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Havia um mês desde a declaração desastrosa de Unmei, e Izuku Midoriya, simplesmente se conformara com o fato de que jamais falaria novamente. Aprender a linguagem de sinais não aparentava ser assim, tão difícil. Ele era uma pessoa dedicada. Já assistira a nove vídeo aulas, e acreditava que se continuasse nesse ritmo, em seis meses, no máximo, seria capaz de comunicar-se plenamente de novo. Então, tudo ia bem, repetia, a si mesmo, a cada hora do dia.

Os rumores sobre si, haviam diminuído drasticamente, bem como, a atenção que recebera. Até "Kacchan", não o perturbava mais, para ser honesto, sua encheção de saco durou a primeira semana só. Apenas Kaminari e Mineta insistiam em perturbá-lo. Ambos ainda persistiam com aquele bolão ridículo. Não deixavam a história morrer, sendo uma constante fonte de ansiedade para ele. Izuku ainda articulava mentalmente uma vingança à altura, mas nada do que pensava, parecia ser bom o suficiente.

- Então turma... -A voz sonolenta e levemente impaciente de Aizawa-sensei, tirou Izuku de seus pensamentos. - Na semana que vem vocês passarão por um teste prático de resgate. A comunicação com as vítimas será especialmente avaliada.

Por algum motivo, sentia que o professor falava especificamente com ele. Então levantou a mão, a fim de tirar a prova, seu caderno já a postos.

- Não, Midoriya, você não poderá escrever durante o teste. É algo bem inconveniente. Estaremos simulando um resgate real. -A mão do aluno permaneceu levantada. Aizawa esfregou a própria testa, mantendo em seguida, seus dedos pressionados contra a glabela. Aquela história já lhe dera dor de cabeça o suficiente. - E não, você não poderá usar linguagem de sinais também, até onde eu sei, você sempre foi bem falante.

Abaixou a mão, encolhendo-se em sua cadeira. Agora teria de estudar o dobro para os testes teóricos, só assim, compensaria a falha neste. E, como se pudesse ler seus pensamentos, Aizawa-sensei completou:

- O teste valerá a metade da média final de vocês. Quem reprovar nele, não conseguirá se formar.

Era mentira, porém, Aizawa, diria qualquer coisa, para ajudar Midoriya a resolver logo o seu problema. Era nítido, para ele, que o garoto precisava de um empurrão, e como a situação de Nokoe, não aparentava ser o suficiente, daria um empurrão maior, ele mesmo. Ah, como jovens são um pé no saco, tudo é sempre um caso de vida ou morte com eles.

"Agora, fudeu." Pensou Izuku transtornado, a testa colada na mesa. Nada ia bem...

- Mas porque...?! -Gritou abruptamente Kirishima, do fundo da sala. Ele mentalmente, havia feito as contas, e a possibilidade, clara, de reprovar de ano, nunca pareceu tão real para ele.

A cara de "porque eu quero" do professor, foi suficiente para fazê-lo se sentar novamente, cabisbaixo e calado.

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- É isso Nokoe-san, eu estou oficialmente ferrado. -Finalizou seu desabafo exausto. Desabando no banco do pátio, logo em seguida.

Era o horário do almoço, e Izuku havia adquirido, recentemente, o hábito de comer com a garota, logo após, se ver chorando copiosamente a duas semanas, desesperado com a possibilidade de nunca mais poder falar com ninguém. Não imaginava o quão bom seria poder ouvir o som da própria voz, ou o quão calmante poderia ser, também.

Observou a garota comer em silêncio, geralmente, ela só o escutava, sabia como ser uma boa ouvinte, e Midoriya tinha muito o que dizer, somado a pouco apetite.

- Não me parece o fim do mundo. -Unmei finalmente disse, após terminar de mastigar. Pôs os hashis de lado, junto com sua marmita, costumava trazer seu almoço de casa, não se sentia à vontade no refeitório da escola, tinha gente demais.

I love you, idiot.Onde histórias criam vida. Descubra agora