capítulo 15

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 Você é tão idiota! ― Ela balança a cabeça inconformada. ― Que juro, não sei como é a minha irmã. Ahh... Ella. ― Vejo o seu olhar de puro deboche, um sorriso se formando nos seus lábios. ― Ele vai te fazer sofrer, e eu vou estar aqui para jogar na sua cara, pode ter certeza.

― Por que você mudou tanto? Você não era assim!

Sinto o seu olhar de reprovação, logo depois ela me dá as costas.

― Eu sempre fui assim, e sinceramente, prefiro ser assim a ser uma coisa sem graça como você.

A minha garganta se fecha, mas prefiro ignorá-la por enquanto. Não vou deixar que ela me machuque ainda mais com palavras.

Retirei as minhas roupas e me deitei, ouço o barulho da cama ao lado se movendo. Mas não me virei para ver o que ela estava fazendo. Eu juro que estou tentando entender, mas está difícil. O que aconteceu com Bella para ela estar agindo assim? Ou, como ela disse, ela sempre foi assim e eu não percebi. Um nó se formou na minha garganta.

Sinto o meu celular vibrando embaixo do travesseiro. Peguei e vi uma mensagem do Aaron. Mesmo sem perceber, estou sorrindo quando leio.

“Eu adorei assistir ao filme com você. Espero que esteja bem. Te vejo amanhã. Boa noite!”

O meu coração se anima e sinto algo tão bom. Uma necessidade de vê-lo. Balancei a cabeça, tentando não pensar mais nisso.

Adormeci pensando em tudo que está acontecendo.

Já de manhã, a minha tia estranha me ver sem uniforme. A minha irmã come na cadeira na frente e vejo um sorriso se formando em seus lábios, tento ignorar. Conto tudo o que aconteceu para a minha tia. Ela ouve atentamente.

― Mas você está bem? ― ela me pergunta sem tirar os olhos de mim.

― Estou. Não foi nada.

― Não podemos fazer nada em relação a suspensão. Mas amanhã irei à escola conversar com a Mary.

― Mary?

Pergunto sem saber quem é.

― A diretora.

Eu nem sabia que a mãe do Aaron se chamava Mary.

Mesmo a minha tia entendendo o que aconteceu, vejo um pouco de decepção no seu olhar. Nesse momento, eu perco a fome completamente.

A minha irmã saiu para ir para a aula e vou com a minha tia ajudar no café.

Ajudei a todos na organização e limpeza. O lugar estava uma bagunça. Tentei ajudar na cozinha, mas não deu muito certo. Digamos que todos os bolos em que eu coloquei a mão não cresceram. Ou seja, só desastre. 

Fiquei no balcão a maioria do tempo. Quando é uma da tarde, a minha irmã chega e me ignora, mas sinceramente decido não me importar com isso. Tirei o avental e me despedi de todos. Peguei o meu celular e não vejo nenhuma mensagem, nem mesmo de Vitória. Vou andando em direção à minha casa, o vento bate no meu rosto, mas a temperatura melhorou muito nos últimos dias.

Já estou a uma rua de casa e um carro preto vem em minha direção, observei o local e não tem mais ninguém aqui.

O meu coração se acelerou. Na mesma direção do carro, observo de um lado para o outro sem saber o que fazer, e quando o carro já está próximo, ouço um barulho de pneu freando. Pensei que agora era o meu fim. Tentei correr, mas acabei caindo.

Abaixei a cabeça esperando o impacto, mas esse não vêm. As minhas mãos tremem sem parar e sinto algo quente saindo dos meus olhos, e só depois percebo que são lágrimas. O carro fica quase em cima de mim, ainda com o motor ligado, mas o motorista dá ré rapidamente e sai dali. Fiquei do mesmo jeito, tremendo sem parar. 

Aos poucos o meu coração vai se acalmando e me coloquei de pé, mas as minhas pernas ainda estão tremendo. Sinto algo escorrendo do meu braço, o levanto e vejo que é sangue. Fecho os meus olhos com força. Não tenho nada aqui para limpar o machucado. Mesmo sabendo que é errado, coloco a minha mão e aperto. Vou andando devagar até chegar na rua de casa. Os meus olhos ainda ardem, e sinto aquele nó na garagem pronto para me sufocar à medida que vou me aproximando de casa. Vejo um carro parado na porta, e já estou perto quando vejo Aaron saindo rapidamente de dentro dele. Ele se aproxima.

― O que aconteceu?

Quero responder, mas não consigo, pois a minha garganta se fecha. Apenas balanço a cabeça. Ele me observa e sou pega totalmente desprevenida quando o sinto me abraçando. Nesse momento, percebo que ainda estou tremendo.

― Ei. Calma, não vai acontecer nada.

Eu acredito nas palavras que saem da boca dele.

Sentada no sofá da sala da minha tia o vejo limpando o corte no meu braço. A sorte é que não foi fundo e não vou precisar ir ao hospital.

Enquanto ele limpa a ferida, eu já estou mais calma e conto o que aconteceu.

― Pode ficar tranquila, eu vou descobrir quem foi.

Acho que a minha cara já diz o eu penso, porque ele me observa e logo depois balança a cabeça.

― Sofia? Não... Ela não faria isso. Isso é baixo demais. Até para ela.

Não respondo, mas no fundo sinto sim. Que foi ela.

Aaron fica comigo até mais tarde, mas depois vai embora. Vou para o meu quarto e visto uma blusa de frio, não quero que a minha tia descubra o que houve. 

Garoto MauOnde histórias criam vida. Descubra agora