Capítulo 2

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Depois de chamar algumas vezes, escutei uma voz grossa e séria do outro lado da linha.

- Pronto!

- Ei, posso falar com o Rodolffo?

- É ele mermo. – percebi pelo sotaque que ele não é carioca.

- Eu... - dei um longo suspiro. – Procuro um acompanhante, para uma festa de casamento, você presta esse tipo de serviço? – perguntei insegura.

Ele ficou em silêncio por um tempo na linha, antes de responder – Sim.

- Maravilha! – senti um alívio com essa resposta. – Quero contratar os seus serviços.

- Podemos nos encontrar mais tarde, chego no Rio em algumas horas.

- Perfeito! Posso te mandar os detalhes por WhatsApp?

- Sim.

- Nos vemos mais tarde então, Rodolffo.

- Desculpa, não perguntei seu nome.

– É Juliette!

- Até mais tarde, Juliette.

Nem acreditava que eu iria mesmo contratar um acompanhante, pagaria o que fosse preciso, só para não ter que voltar a São Paulo sozinha. Eu precisava aparecer lá com um noivo, mesmo que terminássemos pouco tempo depois de retornarmos ao Rio.

- E ai? – Ralysson perguntou depois que desliguei o telefone.

- Arranjei. – respondi com um sorriso largo no rosto.

- Amiga, e se ele for feio? – me perguntou segurando o riso.

- Amigo, do jeito que estou desesperada, ele podia ser um manco que não me importava. – respondi divertida.

-

-

- Por favor, a mesa de Rodolffo Matthaus. – pedi gentilmente ao Maître, assim que adentrei ao restaurante combinado.

Olhava nervosamente para o celular, estava a quase trinta minutos atrasada, esperava que ele não tivesse desistido e indo embora.

Tinha acabado de sair do trabalho, infelizmente não tive tempo de ir em casa tomar banho antes de encontra-lo. Vestia uma blusa de botões de seda branca, e uma calça social preta, nos pés um alto scarpin preto, os cabelos longos, soltos jogados de lado, no rosto uma maquiagem leve.

O Maître sorriu, e me guiou para dentro.

- Aquele moreno ali. – disse apontando para uma mesa, onde um homem estava sozinho.

- Definitivamente, não é feio. – falei baixinho enquanto olhava para o moreno.

- Senhorita? – perguntou o Maître.

- Nada, pensei alto, obrigada. – fui caminhando até a mesa que ele estava.

Quando ele me viu, levantou da mesa para me cumprimentar. À medida que ele fez isso, pude reparar mais no homem a minha frente. 

Era bem alto, parecia ter quase 1,80 de altura, pele clara, cabelos pretos, barba bem feitinha, era magro e tinha os músculos definidos, podia ver bem as marcações do abdômen naquela camisa de botões branca que ele vestia. Os lábios carnudos que pareciam terem sido desenhados, assim que cheguei mais perto, pude sentir, era extremamente cheiroso.

- Juliette? – perguntou enquanto me aproximava.

- É um prazer te conhecer, Rodolffo. - Abri um belo sorriso, e lhe estiquei a mão.

- O prazer é meu. – respondeu sorrindo, enquanto retribuía meu gesto, apertando minhas mãos.

Fiquei por alguns segundo admirando o homem a minha frente, ele ficava ainda mais bonito quando sorria.

Nos sentamos a mesa, coloquei minha bolsa na cadeira ao lado, quando olhei para a mesa, percebi que ele já havia pedido uma bebida para os dois, whisky.

- Preciso admitir, que não esperava alguém como você. – falou com um ar sedutor, dando um sorriso de lado.

Franzi a testa com o comentário.

- E por acaso só aceita trabalho, se for uma mulher feia é? – perguntei não fazendo tanta questão de esconder minha insatisfação com o comentário.

Ele pegou o copo de whisky, que repousava sobre a mesa, e deu um gole, olhando fixamente em meus olhos.

- E quem disse que te achei bonita? – ele tinha um sorriso sarcástico no rosto, parecia que queria de todo o jeito me irritar.

Juro, que se eu não estivesse tão desesperada, eu me levantaria agora mesmo e iria embora dali.

- Ótimo! – respondi tentando não demonstrar a raiva. – E então, aceita ser o meu acompanhante? – perguntei olhando em seus olhos.

- Você disse que seria para um casamento, certo? – perguntou, com o semblante calmo, tomando outro gole do whisky.

- Sim.

- O que quer que eu seja? – perguntou estreitando um pouco os olhos.

- Meu noivo. – respondi evitando contato visual e tomando um gole do whisky. – Minha meia-irmã vai se casar, eu menti dizendo que estava noiva, enfim, agora eles querem conhece-lo. – dei de ombros, voltando a olhar em seus olhos.

- Então eu vou ter que mentir para a sua família?

- Exato!

Ele ficou pensativo por um momento, depois me olhou e suspirou.

- Certo.

- Só tem um porém. – ele me olhou confuso. – O casamento é no interior de São Paulo, teremos que viajar uma semana antes.

- Ok, sem problemas. Vou fazer uns arranjos na minha agenda. – respondeu sem parecer se importar tanto de ter que fingir por tanto tempo ser meu noivo.

- Ótimo. – respondi animada.

- Eu cobro por dia, como iremos viajar, todas as despesas da viagem ficam por sua conta, afinal os interesses são seus. – ele olhou no fundo dos meus olhos, tão profundamente que senti os pelos do meu braço se arrepiarem. – Se quiser sexo, eu cobro o triplo do preço. – completou dando um sorriso malicioso de lado.

Senti minhas bochechas queimarem, não imaginava que ele fosse falar isso, quando pensei o quão absurdas eram aquelas palavras, eu comecei a rir descontroladamente.

- Obrigada, mas eu dispenso. – disse tampando a boca tentando controlar o riso. – Preciso de um noivo, não de um prostituto. – dei uma piscada para ele que sorriu.

- Quer que eu decore algo, sobre alguém? – perguntou.

- Na verdade, sim, te envio durante a semana tudo o que eu preciso que você saiba, ao meu respeito, ou sobre minha família. – peguei meu aparelho celular da bolsa. – Como você prefere receber? Pode ser por pix? – ele acenou com a cabeça, e me informou a chave.

Digitei o valor que achava que ele valia, uma quantia generosa e fiz a transferência.

- É isso o que acho que vale, boca de coração. - Ele pegou o celular, olhou a quantia e não demonstrou estar descontente com o valor. – A gente vai se falando ao longo da semana.

Pisquei pra ele e me levantei, estava louca para chegar em casa e tirar aqueles sapatos que apertavam meus pés.

- A gente se fala, boca de chupa péda.

Um noivo para Juliette!Onde histórias criam vida. Descubra agora