PARTE 1 - (7 anos antes)"Já pensou se eu tivesse parado
Desistido no meio do caminho
Quando a chuva escorria na telha
E a mesa mais farta era a do vizinho?
Quantas vezes me senti sozinho
Incapaz de olhar pro espelho
Mas capaz de exercer minha fé
E expressar minha dor chorando de joelho"
(Um Pedido - Hungria)
Alex
― Vamos Alex! Hora de acordar! Se não você irá se atrasar! ― Ouvi aquela vozinha tão gostosa na porta me chamar, mas não me movi na cama. Estava tão cansada. ― ALEX! AGORA!
Uma pessoinha loira entra pela porta aberta e começa a pular na cama.
― Acorda, Lexy! Acorda! A.COR.DA! A vovó já cansou de te chamar.
Seguro rapidamente as perninhas do meu irmão espoleta de cinco anos, fazendo-o cair na cama. As suas gargalhadas me fazem rir junto.
― Seu espertinho! Você não deveria estar pronto para a aula, não? ― Encho-o de cócegas na barriga, fazendo-o gritar alto, só parando quando ouço um chorinho no quarto ao lado.
Nossa casa é pequenininha, onde moram seis pessoas em 45 metros quadrados divididos em 2 quartos, um banheiro e cozinha/sala/quarto do Alan. Sim é apertado, ainda mais se minha mãe não parar de ter filhos, mas somos cheios de alegrias apesar da falta de espaço físico e recursos financeiros.
― Você acordou a nossa Estelinha, Bene.
Levanto da cama de solteiro que dividimos e entro no outro quarto, que possui uma cama de casal que minha mãe divide com a minha avó Margarida e nossa caçulinha, Estelinha, de 1 ano.
― Oi meu amor, nós te acordamos foi?
Somos quatro irmãos, todos diferentes e de pais diferentes, bom, menos eu e o Alan, meu irmão gêmeo. O que temos de iguais na aparência, temos de diferentes no comportamento. Enquanto tudo que eu mais quero é sair dessa favela e dar um lar melhor para a minha família, Alan só quer curtir a vida e festejar no "fluxo" com os amigos doidos.
Eu, mamãe e vovó nos desdobramos para cuidar dos mais novos, da casa e das finanças, já aquele folgado do Alan só sai para zonear, isso quando não gasta as economias que juntamos com besteiras.
Nossa última briga foi porque o cretino arrumou um carro velho e decidiu que iria transformá-lo em uma "maquina". Aquela porcaria consumiu quase três salários inteiros, porque o infeliz fez uma "pequena" dívida com agiota para no fim o carro não sair da calçada. A sorte é que conseguimos pagar tudo e nos livrar do agiota com a ajuda de um dos amigos dele, o Dennis. Mas desde então nós dois não estamos nos falando direito.
Minha mãe, Rosa, é enfermeira e trabalha em dois empregos, além de sempre que pode pega plantões, tudo para nos sustentar. Ela quase nem vê a Estelinha e o Bene. Minha avó tem a sua quitandinha em Paraisópolis mesmo, para ser mais exata, no andar de baixo da nossa casa, e graças a Deus é bem movimentada, porém como tem que ajudar com os netos mais novos não consegue ficar muito tempo aberta.
E eu?
Bom, eu estou me desdobrando entre trabalhar como garçonete em um clube de grãs finos chamado Alpha Fênix, durante a noite enquanto faço faculdade em período integral de Direito.
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Coração de Aço
RomantizmO que o tempo é capaz de fazer com um coração quebrado? Alexandra Romani é uma estudante de direito, que desde muito nova luta para ajudar a sua família a mudar a sua situação difícil de vida. Ela nunca soube o que era viver realmente, saindo de ca...