27.

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Pov Maraisa

- Por favor, Léo, toma a mamadeira um pouquinho - Peço balançando o pequeno - A mamãe precisa resolver as coisas, você precisa mamar um pouco antes de dormir.

Léo começa a chorar mais alto, empurrando a mamadeira com a mão, balançando a cabeça cabeça, me impedindo de colocar a mamadeira na sua boca, totalmente irritado. Começo a entrar em desespero e as lágrimas vão descendo do meu rosto, cada vez que eu escuto os gritos do Léo no meu ouvido.

- Eu sei que não é fácil, meu amor - Falo com ele - Mas agora é só nos dois, por favor, não dificulta mais.

Léo passa as mãos pelo meu seio, procurando seu alimento ali, mas eu rapidamente tiro a sua mão e eu sento com Léo na poltrona e deito ele nos meus braços e fico na mesma posição que Marília amamenta o pequeno e magicamente Léo aceita a mamadeira, mesmo querendo que fosse outra pessoa aqui. Ele toma a mamadeira inteira totalmente dessesperado e mesmo soluçando ele acaba com o líquido do recipiente em poucos minutos.

Deito Léo no meu ombro e faço ele arrotar, para fazer meu pequeno dormir. Meu filho reclama com a boca, se contorcendo nos meus braços, mas não demora muito para pegar no sono do tanto que ele chorou. Coloco meu pequeno na minha cama e arrumo os travesseiros ao seu redor para ele não cair, já que na casa de Lauana não tem berço ou qualquer coisa de criança.

Assim que eu saio do quarto encontro Lauana parada no corredor, me esperando.

- Oi... - Ela fala preocupada - Ele dormiu?

- Dormiu - Falo fechando a porta do quarto - Depois de quase três horas ele dormiu.

- Você estava chorando mais do que ele, Mara - Minha melhor amiga fala apreensiva.

- Nada está bem agora - Nego com a cabeça e passo por ela - Eu preciso de um vinho e colocar a cabeça no lugar.

- Não acho que seja uma boa ideia você beber, Mara...

Reviro meus olhos e passo por ela, indo para a cozinha da sua casa. Abro o armário e pego qualquer vinho e uma taça, antes de sentar na cadeira do balcão da sua cozinha e me servir com uma taça bem cheia de vinho.

Sinto meu corpo todo tenso, são tantas coisas acontecendo, sentimentos, dores, mágoas, tudo acontecendo de uma vez e eu sinto que estou prestes a enlouquecer e eu não o direito de ficar mal, até porque se eu ficar mal não vai absolutamente ninguém para cuidar do meu filho. É como se todo meu mundo tivesse desabado em questão de horas, primeiro a confirmação que meu pai não vai melhorar, que o câncer já tomou seu corpo inteiro e agora descubro que o relacionamento que eu vivi por dez anos não passava de uma faixada.

- Você tem certeza que ela realmente estava com outra pessoa? - Lauana pergunta ficando na minha frente - Que não foi um engano?

- Eu recebi um maldito vídeo, era a voz dela, era o vestido azul - Nego com a cabeça e viro a taça de vinho de uma vez - Além do que ela nunca deu aulas extras, ela estava com o maldito perfume da mulher, ela...ela estava lá.

Tento não chorar mas é em vão, só consigo abaixar a cabeça e deixar as lágrimas correrem livremente pelo meu rosto, enquanto eu sinto um aperto enorme no meu coração.

- Meu pai está morrendo e eu só queria ela agora - Falo soluçando e tampo o meu rosto com as duas mãos - Está tudo desabando, Lau, está tudo desabando.

Minha amiga respira fundo e da a volta no balcão, me abraçando com força. Começo a chorar sem pudor, sinto minha mente entrando em um enorme labirinto e eu não consigo fugir, como se só tivesse duas saídas e não existe uma boa. Me sinto burra, traída, sensível e machucada, como se a minha vida inteira tivesse sido construída em um castelo de cartas e em um segundo alguém veio e assoprou, levando tudo ao chão de uma só vez.

- Qual o meu problema, Lau? - Pergunto abraçando ela com força - O que eu fiz para merecer isso?

- Você não fez nada - Ela fala beijando a minha cabeça - Nada disso é culpa sua.

- Eu só quero a minha vida de volta...

Minha melhor amiga respira fundo e não fala mais nada, sem saber como me apoiar em um momento tão difícil assim. Me afasto um pouco dela e encho mais uma taça de vinho, virando todo o líquido de uma vez.

- Eu preciso ser forte pelo Léo - Nego com a cabeça - Eu preciso ser forte por ele.

///

Acordo com a campainha da casa tocando e por segundos eu vejo que não estou na minha casa, estou na de Lauana. Olho ao redor e vejo que estou no quarto de hóspedes da minha amiga e Léo está dormindo profundamente do meu lado. Deixo um beijo na barriga do meu pequeno e levanto da cama, para ver quem chegou na casa.

- Puta que pariu - Resmungo pela dor de cabeça e pela ressaca do dia anterior.

Vou para a sala da sua casa e percebo que quem chegou é a minha irmã, com uma cara nada boa e Lauana está parada do seu lado, totalmente quieta.

- Oi, Mai... - Falo me aproximando dela - Como você sabia aonde eu estava?

- Marília me ligou dessesperada - Maiara fala totalmente brava - Maraisa, que ideia é essa de tirar o Léo dela?

- Ela te contou a história inteira?

- Que história, irmã?

- Marília me traiu, Maiara, eu recebi vídeos e áudios dela com... - Respiro fundo antes de continua - Com outra mulher, recebi um áudio dizendo que eu estava atrapalhando o relacionamento delas.

Maiara não responde de imediato e eu vejo ela me olhando totalmente confusa, sem saber o que dizer ou falar.

- Se fosse você recebendo o vídeo da sua mulher com outra, o que você faria? O que você faria ao ver a pessoa que você mais ama no mundo chegando em casa com o perfume de outra pessoa, totalmente atrasada e fora do horário? - Perguntou tentando segurar o choro - Você ficou do lado da Marília quando ela escondeu a gravidez e eu te perdoei, eu só...preciso que você fique do meu lado uma vez na sua vida, porque...está doendo lidar com tudo isso.

Minha gêmea não contesta, apenas concorda com a cabeça e me abraça com força, destrancando mais uma vez o choro que está preso a cada segundo da minha vida.

- Você precisa ser a minha advogada - Falo para ela - Você é a melhor advogada que eu já conheci na vida, na faculdade você ficou em primeiro lugar e até a Luísa ficou em segundo em todos os casos.

- Mara...

- Por favor.

- Pede a divisão da guarda - Ela tenta tirar essa ideia da minha cabeça - Tirar o Léo da Marília é muito cruel.

- Eu vou voltar para Los Angeles, Maiara - Nego com a cabeça e limpo a lágrimas dos meus olhos - Eu vou passar os últimos dias do nosso pai e vou embora de uma vez.

- Não faz isso comigo, por favor - Maiara fala apreensiva - Luísa não iria me perdoar, a Lila não iria me perdoar, por favor.

- Eu só confio em você...

- Mara...

- Eu preciso de você comigo agora, irmã.

Maiara respira fundo e abaixa a cabeça, limpando a única lágrima solitária que desce dos seus olhos.

- Tudo bem... - Ela concorda soltando a sua respiração - Eu...eu vou ficar nisso com você.

Nine months (Malila)Onde histórias criam vida. Descubra agora