𝐃𝐎𝐍'𝐓 𝐋𝐎𝐎𝐊 𝐁𝐀𝐂𝐊, d.h

03. Cortes de Papel / Amantes

Harry se torna um problema.

Sua certeza da sedução de Malfoy para as Artes das Trevas metastatiza como uma infecção, e de repente ele está sempre lá quando Hermione vai procurá-lo.

Nunca lhe ocorre remotamente que suas próprias motivações começaram a sair do alcance da normalidade. Nunca lhe ocorre questionar seu interesse repentino em nada. Mas Harry's é claramente equivocado.

Malfoy, por sua vez, começa a se comportar como se tivesse sido encurralado em um canto incrivelmente apertado. Mesmo quando ele não está sendo observado, ele age como se estivesse sendo observado — mas, novamente, ela está sempre assistindo. Ela o encontra constantemente olhando por cima do ombro dele. Constantemente parando seu passo antes de virar uma esquina. A dose dupla de atenção está tão obviamente desgastada nele, e ainda assim ela não consegue encontrar em si mesma para se afastar.

Com Lupin, a barreira da palavra "Professor" estava entre ela e tudo o que ela queria pedir no Terceiro Ano. Tudo o que ela queria saber. Certamente, ela poderia escrever para ele com perguntas. Ela planeja fazer isso mesmo agora. Mas ela nunca conseguiu observar. Ela nunca poderia bisbilhotar, do jeito que ela quer tão desesperadamente.

Com Malfoy, o campo de jogo é nivelado — a única barreira é uma espécie de desgosto obsoleto e mútuo. E, além disso, diante de todas as suas cutucadas e cutucadas e de todas as suas perguntas, ele ainda não lhe disse "não". Pelo menos não é um verdadeiro 'não'. Um duro 'não'. O tipo de "não" que ela esperava desde que o seguiu até a Sala de Aula de Poções.

Mas Harry — é bem possível que ele possa estragar tudo. Mesmo quando ela não tem certeza do que é tudo isso em questão. Ela não pode seguir Malfoy quando ele segue Malfoy, e ela fica cada vez mais irritada com sua abordagem óbvia e de pés chatos à perseguição. Harry não segue de uma distância casual sempre que Malfoy sai do Great Hall mais cedo do jantar, ou quando sai de uma aula no momento em que eles são demitidos. Ele meio que acusa dele com essa intenção e propósito em seu ritmo, como se estivesse claramente fazendo a coisa certa. Como se ele tivesse certeza de que a qualquer momento descobrirá Malfoy em algum armário de vassouras, ocupado drenando o sangue de um inocente.

Sangue. Esse é um pensamento interessante.

Ela continua imaginando tudo nas mãos de Malfoy, um forte contraste com sua pele pálida, mesmo depois que ele disse a ela que nunca matou ninguém. Ela o imagina pingando pelo queixo dele. Manchando mangas de camisa rasgadas. Piscina no chão. E o efeito que a imagem mental tem sobre ela é totalmente inesperado.

Malfoy não é... pouco atraente. No entanto, ela acha difícil colocar de outra maneira. Ele dificilmente é o tipo dela, todo pontiagudo e afiado em todas as bordas, com sua postura rígida e seu nariz virado para cima e aquele olhar constante de nojo em seus olhos. Isso, apesar do comportamento dele.

Não, ela acha que nunca gostou de loiras.

Alguém como Ron, no entanto — isso a faz suspirar só de pensar nisso. Olhar para Ron é como escorregar em um banho, com seu delicado punhado de sardas e seus olhos suaves e sonolentos e toda a cor e calor que vem com ele. Há algo infinitamente mais agradável em olhar para Ron do que em olhar para Malfoy. Malfoy, que pode fazer você se sentir como se um fragmento de gelo tivesse passado pelo seu estômago com um olhar.

E, no entanto, pensar em Malfoy, mesmo coberto de sangue — por que em nome de Deus ela não consegue parar de imaginar todo o sangue? — é de alguma forma desarmante. Há uma vulnerabilidade a isso. Um certo desamparo e uma falta de controle que ela está achando difícil não pensar. Ela quer ver aquele olhar nele. Malfoy — à mercê da natureza. Parte disso seria gratificante. Validando, depois de todos os seus tormentos por muitos anos.