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Draco soltou uma respiração lenta e silenciosa. Ele pensou que uma noite fora tiraria suas mentes das notícias que haviam recebido naquela manhã, mas então Harry e Ginny Potter entraram e tudo desmoronou. As lágrimas de Hermione estavam brilhando, prontas para derramar, e ele não tinha ideia de como consertar isso. — Só não olhe, Hermione — ele murmurou. — Não deixe isso chegar até você. Tente ignorar.

— Como posso? Como posso ignorar? Todos ao nosso redor, todos os nossos amigos, eles estão todos... Bebês em todos os lugares. E eu sei o quanto você quer um filho. — Hermione passou a palma da mão na bochecha e fungou. — É o que você sempre quis. Eu também quero, Draco, e continuo... continuo falhando nisso. Em algo tão importante para nós dois.

— Hermione, você não está — Ele parou antes que pudesse terminar com 'sendo um fracasso'. Não foi isso que ela disse. Draco empurrou seu prato para o lado e estendeu a mão sobre a mesa para pegar a mão dela, mas ela se afastou. Ele deixou sua mão cair no pano limpo. Engolindo em seco, ele olhou para a chama dançante da vela no centro da mesa. — Você não está falhando. Estamos apenas tendo problemas. Eu quero filhos, mas...

— Talvez você devesse ter se casado com Astoria. Ela e Blaise já têm dois filhos — Hermione se levantou da cadeira, com lágrimas brilhando em seu rosto. — Herdeiro e um sobressalente, não é assim que acontece?

Ele forçou sua voz firme. — Ela...

— Não. Não, Draco Malfoy. Não se atreva — Ela balançou a cabeça, afiada e áspera o suficiente para soltar um dos pentes de seu cabelo. Ela o arrancou e o jogou sobre a mesa antes de se virar para sair correndo da sala.

Draco ignorou os outros clientes, os sussurros e olhares. Ele pegou o pente e passou o polegar sobre os poucos fios longos de cachos que Hermione havia arrancado, então lentamente os enrolou nos dentes de prata e colocou o pente no bolso do paletó. Com cotovelos na mesa, ele esfregou as mãos sobre a boca e respirou fundo.

Uma voz suave murmurou perto de seu ombro. — Está tudo bem, Sr. Malfoy?

Ele olhou para a chama da vela. — Não, Etienne. Nem tudo está — Draco apagou a vela com uma pitada rápida e se levantou. — Por favor, apresente minhas desculpas ao Chef Marcel. Minha esposa e eu temos... outras obrigações.

— Por sua conta, então, Sr. Malfoy?

Ele assentiu bruscamente e foi atrás de Hermione, tentando não olhar para uma cabine em particular perto da saída.

— Malfoy.

Draco xingou baixinho e parou. Ele se virou lentamente para acenar para Harry e Ginny.

— Malfoy, — Ginny disse novamente. — O que há de errado?

— Na verdade, não é da sua conta, Sra. Potter. — Ele manteve os olhos resolutamente na parede acima de sua cabeça, recusando-se a olhar para seu abdômen fortemente arredondado. Isso não o impediu de ver Harry tocar sua barriga antes de deslizar para fora da cabine para ficar ao lado dele.

— Deixe-me sair com você —, disse Harry.

Draco rangeu os dentes, mas não protestou. Saíram do restaurante em silêncio, caminhando em direção ao ponto de aparição sob o pórtico.

Harry o parou próximo a uma coluna alta, nas sombras e bem longe das janelas do prédio. — O que aconteceu? — ele perguntou baixinho.

Draco olhou para longe. Ele segurou sua mandíbula com força, seus dedos enrolados em punhos em seus lados.

— Ela disse a Gin na semana passada que ela poderia ter algumas novidades. Parecia muito animada. As coisas não correram bem?

Draco começou a tremer. Ele fechou os olhos, respirou fundo e balançou a cabeça. — Mais um —, disse ele. — Perdemos outro. Descobrimos esta manhã. Não há batimentos cardíacos.

Harry o observou por vários momentos, como se processasse o que tinha ouvido, então ele sedeu. — Merda. Eu não queria - eu não sabia que ela estava - me desculpe, Malfoy.

— Era o terceiro. Nós pensamos que ela iria segurar este. Estava indo bem, nós estávamos - nós realmente pensamos — Sua voz falhou, a garganta fechando. Ele se afastou da coluna sem dizer outra palavra, caminhando para o ponto de aparatação e girando para longe.

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O quarto deles estava escuro, as luzes apagadas e as janelas cobertas. As cortinas pesadas da cama estavam abaixadas, envolvendo-a em outra camada de escuridão.

Draco não se incomodou em mudar. Ele tirou as botas, tirou o paletó e afrouxou a gravata, então puxou uma das cortinas de brocado o suficiente para subir na cama.

Hermione estava enrolada em uma bola, um braço em volta dos joelhos onde ela os tinha dobrado até o peito, a saia de seu vestido puxada para baixo em torno de seus pés.

Ele se acomodou atrás dela, timidamente colocando a mão em seu ombro. Ela estremeceu. Depois de alguns momentos, ela tocou sua mão, acariciando a larga aliança de seu anel de casamento. — Abrace-me— , ela murmurou.

Draco sentiu algo apertado em seu peito aliviar. Ele acariciou seu braço e se aproximou dela, pressionando contra suas costas para envolver seus braços ao redor dela. — O restaurante foi um erro —, disse ele com um beijo na curva de sua orelha. — Eu pensei que iria animá-la, tirar sua mente disso por um tempo, mas- me desculpe. Foi tolice.

Ela fungou. — Não inteiramente —, disse ela. — Eu poderia ter... Estava tudo bem. Até que eu vi Ginny. Da última vez que a vi ela não estava tão grande e eu estava com apenas algumas semanas e... E... Eles estão chamando ele de James. Em homenagem ao pai de Harry. E Harry, ele está tão orgulhoso, ele vai ser pai. Ele não pode calar a boca sobre isso. Pai isso e pai aquilo e eles me mostraram o berçário na semana passada. Eles estavam decorando o mês todo e...

Sua voz quebrou. Ela falou entre soluços. — E você não irá. Você não será um pai orgulhoso e eu não serei uma mãe. De novo. Sem escolher nomes, sem decorar um berçário, nada disso. Pela terceira vez.

Draco fechou os olhos com força, enterrando o rosto na massa espessa de seu cabelo macio.

Hermione se enrolou mais apertada em si mesma. — O que há de errado comigo? Por que não posso... Não é justo. O que estou fazendo de errado?

Draco não conseguia falar. Ele a segurou, ouvindo-a chorar até dormir. Quando ela relaxou em seus braços, sua respiração se abrandou e se acalmou, ele fechou os olhos e finalmente, em silêncio, deixou-se sofrer.

Her Desperate Cure | DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora