Prólogo

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Completamente relaxado e feliz, como só acontecia quando estava em casa, Maksim foi até a cozinha pegar um suco de laranja para seu garoto.

Aleks tinha apenas dois anos e seus olhos escuros, completamente opostos aos seus, expressavam imensa admiração pelo pai. Mas ainda que não fosse assim, ele jamais negaria alguma coisa àquele pequeno pedaço do céu que tinha em sua vida.

Desde o minuto em que ficou sabendo que seria pai, seu mundo mudou, mesmo que jamais se imaginasse executando a tarefa de ensinar outro ser humano a ser um bom cidadão, já que ia contra o que ele mesmo fazia.

Notou que estava enganado assim que encarou as grandes esferas negras pela primeira vez. Foi como se tivesse nascido somente para viver aquele momento.

Não havia nada que Maksim não fazia por sua família, eles eram seu porto seguro, motivo suficiente para fazê-lo voltar feliz ao seu lar a cada vez que se ausentava para uma missão.

Ele trabalhava para a elite do serviço secreto do governo russo, em resumo, não tinha horário fixo, muito menos dias exatos de trabalho. Quando havia uma missão, ele ia sem hesitar, porém, sem saber quando retornaria.

Sua especialidade era se infiltrar dentro das milícias, facções e qualquer lugar igualmente perigoso. Encaixava-se no esgoto do submundo atrás de qualquer suspeito que pudesse fornecer risco ao governo russo.

Possuía a patente mais alta e tinha um ótimo retorno financeiro, pois a cada ofício, sua conta ficava mais recheada; ainda assim, nada daquilo o motivava mais.

Maksim sabia que, pelo cargo que ocupava, Anna, sua esposa, e Aleks corriam perigo em potencial e isso lhe tirava noites de sono, motivo pelo qual decidira abandonar sua carreira e viver do patrimônio que construiu, já que o dinheiro que angariou ao longo dos anos seria mais que suficiente para mantê-los por mais umas três gerações.

Foi pensando nisso que, há cerca de um mês, redigira uma carta pedindo dispensa ao presidente do país – como mandava o protocolo –, todavia, tinha conhecimento de que não receberia uma resposta rápida, já que a proposta passaria pelo crivo de importantes membros do governo e para que fosse positiva, a anuência teria que ser unânime.

Ele estava há muitos anos no cargo e sabia de coisas que poderiam facilmente descredibilizar seu país perante o mundo. Mas Maksim não queria guerra com ninguém, seu único objetivo era conviver com sua família e tanto seus colegas de profissão quantos seus superiores sabiam que nada sairia de sua boca, pois era um homem leal e nunca deu motivos para desconfianças, muito pelo contrário, era tido como exemplo pelos demais.

E era justamente com isso que contava para conseguir sua tão almejada dispensa.

Anna, apesar de ser contra, apoiava-o de maneira incondicional, uma vez que era o que Maksim queria.

Eles haviam se conhecido três anos antes, em um bar e logo embarcaram em um relacionamento.

Mesmo sendo um cara relativamente fechado e introspectivo, ela conseguiu se infiltrar dentro de seu coração. Aos poucos, ele foi mudando e se tornando mais leve e alegre, ao menos dentro do ambiente familiar, porque no trabalho ainda era o mesmo homem impassível e duro de sempre.

Eles tinham um relacionamento saudável, sentindo saudade quando Maksim estava ausente, brigando muito pouco quando estavam juntos e fazendo amor sempre que encontravam um tempo.

Anna era uma mulher devota à família, no entanto, Maksim a achava muito ligada a bens materiais. Tinha verdadeira adoração por roupas de marca, carros do ano e eletrônicos de última geração, coisas que, mesmo podendo comprar sem dificuldade, ele não fazia questão de ter.

DEGUSTAÇÃO - Dominando a Fúria - Livro 02Onde histórias criam vida. Descubra agora