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Harry acenou com a cabeça do outro lado da rua para Hermione, que tinha as duas mãos apoiadas em cima da pequena protuberância de seu abdômen. — Ela parece bem, — Harry disse, dando um pequeno aceno para Ginny antes que ela voltasse a olhar as vitrines ao lado de Hermione. — Ela está de que, quatro, cinco meses agora? O que quer que vocês dois tenham feito, além do óbvio, finalmente funcionou.

Draco balançou a cabeça. — Claro. Funcionou. E tem sido um grande momento ao redor. Simplesmente adoro. Tudo que eu queria fora do casamento. Poções e horários e planejamento para o sexo.

Ele esfregou o queixo e suspirou com o olhar que Harry estava dando a ele. — Esquece. Eu... Esqueça que eu disse isso, ok? Funcionou. Isso é tudo o que importa.

Harry ergueu as sobrancelhas, então tirou os óculos e esfregou as lentes na manga. — Então, — ele falou lentamente enquanto colocava os óculos de volta no lugar. — Está um pouco estressado, eu acho.

Draco se inclinou contra a parede da loja para ver Hermione se sentar em um banco, seu rosto brilhante e alegre, suas mãos fazendo um círculo protetor em sua barriga. Parecia que cada momento de sua vida estava voltado para engravidar Hermione. Desde que começou a trabalhar com as ervas de Ophelia, ele teve que mudar sua dieta, sua agenda, até mesmo suas roupas, para aumentar as chances de que Hermione concebesse. Os meses de frustração o estavam consumindo.

Sexo um dia por mês, em uma hora específica da hora e que Deus o ajude quando ele não conseguir se levantar no comando porque ela perderia a janela de tempo. Ele não era nada mais do que um ingrediente para ela, ele sentiu. Ela tomava suas poções e seu sêmen e às vezes ele suspeitava que se o feitiço de Ophelia funcionasse sem relação sexual, Hermione lhe daria um copo.

Mas, ele pensou culpado, era pior em Hermione. Todo mês, quando ela começava a sangrar, ele a ouvia chorar por horas. Ela desaparecia no laboratório e a Mansão se enchia com o fedor de poção. As poções de Ophelia mantinham Hermione em um horário muito regular e previsível, e Draco contava os dias.

Uma chance, todo mês. Mas cinco meses atrás, essa única chance havia funcionado. Apesar de sua preocupação, apesar de suas dúvidas, Hermione estava certa. O regime de poções e os encantos, as regras, as restrições, o sexo em um horário: funcionou.

— Sim, — Draco disse finalmente. — Tem sido estressante. Estamos estressados ​​com esse assunto desde que nos casamos. Mas ela engravidou, e ela aguentou a gravidez. Vinte e uma semanas.

— Você já sabe o que vai ser? Garota? Garoto?

— Não, eu não me importo de qualquer maneira. Eu só... — Sua garganta começou a apertar e ele virou a cabeça, fingindo tossir. — Só quero um filho. Eu quero que Hermione seja feliz.

Harry lhe deu um tapinha no ombro. — E você finalmente realizou seu desejo. Parabéns. Ser pai é cansativo e frustrante e é um inferno na terra alguns dias, mas também é... — Ele sorriu. — É incrível. Quando eles envolvem suas mãozinhas em volta do seu dedo? É como tocar os Deuses, sem mentira.

— Algo para esperar, eu suponho. — Draco empurrou a parede, gesticulando com o queixo para suas esposas. — Acho que elas estão prontos para entrar. Devemos ir até lá. Vamos ter pelo menos uma bolsa para cada uma, aposto.

— Não aposto. Essa é a loja favorita de Gin. Se eu sair com apenas duas, vou me considerar com sorte.

Atravessaram a rua e Draco parou na frente de Hermione quando ela não estendeu as mãos para pedir ajuda. — Não está pronto para entrar? — ele perguntou, acenando para Gina e Harry quando eles entraram na loja. — Ou acha que não vai encontrar alguma coisa?

— Prefiro não andar por lá. Está sempre lotado. O dono coloca as prateleiras muito próximas umas das outras. — Ela esfregou círculos em seu estômago, fazendo uma careta. — E minhas costas doem. Acho que vou desistir de ir com Ginny. Foi bom ver ela e Harry, mas eu gostaria de ir para casa.

Ela pegou a mão de Draco, sorrindo. — Agora você pode me ajudar a levantar.

Ele a levantou, um braço ao redor de seus ombros para estabilizá-la enquanto ela balançava. Ela colocou a mão nas costas, ofegante. — Draco, eu sentei em alguma coisa? Eu me sinto molhada.

Seu rosto perdeu a cor quando ele olhou para a mancha vermelha no banco atrás dela. — Não.

Ele olhou para as costas do vestido de Hermione. — Não. Hermione, é- Não!

Hermione se virou e começou a gritar.

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As cadeiras eram sempre duras, mesmo nas salas de espera privadas. Draco não conseguiu ficar sentado mais do que alguns minutos, e tinha certeza que era por causa das cadeiras. Demasiado difícil. Eles eram muito difíceis.

Ele andava pela sala, ignorando as prateleiras de panfletos, afastando-se dos gráficos informativos mês a mês. Uma hora se passou, depois duas, depois três, então Draco jogou seu relógio de bolso do outro lado da sala e quebrou o relógio na parede.

Ele andou, sentou e andou novamente.

O Curador de Hermione entrou na sala e Draco ficou parado. O homem estava em vestes limpas e frescas. As pregas de serem dobradas ainda estavam afiadas. Roupinhas limpas e novas. Ele teve que mudar. As vestes amarrotadas que ele estava usando quando chegaram, ele teve que trocar. Para não perturbar o marido de uma paciente.

Para esconder o sangue.

Draco fechou os olhos.

— Sinto muito, Sr. Malfoy. — O Curandeiro falou baixinho, gentilmente. — Sinto muito. Fizemos tudo o que podíamos. Mas sua esposa entrou em trabalho de parto apesar de nossos esforços. Não conseguimos salvar a criança.

Draco afundou na cadeira dura e se curvou sobre os joelhos, as mãos apertadas atrás de sua cabeça. — Minha esposa —, disse ele para o chão.

— Ela está se recuperando. Foi... toque e vá. Ela vai precisar ficar por vários dias.

As vestes do Curandeiro farfalham, as bainhas verde-limão movendo-se na linha de visão de Draco. — Senhor Malfoy. É muito importante que você me escute. Você precisa falar com sua esposa. Ela não deve engravidar novamente. Eu entendo o quão desesperadamente vocês dois querem um filho, mas ela teve oito abortos e agora um natimorto. Quase... Isso foi extremamente perto.

Draco deixou suas mãos caírem entre seus joelhos. Ele tentou acalmar sua expressão, limpar sua raiva e desespero de seu rosto, mas quando ele olhou para cima, o Curandeiro empalideceu e deu um passo para trás.

Draco desviou o olhar. — Vou falar com ela —, disse ele, nem mesmo tentando evitar que sua voz tremesse. — Mas não vai adiantar nada. Nada do que eu disse em anos a impediu de tentar de novo. E de novo. E de novo. Você pode tentar, mas... Ela não me ouve...

Sua voz falhou e ele abaixou a cabeça, beliscando a ponta do nariz. Ele limpou a garganta grosseiramente. — Ela se recusa a falhar. Ela não vai parar até conseguir.

O Curandeiro assentiu, um lampejo de triste compreensão cruzando seu rosto. Ele colocou sua voz profissional. — Assim que ela estiver recuperada, podemos agendar uma consulta para discutir as opções dela. E as suas. Eu geralmente não aceito enganos, mas se sua esposa está determinada apesar dos riscos, você pode considerar uma vasectomia.

Draco não respondeu. Não havia nada que ele pudesse dizer. Hermione não pararia, não importa o que ele fizesse. Depois de um momento, o Curandeiro sufocou um suspiro e se dirigiu para a porta.

— O que era? — Draco disse antes que pudesse entrar no corredor. — O bebê. O que...

A resposta foi muito tranquila. — Era um menino. Sinto muito.

Draco baixou a cabeça, cerrou os dentes e esperou que a porta se fechasse antes de se permitir fazer um único som.

Her Desperate Cure | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora