Capitulo 4 - Prazer, Delilah.

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Domingo, 2019.

 Sinto meus dedos das mãos e dos pés formigarem, minha boca está completamente seca, tanto que minha garganta dói, sinto como se o meu corpo todo estivesse dormente. Tento abrir meus olhos, e a claridade faz eu me arrepender disso, olhando em volta, pareço estar em um hospital, tudo é branco, sinto cheiro de luvas de plástico, a sala é bem iluminada e silenciosa. 

 Uma cortinha está em minha volta, mas consigo ver a sombra de alguém do outro lado, um homem. 

Jisung?

 Então me lembro de ter surtado com ele e seu namorado mal-humorado de cabelo roxo, me lembro do seu sangue quente escorrendo pelos meus dedos, e me lembro de ver um anjo antes de apagar.

 A quantos dias eu estou dormindo? Onde eu estou?

Eles não tiraram nenhum órgão meu, não é?

 Tento me sentar, mas então percebo que minhas mãos estão amarradas na cama, assim como meus pés. Levantando um pouco meu pescoço consigo ver que tem uma grande coberta em cima de mim, cobrindo todo o meu corpo.

 Eu estou nua?

 Sinto pânico, medo, raiva, desespero, por um segundo sinto que vou desmaiar. Sinto todo o meu sangue deixar o meu corpo, a vontade de gritar, correr e me esconder é enorme.

 Não, isso não esta acontecendo. 

 CARALHO. 

 De novo não.

 Tento puxar minhas mãos lentamente, mas as correntes acabam batendo no metal da maca, o que causa um certo barulho. Então a cortina é puxada uns segundos depois, e um homem com jaleco branco, cabelos castanhos bem penteado para trás, está lá, me analisando.

Um médico?

- Delilah? - Ela me chama em um tom baixo, sem se aproximar.- É voce mesma?

 Tento responder, mas minha boca ainda está seca e minha garganta arranha quando tento falar, o garoto então da a volta na minha maca e pega uma garrafa de água, despejando em um copo de plástico laranja, ele aproxima o copo da minha boca, mas eu viro a cabeça rejeitando. 

 Porra, eu mataria por um copo de água agora, mas não sei quem ele é e nem o que tem nesse copo, e se tiver alguma droga?

- Delilah, por favor. Eu só quero ajudar.- Não obtendo resposta da minha parte, o médico respira fundo, frustrado. - Me chamo Seungmin, sou amigo do Jisung e do Minho, tambem sou o médico do acampamento.

 Continuo não olhando para ele, isso não ajuda muito, aqueles dois mentiram pra mim, certo?

- Certo, olha, eu vou tomar a água desse copo, o que acha? Se eu tomar tudo e ficar bem, voce pode tomar um tambem, certo?

 Viro minha cabeça lentamente, pensando em suas palavras, isso faz sentido. Olho em seu rosto, muito bonito por sinal, e faço que 'sim' com a cabeça. 

 Então o médico toma um grande gole de água, que até escorre pelo canto da sua boca, vira completamente o copo e então me mostra o fundo, vazio.

- Prontinho, viu? Não tem nada aqui. - Então ele enche o copo novamente e o aproxima da minha boca. - Sua vez agora.

 Ainda meio desconfiada, eu deixo que ele aproxime o copo dos meus lábios lentamente, então quando ele vira o copo e a água gelada entra passa pela minha garganta, chego a me engasgar e tossir um pouco.

- Com calma. Voce ficou muito tempo sem tomar alguma coisa.- Ele fala enquanto limpa o canto da minha boca com um pequeno lenço azul.

 Escuto um barulho alto, metálico, e outro garoto aparece no cômodo. E quando meus olhos encontram seus olhos, meu corpo congela no lugar, aqueles cabelos roxos se destacam em uma sala tão branca.

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