SETE - siga em frente com as nossas crianças

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Ayana riu, segurando o pequeno Matteo em seus braços enquanto ambos nadavam na piscina de casa. Giovanna aproveitou a oportunidade e estava dando saltos e escorregando, fazendo o bebê rir loucamente.

Matteo, no auge dos agora sete meses, virou um bebê risonho. As férias com ele e Giovanna passaram mais rápido do que ela pensou ser possível. Era dia 09 de fevereiro de 2029 e o ano não poderia ter começando melhor.

O buraco que Gerson deixou em seu peito ainda persistia, mas a nova pessoa em sua vida melhorou tudo. Stephen Curry sempre foi um homem famoso e ele também tinha não um, má três filhos, diferente de Ayana que ficou famosa só depois de seus projetos de arquitetura e seu relacionamento com Gerson.

Lembra da conversa que difícil que teve com o jogador de basquete, tentando expressar seu sentimentos a ele, demorando o que pareceu uma eternidade para conseguir dizer a ele que estava apaixonada e que nada no mundo mudaria isso.

Lembra de ter, naquele mesmo dia, encontrando um papel amassado dentro de sua penteadeira com as letras dele: os amores são profundos, você sabe, por isso existem vários deles, mas acho que você merece um novo.

Ayana colocou aquele pequeno papel sobre o peito e o embalou como se fosse uma jóia preciosa. No mesmo dia, convidou Stephen para passar o resto das férias ali e mostrou a Giovanna o recado, observando os olhos da garota se iluminarem.

Não tinha assumido o relacionamento, não, mas estavam conversando diariamente sobre o que achavam melhor fazer no meio de toda a situação delicada que Ayana se encontrava.

Por isso, o homem e seus três filhos estava ali, também rindo das travessuras da adolescente. Giovanna havia aprendido inglês desde pequena, então não era uma dificuldade para ela se expressar com os estrangeiros. Stephen e crianças também se adaptaram ao português e estavam aprendendo aos poucos a língua portuguesa.

O homem a contou que passou por coisas parecidas com as dela, afinal sua primeira esposa haviam falecido de câncer, jovem demais, ele disse para ela.

Duas almas que perderam grandes amores, amores que deixaram para trás filhos e filhas e que agora juntaram os cacos e concertaram o coração aos poucos.

Não, ela não havia se livrado das coisas de Gerson, e sim, ela ainda fazia questão de ir em uma psicóloga sempre que tinha a chance.

O jogador de futebol sempre faria parte de sua vida, isso era claro, seja com Giovanna, com Matteo ou com o quarto com as coisas dele, ela nunca poderia o esquecer e não queria esquecer.

O Gerson que ela se lembraria não seria aquele depressivo, o Gerson que escreveu os diários, mas sim o homem que segurou sua mão no enterro de sua mãe, que a confortou quando ela estava com medo, que afugentou os pesadelos quando parecia impossível. Gerson sempre seria a luz dela, aquele que ela sempre procuraria encontrar nos piores momentos.

E Stephen sabia disso e entendia. Assim como ela o entendia, porque sabia que ele pensava o mesmo sobre a falecida esposa, sabia que ele se lembraria dela feliz e não desgastada pela quimioterapia.

Enquanto olhava para aquelas crianças, Ayana prometeu a si mesma que faria tudo o que estivesse em seu alcance para fazê-las felizes.

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- Eu tenho um ideia. - ela disse, quebrando o silêncio confortável que ela e Stephan estabeleceram no banheiro. - Talvez pudéssemos passar a temporada dos seus jogos lá, nos Estados Unidos e as férias aqui e alternar, é claro. Eu não ficaria lá sempre, viria para cá com Giovanna e Matteo, não os quero deixar longe da família deles.

Stephan passou as mãos grandes pelos seus ombros, ensaboando-os. A banheira ainda estava morna, fazendo aquele abraço deles ser lento e saboroso.

- Podemos fazer assim, se é melhor para você. As crianças passam algum tempo com os avós e como eu tenho vários jogos, não acho justo você ficar sozinha aqui.

- Conversei com Gi e ela disse que quer continuar estudando aqui, mas que ela acha que será bom para mim sair do país e ficar com você. - Ayana disse, suspirando e relaxando com a leve carícia dele. - Conversei com o pai de Gerson e ele disse que me apoia, que sabe que eu amei o menino dele e que ainda continuou amando, mas que as mudanças sempre ocorrem.

Ayana chorou litros conversando com o ex sogro. Ela e ele choraram por Gerson e por tudo o que aquele garoto promissor poderia ter vivido se não tivesse ido embora tão cedo. Marcos disse que ela precisava viver a vida e que Giovanna sempre poderia visitá-la nas férias, assim como Matteo.

Nunca pensou que seria tão grata pelo ex sogro como foi naquele dia, em como ele foi compreensivo.

Giovanna também foi, tendo a mesma personalidade do pai, disse que ela sempre será a madrinha dela e que elas sempre poderiam fazer ligações uma para a outra, assim como visitas.

Mas antes disso, Ayana precisa fazer algo. Os últimos pedidos de Gerson a aguardavam dentro do quadro com a foto deles. Percebeu isso quando tirou a foto para lavar o vidro.

Gerson sempre a surpreenderia e dessa vez não seria diferente.

Os setes desejos - Gerson SantosOnde histórias criam vida. Descubra agora