Capítulo 18 - A Terceira Flor

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Sábado, dia 09 de Dezembro, 9:00 da manhã

Estradas de Gimeni.

Na mente dele, tinha sido ontem, mas na realidade fazia um mês... um mês desde aquela noite... ele era o único que tinha permanecido na cidade depois do julgamento. A escola foi interditada por 45 dias, o que coincidentemente se emendou com as férias do final do ano. Muitos alunos já tinham mudado de escola, ninguém queria estudar em uma escola que foi palco de assassinatos. A vice-diretora tinha assumido o cargo do desaparecido Diretor e fazia de tudo para mudar a imagem da instituição, sem grandes resultados.

O último mês tinha sido intenso, pesadelos o perseguiam todas as noites, a voz de Amy na gravação que tinham reproduzido na delegacia se repetia em sua mente, seu coração doía toda vez que pensava nas perdas que ele teve... segundo aquilo que Rose lhe disse em um dos sonhos que teve com ela, ele deveria parar de pensar naquilo, ou não conseguiria mais viver em paz.

Se perguntava se deveria ter acompanhado Mei, Jimmy ou Drake em suas viagens. Sentia a falta deles, Mei e Jimmy tinham viajado com a família de Mei e ficariam fora da cidade o restante de suas "férias", e Drake estava viajando com sua turma de Jiu-Jitsu para disputar prêmios em grandes campeonatos da temporada de inverno, estavam tentando se refazer.

A paisagem passava rápido em frente aos seus olhos, sua mãe tinha coisas para fazer em casa e seu pai tinha que ir trabalhar, então estava com pressa, tudo que ele faria era deixar Tomy no cemitério e depois ir correndo para o consultório. Lamentava não poder estar com seu filho naquele momento, mas duvidava que sua presença fosse fazer alguma diferença.

Olhando pela janela, Tomy viu a placa "Cemitério de Gimeni" ficando cada vez maior, a sensação do momento em que viu Amy na escola voltou a formigar em seu peito. Apesar do corpo de Amy ter sido enterrado mais de um mês atrás, e de naquela ocasião apenas a família ter podido estar presente, só no dia atual é que o túmulo dela teria sido liberado para visitas, e ele queria estar lá e prestar seus respeitos.

— Filho, chegamos. — disse o pai de Tomy, apertando o botão no painel do carro para destravar as portas do banco de trás, onde Tomy estava sentado.

Tomy abriu a porta, colocando devagar os pés, calçados com sapatos sociais, em harmonia com a roupa que vestia, um de cada vez fora do carro. Ao sair, virou devagar para trás e pegou um pequeno saco plástico transparente que estava em cima do banco do carro, que continha três rosas vermelhas, em seguida, fechou a porta do carro.

— Obrigado por me trazer pai! — agradeceu Tomy, fazendo um pequeno sinal com sua mão, vendo em seguida, o carro sendo ligado e partindo, deixando-o sozinho na porta do cemitério.

Deu meia-volta e começou a andar lentamente, passando pela porta de entrada do cemitério. Olhando envolta, não via quase ninguém, tantos as ruas próximas quanto o próprio cemitério estavam muito silenciosos. Havia poucas pessoas pelas redondezas, era um dia de sábado afinal, e lá não era uma praça de alimentação.

Após alguns passos, chegou na sala de recepção, havia algumas poucas pessoas lá, sentadas em bancos de alvenaria, todas assim como ele, vestidas de preto. Algumas choravam, outras rezavam, mas todas elas com o mesmo olhar, triste e de arrependimento. Ele se lembrava de ter visto esse olhar no espelho várias vezes no último mês.

— Sinto muito por vocês... — pensou ele, sacudindo sua cabeça devagar para evitar pensar no sofrimento dos outros, ele já tinha seus próprios pesos para carregar.

Continuou andando e saiu da sala de recepção, chegando a uma passarela de concreto, que era uma subida para um grande portão de ferro, a passarela tinha pequenos jardins em suas laterais, com placas escrito "Descansem em paz" e "Ninguém morre realmente". Terminou de subir a passarela e chegando ao grande portão de ferro, em meio aos vãos do portão, ele pôde ver inúmeros túmulos.

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