10. Deixar com que a água do mar lave as dúvidas

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Depois de andar um pouco e talvez ter fechado dois carros no caminho percebi que Caio estava se dirigindo a estrada e perguntei para onde estava me levando. Não tive respostas, nem ao menos alguma dica, mesmo após algumas outras tentativas, assim desisti de insistir e apenas apreciei toda cena que estava a minha volta.

— Você não tinha que trabalhar hoje? Acho que não vai dar tempo de voltar até às 13:00. — perguntei para Caio, preocupado em faze-lo perder a hora.

— Henrique, você decorou o meu horário? — respondeu rindo.

Senti minhas bochechas esquentando porque, era claro que não decorei o horário, mas também não podia afirmar que não tinha prestando muita atenção para caso essas informações fossem necessárias.

— Eu avisei que não ia à tarde.

— Mas você pode faltar? — disse pensando que deveríamos voltar e almoçar em algum lugar mais próximo, para que Caio não tivesse nenhum problema no trabalho dele.

— Rique, se um advogado importante pode faltar às vezes, eu também posso, tá bom? — Apenas balancei a cabeça, fiquei assistindo à estrada e, por algum motivo, segurei a mão dele que estava no câmbio automático.

Então, acabei dormindo.

Não sei falar quanto tempo tinha passado, mas Caio me chamou baixinho, passando a mão no meu rosto até acordar e avisou que tínhamos chegado. Ainda estava meio devagar por ter acabado de cochilar, entretanto notei que despertar e olhar para esse menino sorrindo, com os olhinhos brilhando, era uma das melhores coisas que já presenciei.

— Chegamos onde, Caio? — disse com a voz um pouco rouca.

— Na praia! — respondeu feliz.

Eu me virei rapidamente para ver o mar. Caio tinha estacionado do lado de um quiosque e como era dia da semana estava bem vazio. Não consegui o esperar e já sai do carro para sentir a brisa do mar no meu rosto.

— Não acredito que você trouxe a gente aqui. — falei animado olhando para o mineirinho que também estava de pé com os olhos em mim. — Você tinha que ter me contado para eu, pelo menos, comprar uma roupa adequada.

Caio, do jeitinho que estava me acostumando de o ver fazer, apenas riu de mim e balançou a cabeça.

— A gente compra o que precisar aqui. Ali olha — apontou para uma loja de praia — vamos lá e pronto.

Peguei um short de praia, o primeiro que vi, uma toalha e um chinelo e já estava ansioso para voltar para perto do mar, parecia uma criança de 5 anos. Mesmo com todos aqueles sonhos de água, continuava animado para ficar perto dela e colocar o pé na areia. Caio demorou um pouco mais para escolher o que queria, mas assim que estava perto do caixa já fui correndo para pagar e puxei a mão dele de volta para o quiosque próximo ao carro.

Troquei de roupa no banheiro do quiosque e fui correndo colocar os pés na areia, nem lembrava ao certo onde estavam as minhas sandálias. Alguns instantes depois Caio apareceu vestido e sentou na cadeira ao meu lado. Ele ia pedindo uma caipirinha até que fiz cara de bravo.

— Caio! Você não parece o tipo de pessoa que vem na praia para beber, mesmo porque vai dirigir de volta. Você me trouxe, você me devolve. — ele riu. — Agora levanta daí e vamos para a água.

— O que não faço por você, Rique? — Respondeu rindo e me seguindo.

Nós ficamos bastante tempo só nadando e conversando no mar sobre qualquer coisa, nosso dialogo não tinha exatamente começo, meio e fim porque eu estava empolgado demais mergulhando no mar. Eventualmente, Caio reclamou que devia um almoço para ele e voltamos para o quiosque. Nós pedimos mais peixe do que aguentaríamos comer, e nos deliciamos com tudo aquilo. Quando acabamos o mineirinho foi imperativo com seu desejo de tomar sol.

Ele fez o que eu queria, então era a vez de fazer o que Caio pediu.

O mineirinho colocou as toalhas em cima da areia uma do lado da outra e deitou de costas, fechando os olhos por causa do sol. E eu não conseguia parar de fitar o seu corpo. Caio não era musculoso, e não parecia aquele estereótipo de homem gay que ficaria o dia inteiro na academia e usava sungas minúsculas na praia.

Ele era apenas o Caio.

Mas ser só o Caio era muito para mim. Gostava de ficar o olhando, notar as pintinhas que tinha no tronco, do jeito que sua pele, por ser muito branca, já estava avermelhando com o sol, de como o vento fazia arrepiar todos os pelos do seu corpo.

Notei também como as pernas dele eram musculosas, talvez fazia academia que nem eu, ou subia muitos morros. Deveria ser isso, mineiros adoram um morro. Observei até o seu pé, que parecia grande demais para o resto do corpo, desproporcional, mas de um jeito que fazia ainda mais especial.

Talvez, mas não tinha certeza ainda, estava começando a ter sentimentos por Caio. Mas quais tipo de sentimento, se eu era hetero?

— Rique! Para de me olhar assim. Você está me deixando com vergonha.

Não tinha reparado que passei tanto tempo olhando para Caio, e muito menos que ele tinha visto isso. Fiquei tão envergonhado que não sabia o que dizer, então, apenas deitei do seu lado e fiquei encarando o céu.

Aquilo tudo estava me deixando incomodado. Minha cabeça não parava de pensar no que esses sentimentos significavam, e todas as vezes que analisava isso me lembrava da psiquiatra e da conversa sobre os meus sonhos cheios de água.

Virei-me de barriga para baixo, por causa do sol e lembrei, claro, do último sonho, em que estávamos na praia e beijei Caio. Fiquei, mais uma vez, fitando-o, esperando que algo acontecesse. Acho que passei grande parte da minha vida aguardando que outras pessoas tomassem decisões por mim.

— Caio — disse um pouco alto demais, pois o assustei — que horas a gente pode entrar na água de novo? Faz quanto tempo que a gente comeu?

Ele me olhou com um olhar de preocupação, talvez tenha dito essas frases com seriedade demais.

— Tá tudo bem, Ri?

— Tá, é claro, só quero voltar para o mar mais um pouco, é já, já que a gente vai ter que voltar. Queria aproveitar o máximo possível. Só isso. — Como ele continuou me olhando confuso, resolvi ir sozinho.

Fiquei apenas sentindo as ondas batendo no meu corpo e pela primeira vez em um bom tempo, não pensei em nada, estava só ali, tentando, talvez, fazer as pazes com aquele tanto de água que me rodeava. Até que Caio se juntou a mim. E, sem pensar muito no que estava fazendo, cheguei perto dele.

— Eu posso te dar um beijo, Caio? Um de verdade.

Ele franziu a testa e pensei sobre o que tinha falado de eu ter namorada e que não era o tipo de pessoa que fazia isso. Fiquei envergonhado no mesmo instante e apenas abaixei a cabeça começando a me afastar, mas senti sua mão segurando o meu braço.

Devagar ele a subiu até meu pescoço e me puxou para perto de seu corpo. Percebi que Caio estava esperando que eu desse o último passo, que o beijasse, e por maior que tenha sido o meu medo, sabia, em algum lugar dentro de mim, que precisava tentar.

Coloquei minhas mãos no seu rosto, encostei o meu nariz em seu e dei um selinho demorado. Depois aprofundei um pouco mais o beijo e quando tinha percebido já estava grudado no seu corpo, sem intenção nenhuma de parar de beijá-lo nunca. Esse não foi o meu primeiro beijo, mas parecia que tinha sido, tinha a impressão que todos os outros foram apenas rascunhos para quando encontrasse Caio.


Geeeeeente, terminamos a primeira parte da história! 😱 o que vocês acharam????? Me contem tudo, quero saber hihihihihiSegunda começamos a segunda parte 🥹

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