PRÓLOGO: ESTAMOS COM ELA

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"Somos vãos e cegosOdeio quando as pessoas não são educadasAssassino psicótico, o que é isso?"

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"Somos vãos e cegos
Odeio quando as pessoas não são educadas
Assassino psicótico, o que é isso?". — Psycho Killer (Talking Heads)

Quatro anos antes

Ouvir o estalo de um osso quebrando era o único som que poderia me relaxar.

Minha visão estava turva, tudo girava, causando ânsia e fazendo a bile subir a boca. O coração acelerava, meu corpo suava, sentindo o líquido pegajoso escorrer pelos meus cabelos, testa, e gotejar na calça, molhando também a camiseta social branca, transparente atrás; arrepios percorriam o meu corpo com tecido colado.

Não sabia se tudo isso era efeito das tequilas, da cocaína, do LSD ou da falta de uma certa pessoa em minha vida, talvez de todos.

Aquela balada estava mais escura do que o normal, formando sombras nos cantos, e a maldita batida alta da música não me permitiria ouvir nada além dos meus próprios pensamentos. A luz neon e vermelha deixava tudo mais sensual, refletia nos corpos seminus na minha frente, fazendo a carne parecer comestível, saciável; e eu olhava aquelas mulheres dançando e me perguntava onde ela estava.

Onde estava a minha gatinha?

Comecei a rir freneticamente sentado no sofá de couro preto quando me lembrei como ela detestava esse apelido, como tinha me pedido várias vezes brava para que eu não chamasse ela assim. E como Katherine Bennett ficava linda, perfeita, com aquelas sobrancelhas juntas e expressão fechada.

"Não me chame assim, eu sou um animal por acaso?". E eu ri mais e mais, era o contrário disso, ela era um anjo. Mas estar comigo estava destruindo ela, estava deixando tudo cada vez mais perigoso, afinal, você não namora o filho do traficante de uma pequena cidade e saí ilesa, certo? Muito menos ao se relacionar com o herdeiro de uma máfia.

Eu, por acaso, sou os dois.

Levantei e fui pegar mais um drink no bar, minhas pernas bambearam, o mundo girou mais e eu sorri. Ficar sóbrio estava fora de questão há dias. Retomei a postura e continuei.

A moça do balcão me serviu e deu uma piscadela, isso era comum, mas ela ainda me passou o telefone dela com um guardanapo, sorri de lado, peguei minha bebida e, enquanto voltava para a pista com os três postes de pole dance, comecei a amassar o papel.

Eu sempre soube que poderia ter muitas, mas a única que eu queria não era do meu mundo. Ela não fazia parte daquilo, não era violenta, viciada ou perdida. Pelo contrário, Katherine era gentil, doce e empática, sabia se impor quando necessário, mas nunca era grossa, rude ou até mesmo violenta. Ela era uma donzela indefesa que eu desejava salvar.

Comecei a virar o copo de vodca como se não houvesse amanhã, e não haveria, sem Katherine não haveria mais nada no meu mundo pelo qual eu realmente me importasse. Sentei-me de novo no sofá e comecei a olhar uma das dançarinas que me encarava, ela deslizava a perna e girava com facilidade naquele poste que brilhava, ora prata, ora vermelho conforme a luz passava.

Starboy [+18] || degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora