Raios de sol adentram a minha pele, o ar é absorvido pelos meus pulmões, meu corpo está se rendendo e minha mente está confusa.
Enquanto me sinto esfaqueado pela falta de energia, notei que o sentimento de compreensão frente o umbral não é uma mentira.
O dia está diferente, por mais claro que esteja a escuridão ainda está presente, o cansaço se sobrepõe, as limitações me corroem, abismo sem fim composto por sons que ecoam através de mim.
A imensa calma que adentra a minha pele me fez entender que apenas no meu leito descobri o que chamam de felicidade, porém também notei que a perdi sem nem mesmo aproveitar.
Uma plena capacidade utópica pela vida, sustentada por um instinto de sobrevivência falho.
Falta da capacidade empática que me corrói ou a ânsia da excitação, a imensidão do meu adorar solitário ou o transtornado masoquismo do meu coração.
Até onde vou nesse adorável caminho de dor?
Ironicamente penso nela, na ilusão que me espera.
Pessoas ofuscadas que passam na minha frente e direcionam seus olhares em minha direção, fazendo eu me perguntar se estou parecendo infinitamente triste ou absurdamente apaixonado.
Um sentimento que se parece com o amor me preenche, é algo um pouco mais melancólico e solitário que o tal, a falha sensação de compreensão misturada com a frustração do futuro.
E aquela ilusão não pensa em mim, este é um sentimento incompreensível que me faz questionar coisas que pra muitos são óbvias.
Minhas pupilas se deleitaram com a tristeza da noite ou a extravagância do dia, porém o que eu quero ver está além disso tudo, algo incapaz de ser alcançado.
Afinal, para onde estou olhando?
Posso direcionar meus olhos para as suas expressões de desgosto, tristeza, animação ou excitação, mas o que eu estou vendo vai além do seu rosto.
O vazio reside neste Santo entristecido que não conseguiu sua amável adoração, liberta criatura insaciável chorando se tornou um demônio.
Minha paixão aumenta a cada dia, porém a sua não.
Sem esperanças esse Santo se encontra, sangrando pelos olhos e coração.