"Somewhere Only We Know" - Parte 3

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NÃO AUTORIZO CÓPIAS, PLÁGIO É CRIME!

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Oii 💛
Voltando com um capítulo pequeno só pra vocês não morrerem de esperar enquanto escrevo o próximo. Espero que gostem 😘

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O cheiro de hortelã se espalhou pelo ar enquanto Millie tomava um lugar na bancada da cozinha naquela madrugada, com sua xícara de chá fumegante de companhia, e a chuva assustadora que batia nas enormes janelas de vidro como entretenimento. Sua esperança era de que isso lhe ajudasse a encontrar o sono perdido, mas a verdade era que estar ali só lhe fez dar ainda mais espaço aos pensamentos que a impediram de dormir antes.

Lembrar das poucas horas passadas ali com Sadie causava borboletas no estômago, e ao mesmo tempo um sentimento forte de impotência. A felicidade de estar com ela sempre era um pouco dolorosa também, mas dessa vez parecia ainda pior. Provavelmente dado ao lugar onde estavam, a saudade que sentiram naquele mês, e a conversa sobre o futuro que acabou em dança, risadas e mais planos.

Quem poderia dizer a alguns meses atrás que estaria vivendo tudo aquilo com a melhor amiga? Sadie sempre pareceu um desejo tão inalcançável, algo tão proibido, que ela nunca, nem em mil anos, teria as visto em uma situação como aquela, conversando sobre sonhos que tinham em comum, sobre coisas que gostariam de viver lado a lado. E que agora em meio a madrugada, depois de se despedir da ruiva para dormirem em quartos separados, longe do risco de acabarem cruzando algum limite, ela percebia se tratarem de enormes ilusões.

A bagunça que haviam se transformado graças a sua covardia, as coisas que estavam deixando de viver. Millie começava a se perguntar se havia algum sentido em tudo isso. Abrir mão de um relacionamento para não acabar destruindo tudo entre elas, mas trazer sofrimento de qualquer forma com sua total incapacidade de se manter em uma distância segura.

Sadie deveria ter mesmo razão em insistir que de qualquer forma teriam que aprender a lidar com isso, por mais árduo que fosse. Ela teria que ser mais forte e mais decidida, e teria que aprender a sustentar suas decisões se pretendia não acabar magoando a melhor amiga outra vez. Mas como era difícil fazer isso, como era difícil dar ouvidos ao lado racional de Sadie, quando toda sua irracionalidade gritava por ela. Aquela garota estava em cada fibra do seu ser. Sentia que sua necessidade de amá-la poderia acabar lhe matando a qualquer momento se não fosse sanada.

- Bobby, também não consegue dormir? - Sadie e seus olhos azúis incrivelmente brilhantes e sonolentos surgiram ao seu lado lhe tirando de seu devaneio - posso tomar isso?

- Claro... - Millie lhe empurrou a xícara na bancada e a observou dar um gole antes de se sentar - eu estava me revirando na cama quando começou a chover, acabei vindo preparar um chá.

- Acordei com um relâmpago, ia me esconder no seu quarto, mas você não estava lá - se pareceu muito com uma queixa o que acabou fazendo a britânica rir - por que sempre chove quando estamos juntas?

- Deve ser o universo tentando nos mandar algum sinal - tirou do rosto amassado da ruiva os cabelos bagunçados quando ela se sentou ao seu lado lhe devolvendo a xícara.

- Sinal bom ou ruim?

- Sinais sempre são bons...

- São?

- Qualquer coisa que me indique uma direção é visto positivamente por mim - a morena voltou a provar a bebida quente.

- Você prepara um bom chá - Sadie elogiou ao se recostar em seu ombro preguiçosamente em um abraço desajeitado.

- Sou britânica, é minha obrigação! - A fez rir - está com fome? Eu posso preparar um sanduíche.

- Não, estou bem - negou agradecida - estava sonhando com você antes de acordar...

- Comigo? - Millie se virou para encará-la, interessada - um bom sonho?

- Não lembro bem... - ela deu de ombros pensativa, acabando curiosa pela risada maldosa que veio da melhor amiga - o que foi?

- Significa que foi um sonho quente quando alguém diz que sonhou com você e não se lembra do que aconteceu - explicou como se esperasse que fizesse todo sentido do mundo.

- Desde quando?

- Desde sempre?

- Que besteira - Sadie balançou a cabeça em negação - eu me lembro de estarmos juntas, me lembro de estarmos aqui, e não era sexo, era uma discussão.

- Ótimo, agora brigamos nos seus sonhos também!

- Não parecia sério, era casual e bobo, como as brigas que você citou que imagina no nosso futuro - ela voltou a beber do chá - mas como eu disse, não me lembro direito, só sei que foi ruim ser tirada de lá...

- Quer voltar para a cama e continuar de onde parou? - Millie sugeriu inocentemente, mesmo assim recebeu em troca um olhar desconfiado da ruiva - qual é? Dessa vez não foi de propósito!

- Eu sei, é só que isso traz boas lembranças - admitiu em uma risada - das quais eu provavelmente não deveria estar falando agora - ponderou sem jeito - me desculpe, é mais difícil fazer isso com sono.

- Está tudo bem... - a britânica tirou dela a xícara vazia e após deixá-la de lado, pegou sua mão para levá-la dali - são mais de três da manhã, não é de se esperar que estejamos fazendo sentido a essa hora.

- Que bom, porquê olha que enorme hipocrisia eu correr para sua cama no meio da noite depois de dizer que o melhor era ficarmos em quartos separados - Sadie se queixou sendo puxada da escada para o corredor - não deveria me aceitar.

- Ah, mas você fica tão fofa nesses pijamas azuis! - Brown foi a primeira a se jogar na cama quando adentraram a suíte principal - e eu realmente preciso me aproveitar do seu colo para vencer minha insônia - ela afastou os cobertores para que a amiga tomasse o lugar a seu lado e bateu no colchão para atraí-la - vem, você pode ser a conchinha de dentro dessa vez!

Sadie gargalhou impossibilitada de negar, apagando o abajur na mesa de cabeceira na sequência, e se apressando em entrar no espaço oferecido. Millie tratou de trazer os cobertores de volta para aconchegá-las, se apertando no mesmo travesseiro que ela para garantir o máximo de proximidade possível, envolvendo-a em um abraço apertado.

- Isso é tão bom... - Sink murmurou baixinho, sentindo o sono retornar conforme o conforto de estar ali com ela se estabelecia, pensando que talvez houvesse um equilíbrio afinal. Um meio termo entre a amizade e o amor. Um jeito de manter o carinho e a proximidade sem exceder os limites. Momentos assim não precisariam ser evitados se soubessem lidar com eles. Elas só precisavam aprender.

- É ótimo! - Millie se inclinou para lhe beijar a bochecha - boa noite, Elizabeth!

- Boa noite, baby... Bobby! - A ruiva se apressou em se corrijir quando se deu conta do erro - ...eu quis dizer Bobby!

Era tarde para correções, tarde para fingir que não disse, Millie já ria a plenos pulmões como se houvesse acabado de escutar a melhor das piadas. E como um imã atraído contra sua vontade a algo mais forte que ele, Sadie acabou por se unir a ela.

Um momento bobo no meio da madrugada, risadas sem fundamento, escuridão, barulho de chuva, memórias doces daquela noite inteira, e Sink se deu conta de que nunca havia amado tanto alguma coisa como amava aquela garota. A noção disso veio de forma assustadora, causando uma pausa brusca em seu coração e em sua risada. Ela fechou forte os olhos e respirou fundo. Desejando silenciosamente que a sensação não passasse nunca, que nunca precisasse experimentar a fúria desses sentimentos caso tudo acabasse mal.

- Está tudo bem? - Millie se certificou estranhando seu silêncio repentino.

- Melhor que nunca...

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Essa troca de "Bobby" por "Baby" foi inspirada em um comentário da Prettysinkbrown, então todos os créditos pra ela 😅💛

Pouring Rain - SillieOnde histórias criam vida. Descubra agora