casa cheia

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Eu estou sentado do lado da Luna e então vejo ela abrindo os olhos devagar
Eu me levanto, ela me olha e coloca a uma mão na boca e a outra no peito
Ela parece encomendada com o tubo

- Ei espera, não tira, vou chamar o enfermeiro

O enfermeiro me acompanha e vem tirar o tubo dela
- Oi mocinha, tudo bem, agora você vai respirar sozinha, tá?
Ele diz enquanto tira gentilmente o tubo
Ela tosse algumas vezes
- Vou avisar o Doutor que você acordou, já retorno.
Ele sai e nos deixa sozinhos
- Billy
Ela diz bem baixinho e eu me aproximo dela e seguro sua mão
- Tá tudo bem, eu tô aqui, você engoliu um pouco de água mas eles drenaram tudo, você vai ficar bem agora
Ela olha nossas mãos enfaixadas
- Ah os espinhos cortaram nossas mãos..
O Doutor entra no quarto
- Olá Luna. Bem vinda de volta
- Oi
- Então você precisou de uma drenagem, nos tiramos quase setecentos ml's de água dos seus pulmões, bastante água, por isso você vai ficar em observação hoje ainda. Mas amanhã se estiver se sentindo bem e nos liberarmos poderá ir para casa, seu pé teve um corte de cinco centímetros, um pouco profundo precisou de seis pontos, a sua mão esquerda está arranhada mas nada grave, já sua mão direita teve um corte profundo na palma da mão, mas não chegou danificar nenhum tendão, você levou oito pontos na mão, precisa cuidar deles, a enfermeira vem mais tarde trocar seus curativos e já vai lhe explicar como limpar, os remédios vou te passar certinho os horários e o nome de qual precisará tomar quando te liberarmos, alguma dúvida?

Ela me olha e aponta para minhas mãos
- O William teve cortes leves nas palmas das mãos também, mas não precisou de pontos.

Ela da um sorriso fraco
- Mas alguma coisa?
- Eu não posso mesmo ir embora hoje?
- Infelizmente não, mas você pode ligar para alguém trazer roupas para você, ou se o William quiser, ele pode também, para você tomar um banho e se sentir mais confortável.

Ela acena com a cabeça e o Doutor se retira

- Billy você não falou nada para minha mãe né?

Eu me viro com um sorriso sem graça no rosto
- Ela é sua mãe Luna
- Não precisava preocupar ela Billy
- Você ficou três horas apagada, eles tiraram quase um litro de água do seu pulmão, ela é sua mãe
- Mais alguém sabe?
- A Robin, ela te ligou e o enfermeiro atendeu, ele passou para mim e eu tive que explicar..
- A essa hora todo mundo já deve saber
- Bom, mas ninguém vai te pertubar aqui. Eu não disse em qual hospital estávamos. Só para sua mãe, ela ficou aqui com você mas eu disse que ela podia ir embora descansar que eu dava notícias...
- Vai avisar ela?
- Se você quiser..
- Quero ficar mais um pouco sozinha com você

Eu concordo com a cabeça e me sento na lateral da maca
- Quem te ajudou?
- Eu não conheço, eles estavam fazendo trilha por perto, me viram mergulhando e voltando, acharam que eu estava me afogando, ofereceram ajuda, que bom que se lembra das coisas
- Teria risco de não?
- O médico disse que por falta oxigênio no cérebro, poderia ter sequelas
- Não. Tudo normal
- Fico aliviado... Me desculpa te levar lá..
- Billy, você não poderia saber
- Eu queria te dar um dia incrível
- Eu tive um dia incrível, não é sempre que se morre e volta

Eu lhe dou um empurrãozinho no braço
- Nem faz piada, eu quase morri de preocupação quando você apagou
- Não tem nada do outro lado
- Não viu nenhuma luz?
- Não. Só tudo apagado e silêncio
- Mas.. você andava no silêncio e escuro?
- Não. Eu só não existia, não tem nada.
- Mas agora que acordou, recuperou a consciência rápido ou está voltando aos poucos?
- Não, agora eu sei exatamente tudo. Quantos anos, qual minha música favorita, nome das pessoas, quem são.. tudo normal.
- Estranho né?.. Só de pensa em não te ter mais... Eu me culpo tanto...

Ela segura com força minha mão
- Podia ser com você Billy, não tinha como prever..
Eu lhe dou um sorriso e ela olha para o lado e vê seu celular em cima do balcão
- Quer que eu chame sua mãe?
- Sim, uma hora vou ter que enfrentar isso né?, Ela não ficou brava com você?
- Não. Ela disse para eu não me culpar

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