Capítulo 4

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Pequenas casas começaram a surgir ao longe indicando que a cidade se aproximava, Csilla recostada na janela do trem, as olhava fixamente. Seus pensamentos estavam bagunçados, tudo o que acreditava ser real tinha desmoronado, ela se perguntava o porquê sua mãe escondeu tantas coisas, Csilla não conseguia entender o motivo, por mais que tentasse. Karoline era uma mulher doce mas misteriosa, nunca dizia ao certo para que lugar estava indo, algumas vezes até tinha chegado em casa com alguns machucados. Csilla apertou os olhos com as pontas dos dedos, seus olhos ardiam, não tinha conseguido dormir, nem mesmo nas longas horas que passou dentro do trem. Seus braços estavam encostados sobre o colo o qual segurava um casaco preto com botões dourados. Ela havia arrumado tudo e saído de casa em apenas duas horas pois temia que Cleo chegasse antes que estivesse fora, não a queria envolvida nisso, contaria tudo para ela quando tivesse alguma resposta.

Ela repassou tudo o que havia feito em sua mente para garantir que tinha pego o que precisava para a sua jornada. Sobre o balcão da cozinha, havia deixado um bilhete para Cleo explicando o que tinha feito, mesmo sabendo que uma mensagem seria bem mais rápida, acreditava que sua amiga tentaria convencê-la a parar e pensar com mais calma no próximo passo, cedo ou tarde ela iria até sua casa para conversar pois era assim, sempre que acontecia algo Cleo lhe dava um pouco de espaço antes de conversarem novamente, normalmente levava apenas cinco horas no máximo, por isso ela quis sair o mais rápido que pode de casa. Agora, olhando para trás e o grande passo que havia dado, Csilla esperava, do fundo de seu coração, encontrar tudo o que procurava, mas o que mais lhe fazia falta no momento era ela mesma. Sentia como se em algum momento tivesse se perdido e com essa jornada esperava se encontrar novamente. A estação de trem estava lotada de pessoas que corriam de um lado para o outro esbarrando em Csilla, ela nunca tinha estado em outra cidade, pelo menos não que se lembrasse. Sentiu um alívio quando avistou um táxi parado no meio fio, andou até ele o mais rápido que podia enquanto arrastava uma mala. Ela esticou a mão até a maçaneta e antes que a abrisse, a porta se destrancou assustando-a e fazendo com que tropeçasse na mala quando deu um passo para trás. De dentro saiu um homem alto de cabelos castanhos, seus olhos da mesma cor e pele pálida que parecia reluzir quando os últimos raios do sol a tocavam.

- Me desculpe. Não quis assustá-la - disse surpreso, enquanto puxava as mangas do sobretudo preto e estendia a mão para ajudá-la a se levantar.

- Tudo bem, eu não vi que o táxi estava ocupado - falou ela enquanto batia levemente na calça jeans limpando a poeira. O estranho a encarava, um sorriso fino e desdenhoso surgiu nos lábios dele.

- Na verdade, eu acabei de chegar. O táxi está livre, pode levá-lo... Desculpe mas como se chama?

- Csilla - falou. Ela estava abaixada conferindo se não tinha quebrado a mala quando caiu em cima.

- Ethan - sorriu ele - e para onde vai com tanta pressa Csilla? - Ela ergueu os olhos e se levantou.

- Bem, não espera que eu lhe diga não é? - exclamou ela sorrindo tentando não parecer grossa - não costumo falar com estranhos.

- Mas não somos estranhos como já sabe eu sou Ethan e você - disse apontando para ela - Csilla.

- Boa tentativa mas não - ele sorriu.

- Certo - disse ele - estou com pressa agora mas, se nos encontrarmos de novo, tomamos um café tudo bem? Assim compenso você por derrubá-la.

- Não vamos nos esbarrar de novo! - ela empurrou a mala para o banco de trás do carro e entrou.

- Eu não teria tanta certeza - sussurrou mas ela sequer ouviu.

- Adeus Ethan e boa viagem - disse fechando a porta.

O ressoar das estrelas perdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora