Elain
As noites de terça-feira costumavam ser meu horário favorito da semana. Nuala sempre levava algum prato novo delicioso e tinha assuntos infindáveis.
Mas agora Nuala havia desaparecido e eu não poderia fazer nada além de esperar a polícia encontrá-la.Isso estava me corroendo por dentro, eu só queria minha amiga de volta, ao menos saber se ela estava bem. Mas a polícia da cidade era lenta, apesar do tal Lucien Vanserra parecer competente, além de surpreendentemente atraente, eu até poderia dizer que ele era o homem mais bonito que já tive o prazer de ver.
Porém, ficar divagando sobre o cabelo fascinante dele que me lembrava lava derretida não iria fazer Nuala voltar.
Apesar de me sentir um pouco patética fazendo isso, preparei um jantar para duas pessoas, como se fosse uma terça feira normal. Sim, isso era estranhamente mórbido e eu agia como se Nuala estivesse morta. O que eu sabia que não era possível, ela era forte demais para deixar alguém ou algo tirar sua vida tão facilmente.
No momento que coloco a travessa na mesa ouço um carro parando no outro lado da rua, automaticamente fui olhar pela janela para ver quem era e amaldiçoei Inez por me fazer tão fofoqueira quanto ela. Quando afastei a cortina consegui ver um Chevy Impala 1967 estacionando em frente a casa de Nuala e Graysen, fiquei um pouco confusa já que nessa noite Graysen não estava em casa e obviamente aquele carro não era de nenhum conhecido dele.
E com certeza fiquei ainda mais confusa quando Lucien Vanserra desceu do carro. Em toda sua glória com um sobretudo marrom e seu cabelo preso em um coque com alguns fios emoldurando seu rosto.
Assisti ele tocar a campainha de Graysen três vezes e ficar cada vez mais frustrado, até que uma ideia se passa pela minha cabeça. Não é uma boa ideia, na verdade é péssima. Mas isso não impede meus pés de seguirem para a porta e abri-la.
Lucien ouve a porta ranger e se vira em minha direção, seus olhos se arregalam um pouco e sua boca se separa em surpresa. Levanto minha mão em um aceno e ele faz o mesmo. Então faz o que eu secretamente estava esperando, começa a andar até minha porta.
— Srta. Archeron, boa noite — ele fala com um leve sorriso que ameaça parar meu coração.
— Eu já disse para me chamar de Elain, Detetive Vanserra.
— Então eu insisto que me chame Lucien — aquele sorriso de alargou mais e sinto um calor de espalhar pelas minha bochechas. Ai meu Deus. Como posso ficar tão afetada assim por esse homem? Chega a ser vergonhoso. Ele só sorriu pra mim, sim foi um sorriso deslumbrante que provavelmente já fez calcinhas derreterem mas isso não é motivo suficiente para eu agir como uma adolescente apaixonada.
— O que faz aqui tão tarde, Lucien? — perguntei tentando fugir dos meus pensamentos infindáveis sobre o sorriso dele.
— Vim conversar com Graysen, ele não está atendendo nenhuma ligação desde que denunciou o desaparecimento de Nuala.
É claro que não estava atendendo. Provavelmente estava em algum motel barato com a amante. Deus, ele nem tentava disfarçar, sua esposa estava desaparecida e ele não se dignou a dar um depoimento decente.
Minha raiva deve ter aparecido no meu rosto porque Lucien estava me encarando com os olhos confusos e sem sinal daquele sorriso lindo nos lábios.
— Está tudo bem, Elain? — ele pronunciou meu nome lentamente, como se estivesse testando a palavra.
Limpei a garganta tentando colocar uma expressão mais amigável no rosto e esquecer o cafajeste do Graysen.
— Sim, sim. Eu só… Eu realmente odeio Graysen.
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No Body, No Crime
RomanceQuando acontece um desaparecimento na pacata cidade de Velaris, Lucien Vanserra fica praticamente sem pistas ou ideias para resolver o caso. E a única pessoa que pode ajudá-lo é Elain Archeron. *Baseada na música "no body no crime". Todos os persona...