Capítulo 7

53 12 25
                                    

A mulher os conduziu por um corredor estreito atrás da recepção, após poucos passos ela abriu a porta revelando uma sala com três janelas compridas e retangulares do lado esquerdo. No lado direito, o local estava cheio de prateleiras com livros e cadernos iguais aos que ela tinha sobre o balcão da recepção, porém cada um com um ano diferente marcado na capa e na lombada iniciando em 1950 e seguindo até o último que indicava 2021. A mulher caminhou até uma mesa retangular de madeira escura que ficava localizada no meio da sala, após sentar-se pediu para que eles fizessem o mesmo nas poltronas em frente. Csilla notou uma planta ao lado da janela, parecia ser uma lanterninha japonesa, ela deduziu que morava alguma fada naquela sala.

- Então? - indagou a mulher.

- Erf disse que poderia nos ajudar quanto a um problema que temos - disse Csilla.

- E que problema seria esse?

- Minhas memórias... na verdade nossas - disse ela olhando para Cleo - nós estamos com alguns buracos e tenho sonhado com algumas que não são minhas - concluiu. A mulher as olhava fixamente, Cleo encolheu-se na poltrona e desviou os olhos para a janela.

- Deixe-me adivinhar, vocês não se lembram de terem estado aqui antes correto?

- Bom sim... Como você sabe? - indagou Csilla.

- Eu a reconheci, lembro-me de você quando era criança e estar acompanhada de Erf ajudou, ele não sai muito de casa, ainda mais acompanhado de estranhos.

Csilla piscou algumas vezes confusa.

- Me desculpe, mas qual o seu nome?

- Não se lembra mesmo? - a mulher parecia estar curiosa ao mesmo tempo que confusa - me chamo Olga. É um prazer revê-la, Csilla e você também, Cleo.

- Como sabe meu nome?

- Conheço sua mãe e fazemos parte da mesma linhagem, na verdade, meu marido e meu filho fazem. Eles são protetores também.

Cleo endireitou a postura ao ouvir o nome dos protetores, Csilla a observou, era estranho como sua amiga sempre parecia rígida ao ser lembrada de sua linhagem.

- Não sabia que existiam mais protetores deste lado do portal, seu marido está aqui? Descendem de qual protetor?

- Me desculpem mas poderiam explicar? É que você nunca me contou a história da sua linhagem Cleo, pelo menos não que me lembre - disse Csilla com um sorriso torto.

- Ah, desculpe - respondeu sem graça.

- A linhagem dos protetores surgiu em meio à grande guerra das fadas com os humanos - Olga começou a falar ao perceber que Cleo parecia confusa quanto a história - Eudora que era a fada guardiã. Vocês sabem o que é uma fada guardiã?- elas concordaram. - Certo, ela sentiu a necessidade de ter ajuda de mais pessoas para tentar proteger as criaturas mágicas das caçadas humanas e então ela dividiu uma fração de seu poder entre dois de seus amigos mais confiáveis, Luke e Augusto, assim os três estavam sempre ligados, porque o mesmo poder corria por suas veias. Eudora lhes deu, força, agilidade, destreza e os poderes necessários para lutarem ao seu lado, porém a missão principal dos protetores seria proteger a linhagem dos guardiões já que eram os únicos capazes de criar coisas novas e de abrir os portais sempre que quisessem. Augusto acabou se casando com Eudora e assim seguiu a linhagem dos guardiões, por isso todos os outros protetores descendem de apenas um, Luke, mas contamos a partir de seus filhos, Nathan ou Julia. Bem, meu filho descende de Nathan, e você?

- Nathan, também. - Admitiu. Cleo lembrou-se das frases de sua mãe, " é uma honra fazer o que fazemos, e você verá isso!", "se esforce mais!", " você precisa ser mais rápida e mais esperta!". Ela sacudiu a cabeça, para afastar os pensamentos, ser uma protetora a deixava a serviço de alguém e fazia com que ela estivesse sempre preocupada e com certo medo, pois assim que o guardião aparecesse, sua vida mudaria, se recebesse o chamado teria que lutar, era o que sua mãe sempre lhe dizia.

O ressoar das estrelas perdidasOnde histórias criam vida. Descubra agora