CAPÍTULO IV: CÍRCULO DO INFERNO

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⚠️Esse capítulo contém cenas e descrições de estupro e abuso sexual ⚠️

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⚠️Esse capítulo contém cenas e descrições de estupro e abuso sexual ⚠️

"Sou o seu ódio
Quando você quer amor
Pague, pague o preço
Pague, pois nada é justo" — Sad But True (Metallica).

Cinco anos antes

Cheguei em casa após andar dez quadras e bati a porta com raiva ouvindo a madeira estalar, não bastava eu ter tido uma espécie de apaixonite por ele nessas últimas duas semanas, o idiota do Cole Torrio tinha me tratado hoje que nem lixo.

Estava com ódio, toda aquela paixão platônica tinha se transformado em raiva recíproca, era mais um babaca como todos. Mas, também, tudo tinha dado errado naquele dia, como se eu tivesse acordado e posto dois pés esquerdos para fora da cama. Quem tinha me dado bom dia hoje nem poderia imaginar o caos que tudo estava sendo. E o pior de tudo: era uma maldita quarta-feira.

Primeiro, acordei com meu pai me xingando por não ter limpado a casa na noite anterior, ele estava bêbado, óbvio. Fiz uma faxina por cima para tirar o grosso: a poeira, as latinhas de cerveja, as caixas de pizza acumuladas na cozinha, as manchas de só Deus sabe o que no sofá, tomei o meu café correndo e já sabia que ia me atrasar para a escola. Não deu outra.

Chegando lá, caminhando apressada no corredor, minha mãe não atendia minhas ligações, assim como fez durante as duas semanas que eu já estava fora. Em qualquer momento eu tentava entrar em contato com ela de novo. Fiquei com ódio e comecei a chorar quando ela me mandou a mensagem:

[Cintya] Não me ligue mais, sua vagabunda mentirosa! Chorei de raiva por aquilo, eu tinha ajudado ela, só que minha mãe não sabia, eu preferia a Cintya brava do que o Carl bêbado — ele é meu inferno na Terra por essas e outras questões.

Meus olhos ficaram encharcados e deixei meu celular cair sem perceber, fui pegar e o sinal tocou. Ouvi o barulho de sapatos andando pelo piso de madeira, as vozes se acentuando no corredor à medida que eu me curvava para achá-lo no chão em algum lugar. Logo vi que o aparelho rolou para debaixo do armário, revirei os olhos, então me sentei para pegá-lo.

No momento que achei o maldito celular e ia levantar, alguém tropeçou em mim, o joelho dele bateu com tudo na minha nuca, senti dor e raiva na hora. Nada podia piorar, até eu ver que tinha sido rude com o Starboy sem nem saber que era ele, não queria também pedir desculpas ou algo assim, até porque ele que tropeçou em mim. Eu poderia facilmente perdoar o orgulho dele, se ele não tivesse ferido tanto o meu*.

Sai de meus devaneios, não ia adiantar nada reviver o roteiro catastrófico daquele dia. Olhei para casa e ainda estava imunda. Desde o divórcio dos meus pais, eu tinha que limpar tudo, mas parecia que Carl tinha o incrível dom de deixar tudo um belo chiqueiro em poucas horas. Quando lembrei de meu pai, estremeci. A pior sensação é a de que não há lugar seguro no mundo, incluindo a sua própria casa. Era um ritual satânico e doentio que acontecia toda a quarta-feira, e eu já sabia o que esperar de noite. Ignorei a sujeira, fui até meu quarto e vi meu pai deitado no sofá da sala segurando enquanto dormia uma latinha de cerveja. Meu coração estava na boca.

Starboy [+18] || degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora