Um toque de dor e desespero

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Uchiha Izuna

O barulho de chicote ecoou alto pelos corredores de nossa mansão, espera-se que depois deste som viessem uma sequência gritos de agonia, súplicas por piedade. Mas não, absolutamente nada. Pois aquele que apanhava era Uchiha Madara, talvez a pessoa mais orgulhosa que já conheci.

Por alguns segundos desejei ser forte como meu irmão, nossa diferença de idade era de quase seis anos, mas mesmo assim parecia ser impossível conseguir chegar ao mesmo nível que ele. Sua força física, capacidade mental e resistência eram implacáveis, espero que um dia ele seja lembrado como um deus shinobi.

Nosso pai nos pegou no flagra chegando tarde da noite e não aceitou respostas fáceis como treinamento ou passeio passarem em branco desta vez. Ele estava com uma determinação monstruosa em saber onde seus filhos estavam.

Como sempre Madara se pôs me minha frente, um claro sinal de proteção, e assumiu a culpa. A última coisa que pude ver foi meu pai me empurrando para o quarto e arrastando meu irmão para o porão.

Me sentia patético escondido neste quarto enorme sozinho, meu corpo tremendo involuntariamente enquanto aguço meus ouvidos cada vez mais. Quando aquela tortura finalmente irá terminar?

Sempre me perguntei por que Madara jamais revidou as crueldades de nosso pai, seria algo como instinto fazer isso, lutar por nossa sobrevivência. Entretanto meu irmão era inteligente, seria muito arriscado enfrentar nosso pai, acredito que hoje ele teria força e capacidade para fazer isso, porém depois?

O que aconteceria? Ele teria que assumir a liderança de um clã com 16 anos? Seria deserdado por assassinar alguém da própria família? Provavelmente sim, iria ter que lidar com o ódio de centenas dos Uchihas que seguiam cegamente nosso pai. Aquilo iria colocar todos em risco, não apenas os homens, mas envolveria a segurança das mulheres e crianças que ali viviam.

Outros clãs iriam se aproveitar de nosso momento de fraqueza para tentar-nos dizimar, como já ocorreu antes, os Hyugas tentaram apagar nossa existência muitos anos atrás, sem sucesso.

Nossas opções eram escassas, e então por isso ele apenas aguentava.

Por mim... por todos, a raiva incontrolável de Tajima.

Horas daquela agonia pareciam ser infinitas, e quando finalmente os dois voltaram, ouvi de longe:

- Está proibido de ver qualquer curandeira, irá deixar os ferimentos se curarem naturalmente, isso é para aprender a não mentir para mim garoto. No fim, sempre descobrirei a verdade.

E com passos largos subiu para seu andar particular. Corro até o quarto de Madara e adentro sem mesmo pestanejar.

- Você entregou a Sakura-sama? – Digo desesperado, meu coração parecia querer pular pela garganta, minha mente desbravando as possibilidades de uma fuga a essa hora, de que precisaria levar para ajudá-la a fugir antes que nosso pai fosse até ela.

Ele me olhou surpreso, provavelmente pensando que já estava adormecido á muito tempo e tenta em vão esconder o sangue que escorria de suas costas. Ele insistia em continuar a tentar esconder que apanhava de nosso pai, nunca entendi por que fazia isso, mas sempre soube que Tajima não prestava e muito menos que realmente se importava conosco.

Éramos sua herança e nada mais que isso.

Ele pegava relativamente leve, pois já havia perdido três filhos, não podia arriscar e ficar sem um herdeiro. Nossos irmãos mais velhos sofreram infinitamente mais nas mãos dele do que nós jamais poderemos sonhar.

- Fale baixo Izuna, obviamente que não contei, mas se continuar agindo assim ele logo saberá! -Esbravejou, sua voz era baixa e mortal, mas suas feições duras me reprendendo.

Lonesome ShadowOnde histórias criam vida. Descubra agora