Era uma noite fechada e tempestuosa, típica do verão de Hausen em 1940.
Uma noite excepcionalmente silenciosa para as muitas famílias da simples cidade do interior, mas não para os Park.
Park Ji-Hyun e sua esposa, Minji, costumavam se recolher cedo, por volta das seis da tarde, e raramente trocavam palavras ao cair da noite. Já Jeon Jungkook, mal saia do quarto e mantinha-se focado nas próprias coisas.
O único som que permeava a pequena casa era o da chuva forte, golpeando o velho telhado que, em diversos pontos, deixava escapar goteiras persistentes.Jungkook, imerso em seus pensamentos, traçava linhas em seu caderno de desenhos, enquanto seu olhar se perdia na visão borrada pelas gotas de chuva que deslizavam pela janela.
O barulho insistente dos galhos secos sacudidos pelo vento e o negrume do céu ausente de estrelas, o fazia lembrar de sua mãe biológica Eun-Ji e do casarão velho onde vivia quando era apenas uma pequena criança.
Embora as memórias não fossem claras, o assoalho de madeira por onde pisava acompanhando os gentis passos da jovem de cabelos longos e pretos, em noites venturiosas como aquela, de vez em quando ainda apareciam em seus sonhos.— Jungkook, você está acordado?
Quando Jeon abriu a porta do quarto, o irmão sorriu.
— O que faz aqui? — O encarou desconfiado. Precisou descer o olhar para baixo, mesmo que o rapaz franzino em sua frente tivesse nascido 2 anos antes.
— Trouxe biscoitos — Park respondeu, com o tom calmo. Jungkook não pôde evitar de reparar nos olhos do irmão, mortiços como um céu nublado refletindo os raios tênues que atingiam o corretor.
— Eu não me lembro de tê-lo pedido comida — resmungou, pronto para fechar a porta. Não gostava de ter seu espaço pessoal invadido, como Park parecia estar tentando fazer desde o dia em que voltou para aquela casa.
— Eu sei que você quer. Lembro o quanto gostava dos meus biscoitos de maçã com canela, garotinho. — Lhe estendeu o prato — Senti sua falta na mesa do jantar.
— Faz 6 anos que não sento ali. Não banque a vovó! — Respondeu arredio.
Era o segundo diálogo com o irmão em 6 anos, com excessão da troca de cumprimentos quando o rapaz chegou de mudança, há cerca de cinco dias atrás, mas já era o suficiente para Jungkook saber que não gostava de sua intromissão e nem de seu jeito de agir como se fosse um pai.— Qual é, mano! comer em família cria um ambiente unido, o pai está precisando disso! — Park tentava encarar o irmão, mas o olhar do maior estava tão vago que poderia supor que nem mesmo olhava para si, e sim para um vazio distante. Pelo menos até surgir uma faísca de diversão em seus lábios, que mais se assemelhava a um sorriso de desprezo.
— Oh, Jimin, você está parecendo uma bicha estranha falando desse jeito. O que eles fizeram contigo em Zadock?
O irmão teve vontade de soca-lo no rosto naquela hora.
—Me respeita, ô moleque! Eu sou seu Hyung. Fale direito comigo! — Jeon o encarava sem mudar a expressão — Eu só quero ter uma família normal, ajudar o nosso velho que está doente. O que há de errado com isso?— Nada. — deu de ombros — mas não me trate como a criança que conheceu, eu nem pretendo ficar nesta casa! Construía a sua "família saudável" e tediosa com os Park, não me inclua nessa imbecilidade.
— O pai não quer que vá... — A expressão do rapaz saiu triste dessa vez. Desde que voltou para Hausen teve certeza de que a família estava na beira do poço e parecia ser o único que realmente estava lutando para recupera-lá.
— Acha que eu me importo com as vontades dele? — Jungkook retrucou friamente.
— Já deve saber que perdemos metade das safras e o médico disse que o velho não pode trabalhar. A não é hora de ficarmos afastado e nem de ir embora. Pense sobre isso, Jungkook. — Jimin o empurrou o prato de biscoitos pela segunda vez, antes de deixar o quarto.
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JIkook - Meu doce irmão adotivo
ФанфикPark Jimin, um jovem de temperamento dócil, e seu irmão adotivo, Jeon Jungkook, de personalidade oposta, mantêm uma relação marcada por conflitos e desentendimentos. Uma convocação militar, no entanto, muda drasticamente suas vidas. Enquanto Jimin...