Menteur means liar

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Elain

  A quantidade de ideias péssimas que eu estava ultimamente me fez questionar se minha suposta inteligência ainda existia.

  Convidar Lucien para jantar na minha casa não foi uma boa ideia, aceitar a mão que ele me estendeu não foi uma boa ideia, não soltar a mão dele não foi uma boa ideia.

  Mas tudo isso foram apenas… deslizes, nada comparado a tragédia fenomenal que eu estava prestes a fazer.

  Desde semana passada a ideia de invadir a casa de Graysen não saia da minha cabeça - em parte porque a risada que Lucien soltou quando eu sugeri isso também não saia da minha cabeça -.

  Era incrivelmente estúpido, provavelmente inútil e eu definitivamente iria acabar sendo presa por invasão de domicílio, mas essas coisas acontecem.

  Sinceramente, achei que seria mais difícil invadir a casa de alguém e que teria que fazer algo digno de Missão Impossível. Mas foi muito simples. Nuala me contou que sempre deixavam uma chave em uma vela ao lado da porta, e como Graysen não estava em casa, pude entrar sem preocupação.

  Eu sempre adorei essa casa, Nuala cuidava dela com tanto carinho e dedicação que sempre me senti muito bem aqui. Mas essas poucas semanas em que ela sumiu transformaram a atmosfera de todo o lugar em algo pesado e morto.

  Entrei em casa e andei o mais silenciosamente possível, mesmo sendo terça-feira e eu sabendo que não tinha ninguém em casa.

  Cada passo meu imperceptível, subi pelas escadas de madeira escura até o segundo andar e fui até o quarto de Nuala. Sim, eles tem quartos separados    - como diabos eles continuam casados? -. Abri a porta e fui atingida pelo cheiro de Nuala, doce e suave. Tudo parecia normal para mim, a cama perfeitamente arrumada com um jogo de lençol azul, a mesa de cabeceira creme, a luminária vintage, a penteadeira cheia de produtos. Tudo no mesmo maldito lugar de sempre.

  É claro que Graysen não deixaria uma pista óbvia, não teria um bilhete escrito "Enviei Nuala para um hospício porque sou um homem terrível e não aceitei quando ela tentou me dar um pé na bunda".

  Mas deveria ter algo, precisava ter. Eu não poderia deixar ele se safar disso. Não fácil assim.

  Sai do quarto de Nuala e fui até o quarto de Graysen do outro lado do corredor, talvez ele não tivesse sido tão cuidadoso assim.

  Quando abri a porta do quarto dele, me deparo a pior coisa e mais improvável possível.

  Lucien Vanserra.

  Ok, isso não era tão improvável considerando que disse para ele invadir essa casa há quatro dias. Mas isso não me impede de me assustar e gritar assim que vejo seu rosto.

  Lucien parece tão surpreso quanto eu devo parecer, provavelmente mais.

  — Elain!? — Lucien grita quando seu cérebro digere a informação de que eu estou aqui.

  — Shh. — eu digo fechando a porta atrás de mim.

  — Não venha com "shh" pra mim. O que você está fazendo aqui? — ele caminha até mim e tenho que lutar um pouco com a vontade de ficar em silêncio só para ele ficar com essa expressão de raiva no rosto um pouco mais, não consigo decidir se a coisa mais sexy que já vi ou muito fofa.

  — O que você acha, Detetive? Estou invadindo — me aproximo da mesa de cabeceira e começo a procurar algo nas gavetas — Honestamente não sei porque está tão surpreso, levando em conta que eu disse para você fazer isso.

Lucien fica quieto e estranhamente imóvel, não sei exatamente como sei disso já que estava de costas para ele, mas meu corpo parece sentir qualquer movimento que ele faz. Me viro para olhá-lo e o encontro me encarando, boca aberta em surpresa, olhos semicerrados e punhos fechados ao lado do corpo. Tudo indica que vou levar uma bronca.

No Body, No Crime Onde histórias criam vida. Descubra agora