Os setes desejos - Gerson Santos

EXTRA 2 - vá ao meu túmulo e diga tudo o que quiser

- Gerson Santos, me recuso a falar seu nome completo quando ele não está escrito em seu túmulo. Há alguns meses eu estava nessa mesma posição, chorando compulsivamente sua perda. Nunca na minha vida imaginei viver sem você depois que nos reencontramos, mas cá estou eu, criando o nosso filho e fazendo tudo o que posso para ver o sorriso de Giovanna e fazer seus olhos brilharem de alegria.

"Me recuso a pensar na última imagem que tive de você, deitado na cama de hospital sem vida ou na do seu caixão, quando cai de joelhos quando percebi que era real. Que você tinha ido embora, que tinha me deixado sozinha. A sua última imagem para mim é daquele sorriso tão brilhante que me cegava, quando você disse que iria comprar algumas flores para me presentear, mas nem você nem as flores sobreviveram ao impacto doloroso."

"Achei que você sobreviveria, sim, você sempre disse que era difícil de ser derrubado, mas aquele acidente me provou uma coisa: não importa se somos jovens ou velhos, maduros ou não, solteiros ou casados, empregados ou desempregados, o que importa é se vivemos o suficiente para espalhar a alegria e por mais que me doa, percebo que você viver muito, que você conquistou demais e que espalhou sua energia positiva do mesmo jeito que entrou em meu coração."

"Quando penso em você sempre vejo as malditas flores do jardim da sua casa, porque sempre lembro que você saiu para comprar a flor que faltava nele e nunca voltou para me contar como o vendedor se chocou em ver você ou como ele se negou a acreditar que Gerson Santos, o grande jogador do flamengo, estava na sua frente, em carne e osso."

"Temos um filho agora, sabia? Dei a ele o nome de Matteo e acho que nunca me senti tão feliz por ter um bebê em meus braços quanto no dia em que ele nasceu. Não preciso falar muito dele, sei que você sempre cuidará dele de onde quer que esteja e agora, depois de tanto tempo, entendo que você se foi e que todos nós iremos embora um dia."

- Obrigada por me fazer entender isso. E obrigada por cada bom momento que vivemos. - Ayana disse, terminado sua última fala das tantas que disse naquele dia. Colocou a única coisa que trouxe com ela sob o túmulo, passando os dedos sobre a foto dele mais uma vez.

Se virou, sentindo que finalmente poderia respeitar.

Finalmente, sentiu as lágrimas caindo. E sentiu também que ninguém jamais entenderia o significado da rosa vermelha que havia deixado ali.