-Cleo, estou bem. Pode descer! - Gritou.
- Vou mandar as mochilas primeiro! Quando pegá-las me avise! - respondeu, Csilla se afastou da entrada e as duas mochilas atingiram o chão, ela as pegou e foi para longe.
- Peguei! - ela ouviu o som seco do casaco de Cleo raspando na rocha. Ela observou e o buraco se inclinou um pouco para jogar sua amiga para fora. Em questão de segundos ela rolou pela grama, e a abertura pela qual haviam passado se fechou instantaneamente.
Csilla estendeu a mão para ajudá-la a se levantar. Ao olhar para sua amiga, Cleo caiu na gargalhada.
- O que? - Csilla passou a mão pelo cabelo, estava coberta por teias de aranhas, cabelo, roupa e até os sapatos, como tinha descido primeiro limpou o caminho para Cleo, ao notar isso ela também riu.
- Me desculpe, vem cá, deixa eu te ajudar.
Elas seguiram pela relva, as botas ficaram marcadas pelo orvalho grudado nas folhas que ainda brilhavam ao serem tocadas pelos raios do sol. À medida que entraram na pequena floresta de árvores e se afastaram da cordilheira puderam ouvir o som de água corrente, notaram que não era muito distante. A cidade só estava coberta por algumas fileiras de árvores e ficava após um rio que atravessava a relva como uma linha horizontal e azul, indicando o começo de algo extraordinário. Por cima do rio uma ponte de tijolos marrons ligava os dois pontos. Como uma criança solta em um quintal enlameado, Csilla respirou fundo, e deu um pequeno pulo na ponte, seus tijolos eram estranhamente alinhados e assimétricos, eles se estendiam por pouco mais de seis metros. Ao olhar para baixo, Cleo notou que o rio não aparentava ser fundo, pois dava para ver algumas pedras encostadas aos pés da ponte. Contudo, Csilla estava um tanto receosa com o que iriam encontrar, ela olhou para a ponta a sua frente, as casas surgiam logo após a ponte, eram altas e a maioria feitas de tijolos e pedras, as casas dividiam espaço com as árvores do local, para cada casa tinha pelo menos três árvores.
Algumas pessoas caminhavam sem sequer notar as duas atravessando, de fato, havia muito tempo que não chegava alguém novo na cidade. Cleo, empurrou as costas de Csilla encorajando-a a continuar, juntas elas seguiram em frente. Ao pisarem fora da ponte atraíram alguns olhares na rua, elas estavam vestidas como se esperassem o vento mais frio vindo do norte enquanto as pessoas da cidade vestiam roupas leves de verão pois, estava calor, mas o pico de adrenalina que estavam sentindo e com tudo o que haviam feito, escalado a cordilheira e descido por um escorregador nas pedras, as deixou dispersas quanto a isso.
- A cada dia que passa tem gente cada vez mais estranha! - resmungou uma senhora, que as encarava, da janela de sua casa.
- Csilla - sussurrou Cleo - tire o casaco. Ela obedeceu, tirou o casaco preto e o amarrou na cintura, de imediato sentiu a brisa leve tocar seu corpo aliviando o calor que nem ela mesma sabia que sentia a uns minutos atrás. Csilla começou a encarar um homem que observava um limpador de janela suspenso no ar, o limpador subia e descia no vidro deixando ele limpo, enquanto um borrifador com água e sabão ia borrifando nas janelas de baixo.
- Pare de encarar! - Cleo a cutucou com o dedo.
- Desculpe - disse ela, piscando algumas vezes - você viu o que eu vi?
- Sim - falou ela sorrindo.
- Você suspende coisas no ar assim também? Ande, me faça levitar - disse Csilla abrindo os braços, zombando de sua amiga.
- A menos que queira cair de bunda no chão, pare. Não faço esse tipo de coisa - Respondeu Cleo, com a mão na cintura.
- Certo! Vamos perguntar para aquele homem para que lado devemos ir.
- Você só quer ver o limpador mais de perto! Nem parece que cresceu com uma fada em casa! - provocou Cleo.
- Você sabe que ela mal usava magia para limpar a casa - disse ela estreitando os olhos quando chegaram mais perto.
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O ressoar das estrelas perdidas
Fantasy⚜️ Finalista do Wattys 2022⚜️ Csilla vive perdida em seus pensamentos, sempre a procura de algo que sequer sabe o que é. Quando sua mãe desaparece, Csilla começa a ter sonhos com ela, sonhos que se tornam cada vez mais vivos até que um dele...