CAPÍTULO VIII: O DEMÔNIO ENCARNADO

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⚠️ Esse capítulo contém cenas e descrições de violência e tortura explícitas ⚠️

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⚠️ Esse capítulo contém cenas e descrições de violência e tortura explícitas ⚠️

"Solte essas correntes, meu amigo
Eu mostrarei a raiva que tenho escondido
Perece o sacramento
Engolido, mas nada está perdoado" — The Devil In I (Slipknot)

Quatro anos antes

Era como entrar no inferno.

Nenhuma luz, o ar difícil de respirar, a poeira enchendo o nariz e me fazendo coçar. A cada degrau, eu sentia minhas pernas tremendo, parecia que veria o pior de tudo em instantes. Odiava aquele lugar, o porão de casa era fedido e úmido devido às infiltrações que Jaime se recusava a consertar, a putrefação da madeira, o som do gotejar a distância, a forma como tudo parecia de décadas atrás me fazia pensar que eu entrava em um mundo novo.

Apenas uma luz fraca no centro iluminava o pequeno cômodo, dando ênfase ao centro do lugar, mas com meus três tios, Jaime e eu ali, tudo ficou menor ainda. Sufocante. Olhei e no centro estava John Star, amarrado em uma cadeira, com as mãos para trás, imobilizado, gordo como era mal cabia naquela cadeira minúscula de madeira que parecia prestes a desabar. Notei que seu corpo inteiro estava manchado de vermelho escarlate mas o que me fez arregalar os olhos foi notar que um dos olhos estava furado, o branco quase inexistente, um buraco negro apenas, e saindo sangue, fiquei boquiaberto.

— John — falei surpreso, corri até ele e me agachei para tirar as cordas, senti o cheiro forte de podridão, tentei desamarrá-lo, mas não conseguia.

John chorava água salgada por um olho, azul que nem um céu sem nuvens, e sangue cor de vinho pelo outro preto, escorrendo por sua bochecha e manchando sua camiseta branca nos ombros. Os lábios dele tremiam, estavam molhados assim como as bochechas.

— Isso aí aconteceu porque você demorou muito, Starboy, e eu não tenho paciência para esperar — ouvi a voz de Jeff atrás de mim.

— S-s-s-into muito, C-c-ole, eu devia um favor e... — John começou a falar com a voz trêmula e com grande dificuldade em cada palavra dita.

— Está tudo bem — falei calmo, senti o círculo do cano frio na minha nuca.

— Saí daí, Starboy — ouvi Jaime falando bravo atrás de mim.

Me virei e a arma ficou bem no meio da minha testa, Jaime era o único na face da Terra que poderia me matar e ninguém iria torturá-lo ou assassiná-lo por conta disso. Bom, minha mãe certamente o mataria, acho que somente por isso Jaime ainda não tinha puxado o gatilho.

— Você só pode estar de brincadeira, seu filho da puta! — Berrei — é o John!

— É um traidor! — Jeff gritou do outro lado do cômodo minúsculo.

— Merece coisa muito pior — ouvi Jamile falar com desdém, Jack ficou somente encostado na parede olhando e em silêncio. Encarei meu pai.

— Levanta — Jaime falou nervoso — agora! — Levantei irritado, fiquei de pé, meu pai virou a arma na mão e estendeu o cabo dela para mim — agora segura e acabe logo com isso.

Starboy [+18] || degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora