Um passo de cada vez

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Por muito tempo, as palavras de Naruto se repetiram em um loop infinito na cabeça de Sasuke. A ideia de que Sakura não mais o amava era doloroso de aceitar.

Durante os últimos onze anos, havia se apegado à ideia do conforto que encontraria nos braços dela assim que regressasse para se manter motivado e completar a tarefa que lhe foi designado. Pensava frequentemente em como a teria em seus braços e dos filhos que teriam juntos, também pensava em todas as formas que usaria para a recompensar por todo o sofrimento que havia causado.

Era como se os deuses resolvessem castigá-lo por sua negligência. Havia encarado o amor dela como algo imutável, como algo que sempre estaria pronto para recebê-lo quando bem entendesse.

Para Sasuke, o amor de Sakura era o que o ancorava a esse plano. O amor dela era seu maior incentivo para procurar redenção e sua maior motivação para acordar todos os dias e procurar ser uma pessoa melhor. E agora, sem a existência desse amor, Sasuke se sentia perdido.

Seu lado mais possessivo o dizia para procurá-la e tomar todo o seu amor para si, mas seu lado mais racional o lembrava que Sakura tinha todo o direito de decidir seguir em frente e que ela não o devia nada, principalmente quando havia passado a maior parte de sua juventude tendo salvá-lo de sua escuridão. Enquanto que seu lado mais sombrio insistia em se sentir traído por ela ter desistido dele, assim como pela traição de Tobirama.

O Uchiha e o Senju haviam se tornado amigos durante a missão Otsutsuki. Sasuke entendia que o Nidaime procurava redenção também pelos seus erros em relação ao seu clã e pelas consequências desastrosas que seu preconceito havia gerado. Por ser alguém que também procurava perdão, o portador do rinnegan estava disposto a compreender o Senju.

Com o passar dos anos, os dois desenvolveram uma relação de aluno-mestre, juntamente com Toneri, e em certas ocasiões, Sasuke havia desabafado com o Nidaime, contando sobre os planos que pretendia realizar ao lado de uma certa kunoichi. Havia o contando da viagem ao redor do mundo que pretendia realizar ao lado dela, das histórias que queria compartilhar com ela, dos projetos que queria realizar com o apoio dela, mas agora nada disso era possível e, no centro disso tudo estava Tobirama, que sabia dos seus planos, mas agora era o principal factor que o impedia de realizá-los.

Sasuke sabia que sua pilha de erros era gigantesca e não queria adicionar mais problemas para si mesmo, principalmente por saber o quão desapontada Sakura ficaria. E era por isso que havia pegado sua mochila e saído da vila novamente, após notificar o Hokage. Queria pensar bem antes de tomar alguma decisão.

***

Após semanas se debatendo com as hipóteses, Sasuke não havia chegado a lugar nenhum e estava na hora de regressar a Konoha.

Naruto havia enviado um bilhete comunicando a decisão do conselho sobre seu projeto. O Uchiha havia solicitado a reconstrução da polícia de Konoha com o apoio de Toneri. Após terem que passar pela humilhação de serem testados por jounins bem abaixo de seus níveis, na opinião de Sasuke, os companheiros haviam sentando e elaborado um projecto completo antes de o submeter ao conselho com o apoio de Naruto, Kakashi e até Tsunade, para a surpresa do moreno. O Uchiha queria resgatar o legado de sua família, mesmo que não tivesse plano nenhum de ter filhos, pelo menos não sem Sakura. E, pelos vistos, o conselho havia aceitado.

Ao regressar a folha, o moreno dirigiu-se ao rio Naka, estava na hora de conhecer o que restava de sua família. Perto das duas residências isoladas à beira do rio, o Uchiha encontrou uma criança treinando pontaria, mas em vez de kunais e shurikens a criança usava recortes de papel.

Era óbvio para o mais velho que a criança estava tentando atirar papéis para alterar a trajetória do primeiro projétil atirado, embora não estivesse tendo muito sucesso nisso. O segundo papel acertava o primeiro, mas esse errava o alvo. Sasuke se lembrava de quando era criança e via Shisui e Itachi treinarem a mesma técnica, os dois eram extraordinários nisso. O Uchiha também se lembrava de todas as horas extras de treino que teve que fazer para conseguir o resultado que o irmão e o primo alcançaram na primeira tentativa. Por isso entendia a frustração do pequeno quando ele simplesmente parou e jogou o projeteis no rio.

To build a Dynasty - TobisakuOnde histórias criam vida. Descubra agora