Contos macabros de Lubsville

Porão

Eu mesma tirei meu pé que estava preso naquela rede enquanto aqueles dois trogloditas discutiam. Sou uma garota, não uma boneca de porcelana que se quebra com facilidade.
- Ei!- gritei nervosa.
Os dois olharam para mim. Agora que tinham percebido que eu havia me livrado daquela "armadilha" sozinha.
- Bom, sabia que conseguiria!- disse Tyler acalmando o tom de voz e tentando parecer simpático.
Carter o olhou com fúria, aqueles olhos verdes esmeraldas pareciam matar mais que um cajado. Seus punhos cerrados significavam que estava se segurando para não atacar Tyler. Felizmente Carter conseguiu resistir e passou por aquele obstáculo da rede.
(...)
Estávamos andando enfileirados floresta adentro. Estávamos todos em silêncio, apenas se escutava a voz de Tyler explicando coisas sobre a vasta floresta, que eu confesso não ter prestado atenção em nenhuma palavra sequer.
Já estava exausta pelo fato de caminhar e passar por obstáculos durante 3 horas sem parar, daqui a pouco tempo, finalmente, será a hora do almoço. Enquanto todos estão dispersos escutando Tyler, decido parar para descansar e tomar um pouco da água da minha garrafinha plástica.
Estava olhando eles se distanciarem. A essa altura eu nem estava ligando se ficaria perdida ou não, afinal, sabia como voltar. Enquanto olho eles se distanciarem, noto que Carter não está entre eles. Subo em uma pedra para me certificar e estava certa. Decido percorrer o caminho inverso da trilha, para ver se acho algum vestígio de onde ele possa estar. Andei alguns metros e nem sinal dele.
- Ei, psiu!- alguém sussurra.
Olho para floresta e vejo Carter acenando para mim. Corri até ele e parei em sua frente.
- Você é louco? O que está fazendo? Estão todos lá na frente, sabia disso??- disse irritada.
- Primeiro: sim, sou louco e você sabe muito bem. Segundo: achei uma passagem secreta, mas ainda não consegui abri-la. Terceiro: onde aquele playboyzinho for, eu não vou.- disse Carter.
- Espera, espera, espera- eu disse meio perdida- Como assim passagem secreta?
- Me acompanhe!- ele sorriu e gesticulou a cabeça informando a direção para onde iríamos.
Seguimos para dentro da mata. Não andamos muito até chegarmos em uma parte da floresta. Olhei em volta e não vi nada.
- O que quer que eu veja?- perguntei confusa.
- Olhe para baixo.- Carter disse.
Olhei para baixo e estava em cima de uma tampa de madeira coberta por folhas, o que parecia tampar um buraco. Sai de cima rapidamente com receio de cair.
- Que isso! Está com medo de cair de novo?- ele disse rindo e se referindo à vez em que quase caí dentro do esconderijo de Hope, quando escutei um barulho vindo dele.
- Muito engraçado!- rosnei ironicamente.
Ele, com muito esforço, abriu o "buraco".
A tampa era de madeira, bem pesada e velha. Olhei para dentro do buraco e tinha uma escada que descia até se perder na escuridão.
Carter entrou no buraco e desceu uns 4 degraus até perceber que eu não estava indo atrás dele.
- O que que foi?- ele perguntou.
- Sei lá... Esse buraco me dá arrepios.- afirmei.
- Confia em mim?- ele perguntou e eu afirmei com a cabeça.
Ele estendeu uma mão em minha direção e eu a segurei. Me arrepiei e tenho certeza que ele sentiu o mesmo.
Descemos aquele buraco de mãos dadas e no fim uma luz fraca estava acesa. Estávamos em uma sala repleta de quadros e objetos antigos. Eu estava boquiaberta admirando o lugar.
- Incrível, não é?- disse Carter.
- Completamente!- eu disse encantada.
Reparei cada detalhe dos objetos. Tudo era esculpido, pintado ou desenhado tão perfeitamente.
Um objeto me chamou a atenção. Um enorme quadro coberto por um lençol de seda vermelho. Era um quadro pintado com a mistura de cores quentes e frias o rosto de uma mulher. Espera, essa mulher era eu!?!