Refúgio

Capítulo 05

Era o dia da família do noivo ensaiar a entrada no casamento, portanto, os Bishop estavam de pé logo cedo. Para a surpresa de todos, Maya estava dispensada de seus deveres de atleta e Mason recebeu do seu pai um afago nas costas, o que não era habitual na rotina da família. De qualquer forma, todos resolveram considerar que seria um bom sinal e que o patriarca estava finalmente enxergando os seus filhos como seres sentimentais.

Para nenhuma surpresa de Carina, o seu irmão caçula era um tagarela e desde que começaram a fazer o almoço, ele contava histórias que viveu na América. Era animador ver o rapaz falar com tanta paixão, de alguma forma ele tornou os Estados Unidos a sua pátria, se desfazendo de todos os traumas que viveu na Itália.

— Vou subir, me chamem se precisar de mim. — Andrea anunciou levando um biscoito entre os dentes e saiu, deixando Carina a sós com sua mãe.

— Mamãe, preciso dizer algo. — a mais nova disse assim que o seu irmão saiu. Ela usou a pia como apoio e cruzou os braços em frente ao corpo, estava nervosa — Eu e Maya estamos tendo algo.

— Oh, bambina, isso é lindo. Como se sente? — Lucia deixou de lado os legumes que cortava e se concentrou na filha.

— Me sinto estranha, quer dizer, seremos família em alguns dias.

— Não, não pense nisso. Vocês não foram criadas como irmãs, não posso cobrar que se sintam como tal. — as palavras da mãe confortaram absurdamente a morena — Eu vejo o jeito que ela olha para você, filha, tenho certeza que a sua paixão é recíproca.

— E como faremos isso?

— Daremos um jeito. — a mais velha concluiu e acariciou o rosto da filha — Você já falou com Gabriella sobre isso?

— Gabriella não é minha namorada, mãe. Nós somos só amigas.

— Amigas com benefício, não é? Já escutei esse termo, os jovens são criativos. — as duas sorriem — Mas fale com ela mesmo assim, já que são amigas, ela terá bons conselhos.

— Obrigada.

A relação com sua mãe era de longe o motivo da maior saudade de Carina, sempre foram muito próximas e Lucia é uma grande apoiadora da filha desde sempre. No dia em que contou sobre Gabriella, esperava ao menos uma ponta de decepção no olhar da mais velha, mas só o que recebeu foi amor e suporte.

Os Bishop demoraram o suficiente no ensaio e quando retornaram, o sol ameno da tarde já ameaçava se pôr.

Maya foi a primeira a entrar, seu coração aqueceu ao ver Carina deitada no sofá cama, ela estava com os braços ao redor do irmão caçula e ambos estavam num sono brando. Não admitiria se a perguntassem, mas invejava a facilidade com que os irmãos se relacionava, a relação com Mason era algo pesado e difícil graças ao ressentimento de seu pai.

— Indisciplinados. — Lane diz em voz baixa assim que entra no cômodo e vê a cena — Esteja pronta para o jantar em trinta minutos, Maya.

A caçula espera que seu pai desapareça de vista e se ajoelha ao lado do sofá, ela alcança uma das mãos começa a fazer movimentos circulares com o polegar no dorso, com intuito de despertá-la. A italiana tem o sono aparentemente leve, não demora até que abra os olhos e direcione um sorriso a Maya.

— Posso falar com você? — a loira sussurra para não acordar Andrea.

Carina assente e num malabarismo experiente, ela desvencilha seus braços do irmão, acompanhando a mais nova até o lado de fora da casa. Ela esfrega os olhos ainda morosa pelo sono e fita Maya que abre um sorriso espontâneo.

— Ei, você tirou o aparelho. — a morena comenta e segura o queixo da outra gentilmente — Como se sente?

— Livre, eu acho. — as duas sorriem — O meu pai queria adiar, mas eu não queria estar com aquilo pra o casamento.