CAPÍTULO 3 - O início do problema

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"Tem vezes que o dia amanhece nublado

Mas dentro de mim sempre tem céu aberto"

(Céu aberto - Marcelo falcão e Hungria)

ALEX

    Prestar atenção na aula estava sendo difícil, ainda mais depois de ter dormido somente 3 horas nesses últimos dias. Com os relatórios prontos daquela quinzena, hoje poderia dormir um pouquinho mais, isso se o senhor Teixeira não me fizesse esticar o horário no clube como andava fazendo.

    ― Hey Alex, tudo bem com você? ― Escuto uma voz baixinha atrás de mim.

    Viro devagar para o professor não chamar a minha atenção e encontro Fred, com aqueles olhos negros vidrados em mim. Concordo com a cabeça e viro novamente para tentar voltar a prestar atenção na aula novamente, mas meus olhos pesavam tanto que estava cada vez mais difícil esconder as pescadas.

    ― Minha aula está te entediando, senhorita Romani? ― O professor Antônio fala

    Demorou um pouco para eu entender que as risadas eram sobre mim, além da chamada de atenção.

    ― Na...não senhor, professor. ― Esfrego as mãos na calça surrada, já sentindo o suor brotar nelas.

    Movo meus olhos pela sala lotada de rostos segurando risadinhas, abaixo a cabeça, com vergonha, me sentindo acima de tudo exausta.

    ― Por que a senhorita não vai dar uma volta, senhorita Romani? ― O professor continua ― Deixa para os interessados assistirem a aula.

    ― Não, professor! Eu estou super interessada ― Imploro ― Estou bem! ― Falo desesperada. Fred intercede por mim, mas nada convence o professor Antônio, que me dispensa mesmo assim.

    Pego minhas coisas e me retiro da sala, escutando os risinhos agora mais altos. Não entendo o que tem de engraçado para aqueles riquinhos rirem tanto de mim. Eu estava tentando poxa, ninguém consegue ver isso? A aula era interessante, o problema era que eu não dormia direito a dias!

    Estudei como nunca nessas últimas semanas. Entreguei todos os trabalhos antecipados, além daqueles relatórios de todas as aulas, reforço, de TODAS as aulas da semana para a professora Joana e já adiantei alguns para as próximas semanas. Trabalhei todas as noites, sem contar nos finais de semana que dobrei os turnos para conseguir ganhar mais e tentar repor a minha reserva de emergências que o Alan e aquela droga de carro detonaram. Mesmo com o elogio da professora Joana e minha nota subindo, parece que não me acham interessada o suficiente para estar aqui nesta faculdade e daqui a pouco nem merecedora da bolsa.

    Sentada em um banco perto da entrada da faculdade, não aguento segurar e deixo as lágrimas descerem.

    Droga

Droga

Droga

    Realmente, estava ficando cada vez mais difícil. Já até to esperando o email da professora Joana falando poucas para mim sobre ter sido expulsa da aula.

    Droga!

    ― Alex?

    Enxugo meu rosto rápido e viro o rosto.

    ― Oi Fred. Por que você saiu da aula?

    Ele aponta para o meu lado e eu concordo com a cabeça.

    ― Acabou a aula.

    Olho para o relógio prateado no meu pulso, me tocando que fiquei quase uma hora sentada naquele banco.

Coração de AçoOnde histórias criam vida. Descubra agora