Capitulo 04

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Havia se passado uma hora desde a chegada de Carina em casa, Mason e Andrea estavam trancados no quarto escutando música alta, como se quisessem ignorar o que estava acontecendo enquanto Lucia preparava o jantar.

— Isso acontece sempre? — Carina questiona inquieta. Ela foi até a cozinha com o intuito de ajudar a mãe, mas não conseguia digerir o que viu do lado de fora — Há quanto tempo estão lá fora?

— Acontece quando ela quebra as regras. — a mais velha diz num suspiro — Estão lá desde que acordaram.

— Mãe, não pode deixar isso acontecer.

— Meu amor, são os filhos dele, as crianças foram criadas assim e estão habituadas. O fato de termos uma maneira diferente de demonstrar amor não torna as outras maneiras erradas.

Mamma, sta uccidendo la ragazza!* — diz impaciente.

— Carina, não diga isso. — Lucia a repreende — Maya tem resistência física e, acredite, você não vai querer interferir. Eles voltam antes do jantar, ela mantém uma rotina rígida de alimentação.

— Isso é doentio. — a garota diz massageando a têmpora.

— O quê é doentio? — a voz dura de Lane diz entrando no cômodo e Carina não se contém em lançá-lo um olhar julgador. A morena limpa as mãos em um pano de prato e sai a passos largos da cozinha.

— Quebrar o espaguete. Contei pra Carina algumas experiências na América. — Lucia diz assim que sua filha sai do cômodo, rezando para que o homem não tenha escutado mais da conversa.

Sem perder tempo, Carina subiu as escadas até o quarto que dividia com a Bishop mais nova. Ela abriu a porta com cuidado e apurou o cômodo com os olhos, Maya estava sentada em posição fetal no canto mais distante, ela tinha a cabeça entre os joelhos e o tom de pele mais vermelho que o normal.

A mais velha caminhou até o lugar e se sentou em sua frente, tocando de leve a pele de sua coxa.

— Ei. — a loira diz levantando o olhar, ela sorri para Carina — Eu sei o que parece, mas estou bem, ele só está tentando usar todo o meu potencial.

— O potencial de ter uma lesão ou o de desmaiar de exaustão?

A italiana caminhou até a sua mala e buscou o estetoscópio, junto com o kit completo de primeiros socorros que já havia usado outra noite. Ela posicionou o seu aparelho de pressão no braço da loira e depois de aferir, justapôs o oxímetro em seu dedo. Contou os batimentos da mais nova e afastou o casaco grosso de seus ombros para avaliar o ritmo de sua respiração.

— Então, doutora, o que eu tenho? — Maya diz em tom de sarcasmo e a morena retira o estetoscópio dos ouvidos, a encarando com desaprovação.

— Não brinque com isso, você sabe que pode colapsar a qualquer momento. — Carina deixa os ombros caírem e arruma uma mecha de cabelo atrás da orelha — Eu entendo que você goste de ser a prodígio, mas não será menos amada se não fizer o que ele manda.

— Eu sei. — a loira diz e alcança o estetoscópio que está agora nas mãos de Carina. Ela posiciona as olivas nos ouvidos e o diafragma do equipamento no peito da italiana, aguarda alguns segundos até escutar os seus batimentos e a encara nos olhos — Quer ir à cachoeira comigo depois do jantar? — ela sorri quando os batimentos aceleram — Prometo que não vai mais presenciar as minhas imprudências esse verão.

— Imprudências de seu pai. — a italiana corrige.

— Como quiser chamar, pretty. — o coração de Carina acelera novamente, mas dessa vez ela encerra o contato e tira o estetoscópio da posse da loira.

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