eu já vivo lá há alguns meses, né?" Pergunto rindo em meio ao choro.

  "Sei, mas é impossível não pedir." Ele ralha.

  "Ela cresceu, Marcelo." Minha mãe interrompe me envolvendo no que deve ser o décimo abraço do dia. Selene espera pacientemente ao meu lado.

  "Ainda parece que ela tem 5 anos." Ele insiste. "Cuide bem dela, ouviu Selene?" Completa em tom de ameaça e minha namorada assente com a cabeça em concordância.

  Quando o último chamado para o voo com destino ao México soa nos alto-falantes do aeroporto, a despedida se torna oficial de vez. Quem visse a cena de longe não imaginaria que eu estava indo embora pela segunda vez, especialmente quando a feição amuada tomou conta do meu rosto.

  "Daqui 6 meses pode voltar de novo, amor." Selene consola passando um braço ao redor dos meus ombros enquanto aguardamos na fila do embarque, deito minha cabeça no ombro dela e murmuro algo em concordância.

  Selene tentou me animar a todo custo na viagem de volta, ela conseguiu quando disse que gostou muito de pagode e agora entendia todo o meu auê com pagode. Aproveitamos para ver todas as fotos que tiramos juntas e separadas na viagem ao Rio, e eu preciso dizer que eu estava obcecada pela sensibilidade de Selene ao fotografar. Tinham várias fotos minhas que eu nem sequer sabia que ela tinha tirado.

  Horas de voo depois, finalmente chegamos no nosso prédio e bastou uma troca de olhares para decidirmos que definitivamente não iríamos nos separar para dormir e por isso Selene acabou largando as malas na sala da minha casa mesmo. Parecia estranhamente familiar eu organizar minhas coisas no armário enquanto Selene cuidava do jantar, por um segundo me peguei pensando se um dia eu arrumaria as coisas dela no meu armário também. Me gerava uma calmaria e alento absurdo pensar em como seriam as roupas monocromáticas da minha namorada alinhadas ao lado das minhas peças coloridas dentro de um armário.

  "O jantar está pronto, amor." Selene me tira dos meus pensamentos, posicionando a cabeça na soleira da porta. Vendo minha postura distraída com uma camiseta nas mãos, ela logo pergunta. "Tudo bem aí?" Se aproxima deixando um beijo na minha bochecha.

  "Tudo sim. Estava só pensando." Respondo largando a camisa em algum lugar do armário e envolvendo meus braços no pescoço da mexicana.

  "Eu posso saber em que exatamente você estava pensando?" Ela pergunta me abraçando pela cintura.

  "Em como seria organizar as suas roupas do lado das minhas num armário." Solto casualmente.

  "Isso é um tipo de pedido para morar juntas?" Selene tem o cenho franzido numa expressão travessa, como se também estivesse imaginando a vida a dois.

  "Talvez..." Jogo no ar me afastando dela e voltando a organizar minhas coisas.

  "Você ama deixar um mistério no ar, Grigio." Selene murmura saindo do quarto.

  "O mistério cativa as relações, bebê." Rebato num tom de voz mais alto para que ela possa me ouvir da cozinha e ouço o som de sua risada.

  Naquela noite a calmaria foi o que regou a nossa refeição, isso e o barulho mais que agradável de Selene rindo pelas minhas piadas idiotas ou dela ressonando baixinho enquanto me envolvia naquela conchinha pra lá de gostosa na qual adormecemos. Eu só não sabia que essa calmaria estava com prazo de validade.

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