Eu ainda me lembro de estar em um mundo estranho e sombrio, sendo observado pelo amor destrutivo do caos ao meu redor e fazendo desejos às milhares de estrelas cadentes que me faziam companhia.
Também me recordo de escutar a serena voz de uma encarnação, de provar da corrompida beleza daquela indecente personificação.
O solo que foi clareado pela luz de uma linda lua avermelhada se tornaria profano se eu resolvesse me mecher.
Me pergunto quem é essa forma de ilusão, que apareceu diante de mim e prendeu a atenção dos meus olhos, tentando me chantagear com uma doce boca depravada à procura de corrosão.
Que cenário perfeito este que transforma minhas pupilas em um templo de adoração, culpe a sua beleza por tomar a virgindade dos meus olhos e fazer com que suas chantagens não me causem nenhum tipo de comoção.
Desenvolvi a capacidade de ver ao meu redor enquanto olhava para aquela brincadeira de ótimo gosto.
Observei a sangrenta lua, as brilhantes estrelas, o solo ainda não profanado, o caos, o amor e a escuridão, tudo ao mesmo tempo em que eu observava aquela silhueta obscena e, até então, desprovida de adoração.
Como eu desejei que aquela vista e aquele sentimento se tornassem uma arte, que para sempre seria endeusada na galeria da minha solidão.
Talvez um quadro de um pintor famoso, que todos olhariam e entenderiam como é a vida, a morte, a felicidade ou a tristeza, sem se prenderem à ideologias fúteis ou excessos de falsidade.
Bom, não que faça diferença, fico satisfeito o sucifiente só por ter me deleitado com mais uma confusa e adorável forma de amor.
Espero que essa não seja uma decepcionante camuflagem para mais alguma destrutiva alucinação, que este sentimento não seja o de uma morte entediante lapidada em formato de coração.