Pouring Rain - Sillie

"Peace" - Parte 5

Oii
Me desculpem o atraso, espero que gostem 💛

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Sadie

- Termine de comer, vou te esperar lá em cima...

Observei atônita enquanto Millie escapava da nossa conversa como se todos aqueles dias de silêncio não houvessem sido suficientes entre nós. Manter a paciência e lhe dar algum tempo parecia o certo, era nítido o quanto tudo aquilo estava lhe enlouquecendo, machucando como machucava a mim. Compreendia isso, compreendia seus motivos para adiar explicações, compreendia como provavelmente temia a minha reação. O que não conseguia compreender era o fato de mal conseguir me olhar nos olhos desde que cheguei. Essa foi a razão para lhe seguir até a sala e não lhe dar opções se não falar comigo.

- O que eles fizeram com você? - Perguntei ao alcançá-la. Não conseguia supor muitos cenários para os últimos dias, não menti ao lhe dizer que me sentia prestes a enlouquecer, mas sabia de alguma forma que as coisas entre ela e sua família estavam indo de mal a pior. Nada era capaz de mexer tanto com Millie quanto os problemas com os pais - estão te culpando pelo ataque cardíaco do seu pai?

- Não é como se precisassem fazer isso - me respondeu ao se sentar no sofá, tomei um lugar por perto - ele quase morreu, minha mãe mal consegue olhar para mim, meus irmãos não têm coragem de dizer, mas definitivamente estão exaustos de que todos os problemas da nossa família sejam causados por minha causa. Sou realista o suficiente para saber que a responsabilidade é minha.

- Quais absurdos precisou ouvir deles para chegar a essa conclusão? - Conhecia Millie o bastante para saber como, em situações assim, dava ouvidos a todas as besteiras que ouvia sobre si mesma, e também sabia o bastante dos Brown para ter certeza de que não poupariam acusações a ela - não pode mesmo acreditar nisso!

- Há uma série de coisas que eu supostamente não poderia fazer e tenho feito. Deixá-la sozinha, sem notícias minhas é a primeira delas - interpretei rapidamente seu movimento de tentar me lembrar de como agiu mal ao meu respeito, para que assim eu lhe permitisse se martilizar a vontade, mas essa não era eu, nunca lhe faria se sentir ainda pior por algo que nitidamente lhe causava arrependimento. Não importava quanta raiva estivesse sentido, esse seu método sempre falharia.

- Eu sei que existe um bom motivo! - Minha segurança ao dizer isso pareceu fazê-la se sentir mal - gostaria de ter estado lá por você, ou ao menos de saber que estava bem, mas é esse o ponto, não é? Você não estava!

- Não sabia como te dizer que apenas não tinha forças para encarar tudo, para lutar por nós como esperava que eu fizesse - Ela falava como se eu houvesse mesmo alguma vez em todos esses dias desejado algo além de seu bem estar. Não me importava se esteve ou não lutando por nós. Honestamente a única coisa a importava era descobrir o que havia acontecido, e assim poder ao menos tentar agir contra a dor evidente em seus olhos, a agonia que naquele momento tensionava seu corpo, a tristeza que a mantia a quilômetros de mim mesmo que estivesse ali, bem na minha frente - eu não tinha coragem de admitir para você que não existe solução mágica, Sads, que por mais que confie em mim para consertar tudo, eu simplesmente não tenho noção de como fazer isso. Estou completamente apavorada pela ideia de te perder! - Ela ria e chorava. Tão frágil, tão machucada, tão fora de si. Desvendar seu sofrimento, entender seus motivos, vê-la dessa maneira fazia meu corpo inteiro doer. Eu odiava cada um deles, desejava com tudo de mim as piores coisas aos envolvidos nisso. Não era justo. Não com ela. Não com a minha Mills - esses dias foram tão infernais, e o tempo inteiro eu só conseguia pensar em quanta sorte eu tenho por ter o que temos, e que não suportaria minha vida sem você outra vez, que se te perdesse eu iria...

- Não vai me perder, isso é loucura! - Interrompi horrorizada. Abrir mão dela, de nós, não era sequer uma hipótese para mim. Egoisticamente me magoava que ela não soubesse disso - Mills, nada disso muda nada entre nós! Por que mudaria?