Pouring Rain - Sillie

"The Scientist"

Oii 💛

Esse provavelmente foi o capítulo mais difícil que escrevi até aqui então me perdoem se não for tudo que se espera.
Boa leitura! 💛

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De repente foi como se pudessem assistir enquanto cada uma das ilusões criadas por elas naqueles meses começassem a se desfazer bem ali diante de seus olhos. As promessas se quebravam de maneira implacável, os planos que fizeram, os sonhos que sonharam, todas as coisas que juraram ter data marcada a se concretizarem, agora se esvaindo de seus dedos sem que fosse possível fazer algo a respeito, sem que pudessem sequer tentar impedir.

A parte inconcebível era que nenhuma delas desejava verdadeiramente o fim. Era mais do que nunca difícil compreender toda a complexidade que envolvia relações amorosas. Mas infelizmente muito fácil desvendar porquê era tão comum de se ver por aí tantas pessoas apaixonadas que acabavam não ficando juntas. Querer não bastava, amar não bastava, e pedir com todas as forças que os problemas desaparecessem não fazia com que eles de fato fossem embora. Era ironico.

Ironico, porquê tinham certeza que aparentariam a qualquer um serem o casal perfeito; ironico porquê haviam desejado por tempo demais aquele namoro para ver tudo acabar tão rápido; ironico porquê estiveram vivendo um sonho, uma fantasia, a melhor experiência de suas vidas; e principalmente era ironico porquê não podiam imaginar nem por um segundo como seria viver se não estariam mais juntas. Não fazia sentido algum um mundo onde não existiriam, onde o amor entre elas seria passado.

O nó na garganta, o aperto no peito, a dor que partia de algum lugar profundo demais para ser identificado tomando seus corpos quase como uma doença. Ali onde tudo começou e agora terminava, revendo o princípio, o meio, e o final, todos os dias de amor, todos os dias de angustia, elas se fitavam como fizeram por tantas vezes, mas agora imaginando o que seria de suas crianças perfeitas, do jardim na casa em Malibu, da fazenda na França, da cerimônia de casamento, da dezena de bichinhos que adotariam juntas.

Millie se pegou pensando que talvez não estivesse abrindo mão somente do presente ao lado de Sadie, talvez estivesse colocando em jogo todo seu futuro, sua felicidade, a vida de verdade que tanto almejou. Ela queria acreditar que ajustaria tudo, que daria a chance a Sadie de ser feliz enquanto colocaria a vida nos trilhos, e que mais tarde quando estivesse finalmente pronta a garota estaria lá para viverem todos aqueles planos, sonhos e promessas; queria acreditar que o amor delas seria forte o bastante para passar por mais esse obstáculo. Mas ela sabia que era incerto demais, ela sabia que não poderia prever se algum dia iria verdadeiramente sentir que merecia Sink, ela sabia que talvez fosse ser tarde demais quando finalmente pudesse lhe oferecer tudo o que desejava. 

E era por isso que aquelas lágrimas corriam tão grosseiramente por seu rosto, era por isso se sentia tão trêmula, pequena, e perdida. A noite estava indo embora, e talvez com ela tudo o que teve de melhor em sua existência, tudo o que ainda teria. Uma última vez ela quis ser egoísta, ela desejou poder mantê-la por mais um dia que fosse, ela cogitou a hipótese de desistir de tudo. Mas não fez.

- Eu posso esperar por você, Mills... - Sadie também estava chorando quando lhe disse aquilo, parecendo estar lendo todos seus pensamentos sentada por perto na cama bagunçada por elas - eu sei que não quer de verdade que as coisas sejam assim. Eu juro que posso esperar!

- Eu não posso te pedir por isso... - sua voz não teve forças o bastante para sair a princípio, mas ela sabia que Sadie podia ouví-la - eu não quero que faça isso, não quero que perca mais nenhum dia da sua vida por minha causa. Você já sofreu o bastante.

O que disse pairou por um minuto, porquê Sadie não sabia ao certo como lidar com o que ouvia. Pouco importava quanta beleza havia na decisão da britânica, em sua vontade de protegê-la, em sua generosidade em libertá-la. Continuaria se machucando e se frustrando dia após dia se isso significasse que ficariam juntas, se significasse que a manteria consigo. Mas Millie estava lhe impossibilitando de fazer isso, Millie estava agindo como se somente ela devesse se sacrificar, como se coubesse somente a ela o lado generoso do amor. Isso a fazia odiá-la de certo modo, amá-la mil vezes mais de outros, e querer também implorar para que parasse.