Cap 16

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Anastácia sentou-se no canto do sofá. Os ossos do frango estavam fervendo no fogão com alguns legumes,se sairia uma canja digna, ninguém sabia.Quando desceu,Cristian já havia limpado a lareira. Mas não queria se sentir agradecida. Precisava manter vivo seu ressentimento. Precisava odiar tudo que ele fazia. Deveria ser forte e não se lembrar da textura da pele dele no seu rosto ou em sua boca. Além disso tinha de ficar cega para o físico de Cristian. Não podia ignorar como ele era lindo sem roupas e como a sua nudez a deixava de boca seca e de corpo quente. Não podia tocar nele. Não podia arriscar mais uma vez.

Ela suspirou e o escutou descendo às escadas. Cristian estava fechando o casaco e mal olhou para ela. Por um momento aterrorizante ela achou que ele estivesse partindo,abandonando-a. Mas depois percebeu que ele não estava carregando a mala.

- Você... Vai sair?

- Vou até a cidade ver o que posso comprar para comer. Não podemos sobreviver com alguns ossos de galinha.

- E é seguro,com toda essa neve?

- Sim. Ou eu não tentaria.

Anastácia levantou-se

- Então... Vou com você.

- Desenvolveu um gosto repentino por minha companhia? Ou está esperando encontrar seu admirador?

- Não seja absurdo. Simplesmente estou me sentindo sufocada presa aqui.

- Têm um par de botas de borracha no sótão. Talvez fiquem grandes em você,mas vai ajudar na caminhada.

- Às minhas estão bem.

Mas não estavam. Sua bota escorregava muito e ela foi forçada a agarrar os braços de Cristian para não cair.

- Isso não é uma boa idéia. Vou levá-la de volta,cara,antes que você quebre alguma coisa.

Ela aceitou com relutância a ajuda dele para voltar para o chalé,e quando ele desapareceu de sua vista,ela sentiu-se estranhamente abandonada. Parecia que ele tinha ido para sempre...

- E o que eu faria?(perguntou em voz alta)

Começou a vagar quase que compulsivamente de um aposento a outro,inventando tarefas. A mistura de frango estava com um cheiro apetitoso. Quando estava espetando-a com um garfo,escutou um barulho na porta e correu para a sala. Cristian estava colocando duas sacolas em cima da mesa.

- Não tinha alho, não tinha ervas frescas,nenhum azeite de qualidade e nenhum macarrão,a não ser alguma coisa em lata. Não fosse o tempo, já teríamos saído para comer fora.

- Se não fosse o mau tempo,eu já teria ido embora há muito tempo, signore.

- Se lhe conforta pensar assim. A signora me disse que a luz vai voltar até o fim do dia. Vou cavar um caminho até o depósito de lenha caso você precise.

Não foi o dia mais fácil que Anastácia passou. Cristian ocupou-se do lado de fora e ela seguiu o exemplo do lado de dentro. Acrescentou batatas e alho poró ao caldo do frango, produzindo uma sopa grossa e saborosa.

- Estava excelente(disse Cristian quando terminou o seu segundo prato)

- Você já terminou de cavar?

- Ainda não. Decidir limpar o caminho até a estrada também.

- Você vai ficar exausto.

- Sei que é isso que você espera, caríssima,mas você vai se desapontar.

Esforçando-se para se distrair,ela passou horas jogando paciência. Depois foi para a cozinha e começou a preparar o jantar. Quando Cristian entrou,viu que a lareira e às velas já estavam acessas. Ele estava sentado no sofá,tirando às botas,quando Anastácia saiu da cozinha trazendo café fresco.

O Conde (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora