capítulo 11

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Um cara que não faço ideia de quem seja, se aproximou de mim e segurou o meu braço com força. Sinto um cheiro forte de bebida alcoólica.

― Se eu soubesse que você tinha o corpo tão gostoso, eu já tinha dado um jeito de ficar com você.

O observei confusa.

― Você é doido. Eu não faço ideia do que está falando.

Ele sorri, tentando se aproximar do meu corpo. Dou um passo para trás.

Ele segurou o celular na minha frente. Quando abaixei o olhar, vi o porquê de várias pessoas estarem olhando para mim e sorrindo.

Tem um vídeo meu no banheiro, eu só de calcinha e sutiã tentando limpar o meu vestido. O meu coração se acelera. As minhas mãos começam a tremer. Ainda sinto o aperto da mão dele em volta do meu pulso. E também sei que é isso que impede que eu caia no chão.

Eu não consigo respirar. Ouço várias pessoas sorrindo. E o meu único desejo é poder desaparecer.

Vejo a minha irmã olhando para o celular, logo em seguida para mim. Rezo para que ela veja o meu desespero e me ajude.

Quero gritar, quero correr. Mas o que consigo fazer é apenas chorar. Sinto as lágrimas quentes rolando pelo meu rosto.

Fechei os olhos tentando me esconder na minha própria mente. Mas ouço mais risadas. Então abrir os olhos e vejo a minha irmã sorrindo com os seus colegas, algo no meu peito se quebra no mesmo instante.

Me preparei para correr, sair daqui. Vejo o Nicolas vindo em minha direção. Rezei para que ele venha mais rápido. Mas o meu braço é tirado das mãos do cara. Ouço um barulho alto e o vejo no chão, sangue sai do seu nariz. As pessoas param de sorrir e olham para a cena como se não acreditassem.

Sinto duas mãos me trazendo para perto, e o meu rosto bate em um peitoral duro. Fechei os olhos por um instante.

Quando os abrir, vejo quem me salvou. Aaron. Ele olhou para mim. Sério. Logo em seguida segurou na minha mão e me levou para fora dali.

Não preciso ver para saber que todos ficaram olhando a cena. Eu não estou acreditando. Ele me tirou dali. Ele me salvou. Sou colocada em um carro. Não falei nada, apenas deixei que ele fizesse isso. Quero sair dali, quero a minha cama. Durante o percurso todo fiquei com a cabeça abaixada, ainda ouço o barulho do sorriso da minha irmã. Minha própria irmã.

O carro parou, não esperei nada, não falei nada, apenas abrir a porta e saio.

Mas paro quando sinto a sua mão no meu pulso. Levantei o olhar e sinto as lágrimas descendo sem parar. Ele me olhou por um momento, suspirou alto quando me trazia para os seus braços. Eu poderia gritar, tentar impedir. Poderia espernear, me rebelar contra esse toque. Mas não faço isso, aceito o seu abraço e ali próximo do seu peito chorei sem me importar com nada. Sinto os seus braços em volta do meu ombro, me trazendo para mais perto. Aos poucos o meu coração vai se acalmando. E finalmente parei de chorar. O aperto vai diminuindo. Levantei a cabeça e o vejo me olhando atentamente. Devo estar horrível. 

Mas não me afasto, não me afastei quando ele limpou o meu rosto. Não me afasto quando ele se aproxima de mim. E não me afastei quando sinto os seus lábios nos meus.

Sinto a sua boca se movimentando devagar, reivindicando a minha. Sinto o seu gosto se misturando com o meu. 

Sou pressionada contra a porta do carro. O beijo se transformou em algo mais carnal. A sua mão segurava a minha cintura com força. A outra segurou a minha nuca, intensificando o beijo. Sinto algo metálico, o piercing na língua dele.

Quando o beijo para, nós dois ficamos no mesmo lugar. Não acredito que aceitei o beijo dele. Ele que é amigo de todas as pessoas que estavam rindo de mim.

Não me arrependo quando falo:

― Eu te odeio!

Ele me observa. Mas suspira.

― Eu sei. Mas sinto te informar, eu gosto de você.

― Não, você não gosta.

Tento sair do seu aperto, mas ele não deixa. Ouço uma risada de puro escárnio.

― Você acha mesmo que gosto disso? ― Ele sorri, balançando a cabeça. ― Não. Eu não gostei, Ella, eu não gostei de te observar mais do que o normal. Eu não gostei de todos os dias te procurar. Eu não gostei de ver você conversando com outros, na verdade, eu odiei o fato de me preocupar com você. Eu odiei observar os seus lábios. Eu me odiei por desejá-los todas as vezes que te encontrava.

Não respondi, não consigo. A minha cabeça está doendo. Não sei o que fazer. Ele continua:

― Você me irrita, me irrita desde o dia em que te vi naquela maldita festa, e continuou a me irritar todos os dias na escola.

― Eu não fiz nada, Aaron. 

A minha voz sai baixa.

― Sim você fazia, só a sua presença era mais do que o suficiente.

É a minha vez de sorrir.

― Você é doido. ― O encaro. ― Eu não tenho culpa disso. ― Suspiro. ― Você me deixa confusa.

― E como você acha que eu estou?

Não respondo, ele segurou no meu rosto o levantando; me fazendo olhar diretamente nos seus olhos.

― Eu sei que você me odeia.

Eu não o odeio, eu sei disso.

― Eu não posso corresponder.

Na verdade, eu tenho medo de ser apenas uma brincadeira.

Ele me encara sem desviar o olhar.

― Por quê?

― Porque eu o odeio! ― A minha voz sai baixa. ― Se por um momento eu acreditar em você, não poderei mais odiá-lo. ― Fechei os olhos e balancei a cabeça com força. ― Eu nunca imaginei um dia sequer que poderia alcançar a sua alma. Na verdade, eu sinceramente pensei que você não tivesse uma .

Ele me observa atentamente, os seus olhos brilham de uma forma única, mas acabei observando os seus lábios mais tempo do que o normal.

― A verdade é que você está com medo de gostar de mim. ― Não respondi. ― Sabe por quê? ― Ele segurou o meu rosto com as duas mãos, a minha respiração se intensificou. ― Na verdade, você já gosta, mas não admite para você mesma. Fale que estou errado?

Eu não consigo, ele está tão perto, as minhas mãos tremem ao lado do meu corpo, o calor aumenta, engulo em seco. Mais e mais eu quero correr. Quero falar que ele está errado, quero fazer tantas coisas. Mas a única coisa que eu faço é beijá-lo.

Ele demora um tempo para corresponder. Segurei no seu pescoço. Não demora para ter a sua mão segurando a minha cintura. 

Quando o beijo para, ainda fiquei a centímetros do seu rosto.

― Eu preciso entrar― sussurro.

― Eu sei. ― As nossas respirações ofegantes.

Ele não fala mais nada, entrei em casa ainda ofegante, as minhas mãos estão suadas. Fechei os olhos por um momento e relembro tudo o que aconteceu nesta noite, e por algum motivo sinto algo bom, mesmo tendo acontecido tantas coisas ruins.

Garoto MauOnde histórias criam vida. Descubra agora