10.

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Pov Marília

" - Cala a porra da sua boca - Meu pai grita nervoso - Eu trabalho mais de treze horas por dia para sustentar vocês.

- Eu não tive as duas sozinhas - Minha mãe grita de volta - E eu também tenho direito de ficar cansada, eu estou cuidando de duas crianças sozinha.

- Quer trocar? Você não iria aguentar metade do que eu faço.

- Você que não iria aguentar metade do que eu aguento todos os dias.

Mesmo com a porta do nosso quarto fechada, os dois não fazem ideia que conseguimos ouvir tudo e continuam discutindo, jogando coisas, fazendo barulho, enquanto eu continuo tampando os ouvidos de Luísa, que está encolhida nos meus braços, chorando compulsivamente enquando segura minhas roupas.

- Pede para eles pararem, Lila - Ela pede assustada - Eu com muito medo.

- Eu vou te proteger - Falo abraçando ela com força.

- Promete?

- Prometo..."

Acordo assustada e desperto rapidamente, e sinto como se meu corpo tivesse voltado a anos atrás. Meu coração está acelerado, minhas mãos suadas e minha cabeça dói, exatamente como eu me sentia quando era criança.

Quando vou levantar para lavar meu rosto, sinto um braço pesado sobre o meu corpo e eu lembro que essa noite eu não dormi sozinha. Viro meu corpo e vejo Maraisa dormindo profundamente e eu me perco por segundos, só para admirar a morena. Sua bochecha está corada e sua boca um pouco inchada, ela dorme com um bico no rosto assim como Léo.

Me aproximo dela devagar e deixo um beijo molhado na sua bochecha, o que faz ela acordar.

- Oi, Lila... - Ela fala baixinho coçando seus olhos.

- Oi... - Sorrio de lado e aliso a sua bochecha.

Maraisa se aproxima mais de mim e me abraça devagar, passando os braços pela minha cintura, encaixando seu rosto sobre o meu ombro e o meu pescoço. Percebo que ela fica em silêncio novamente e eu percebo que ela dormiu novamente. Apoio minha cabeça na sua e sinto o seu perfume que eu tanto amo.

Lembro das histórias que minha mãe contava de quando meu pai tentava conquistá-la e a forma que seus olhos brilhavam com essas histórias e então eles se casaram e a nossa vida se tornou um verdadeiro inferno. Era gritos, tapas, socos, uma violência tão grande que deixou traumas em mim e na minha irmã e com essa convivência que eu tive, me trouxe o pavor de me casar, mesmo quando já estava com Maraisa, porque eu queria que nosso amor fosse eterno, não igual aos dos meus pais.

Mas ao ter ela assim nós meus braços, me faz pensar que nosso amor é eterno, independente do que aconteça.

- Como vamos explicar para as meninas que dormirmos juntas? - Maraisa pergunta com a voz sonolenta.

- Elas foram viajar, Mara...

Maraisa senta na cama e se vira um pouco para me olhar e eu deixo um selinho nos seus lábios.

- Então...então posso dormir com você até elas voltar?  - Ela sorri de lado envergonhada - Sabe...para você e o Léo não ficarem sozinhos.

- Para mim e o Léo? - Pergunto rindo da sua cara de pau.

Nine months (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora