UM - viaje com Giovanna por mim

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Quando Ayana era criança, dizia a mãe que seria uma mulher de muita influência no futuro, que quebraria tabus relacionados as mulheres, mas principalmente, às mulheres negras.

Sua mãe, de uma família humilde, sempre a fez ter a visão "pé no chão". A mulher sempre disse para ela que se quisesse algo, teria de ir atrás, usando meu próprio esforço, porque ela não poderia dar para Ayana o que ela gostaria de fornecer.

Ayana sempre viu a mãe como uma fonte de energia. Se ficasse uma hora com a mãe, em casa, só conversando, iria recarregar todas as baterias que havia gastado, seja no dia, na semana ou no mês.

Mas o que mais dói nela é saber que sua mãe faleceu antes que visse tudo o que ela conseguiu; que conhecesse Gerson não como amigo dela, mas sim como namorado, noivo e futuro marido; que soubesse que todos os esforços que as duas fizeram valeu muito a pena; que pudesse ver a forma que Ayana conseguiu se manter forte com todas as desgraças que aconteceram.

- Dinda, o que vamos fazer agora? - a voz de Giovanna a tirou de seus pensamentos. A adolescente já puxava suas duas malas para a sala, onde Ayana a esperava.

A mais velha suspirou, levantando-se do sofá.

- Vamos viajar, Gio. - ela disse, abrindo a porta da casa, onde seu irmão mais velho esperava ambas para que as levasse até o aeroporto. - Seu pai deixou uma lista de países aqui e disse para viajarmos para onde quisermos.

Sua afilhada sorriu.

- Ele me disse que queria viajar o mundo com você e comigo.

- Agora nós duas vamos realizar o desejo dele, ou melhor dizendo... Nós três vamos. - ela levou a mão, cautelosamente, para o abdômen.

Não teve outra reação além de sorrir quando Giovanna a abraçou com força.

-

Ayana passou o papel com o primeiro desejo de Gerson para a afilhada. Ambas já estavam sentadas em seus lugares no avião, onde o primeiro destino seria Inglaterra, a terra do Rei Charles III.

- Ele deixou uma para cada um dos desejos. - ela disse, se ajustando melhor no banco da janela. Sua barriga já havia começado a crescer um pouco, demonstrando que o neném dela e dele estava crescendo saudável. - Na minha carta ele diz que devemos viajar até onde o médico permitir que eu vá e depois que nos estivermos com seu irmão, irmos a qualquer lugar que quisermos.

Giovanna riu, passando os dedos suavemente pelo papel da carta ainda lacrada.

- Ele realmente pensou em tudo. - abriu a carta com um puxão. - Quero guardar tudo o que me resta dele. - puxou a carta para o peito. - Até mesmo a carta.

Ayana pegou a mão dela na sua.

- Seu pai te amava muito. Ele estaria orgulhoso de você. - pausa. - Agora... Inglaterra, hein? Eu sempre escutei você falando que queria conhecer os pontos turísticos do lugar... Mesmo que eu não compactue com eles, não posso deixar de elogiar a estrutura de tudo lá. Liverpool, Manchester, Londres, todos são lindos.

- Sim, eu sempre amei as coisas de lá. Você sabe os lugares que a gente vai? - a garota perguntou, apertando sua mão em resposta.

Ayana sorriu.

- Sim. Primeiro é no museu, depois no Palácio de Buckingham e em outros lugares da família real. Depois a gente vai nas lojas e procura o que quiser, sabe por que? Porque somos duas pessoas F-L-U-E-N-T-E-S. Shoppings ou qualquer outro lugar que você quiser ir. Seu pai também me disse na carta que queria que fossemos em ambos os estádios de Manchester e Liverpool.

Os setes desejos - Gerson SantosOnde histórias criam vida. Descubra agora