Prólogo

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Farah

Daniel e eu nos conhecemos desde sempre, eu posso até arriscar que ele tenha sido o meu primeiro amor, mesmo que não tenhamos tido nenhum tipo de envolvimento assim, além de sermos os melhores amigos um do outro.

Estávamos empolgados demais, enfim nos formamos e agora vem a universidade, que para nossa alegria, continuariamos juntos, estudando no mesmo campus.
Não víamos a hora de começarmos essa nova etapa das nossas vidas e para comemorar e encerrar um ciclo com chave de ouro fomos para a festa de "pós formatura" na casa do Evans, o capitão do time do colégio responsável pelas festas mais insanas da cidade.

Essa festa sem dúvidas superou todas as que ele já fez até hoje, as bebidas estavam escorrendo pelas paredes e todos estavam além do limite.

Todos.
Sem exceção de ninguém.

Não sei a hora que decidimos sair de lá para mostrar pela cidade como estamos em êxtase por enfim irmos embora dali. Nem consigo me lembrar de quem foi essa brilhante ideia de dirigir bêbados pela cidade.

Tudo que eu sei, sem dúvidas, é que naquele dia eu também morri.

Esse foi de longe o acidente mais traumático da história de Olthbeach, 4 de 6 jovens brilhantes, com um futuro promissor morreram por uma ideia estúpida promovida pela falsa segurança que o álcool nos deu.

E eu estava lá.

Contra todas as probabilidades, eu fui uma das sobreviventes, eu e o Evans que dirigia a caminhonete do pai.

Infelizmente Daniel não teve a minha sorte. Nem a Cristal, o Rick ou a Katy. Os quatro que estavam na parte de trás do carro, os quatro que mereciam as mesma chances que nós.

Enterrar o meu melhor amigo sabendo que ele estava tão feliz a poucas horas atrás transformou algo dentro de mim. Algo que eu jurei nunca mais consertar sem ele, algo que eu tinha a certeza que me deixaria marcada para o resto da minha.

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Leon

Como capitão do time de hóquei da Sthouwest eu tenho uma reputação a zelar.

Festas, garotas, notas baixas, brigas e confusões... Além do meu tamanho que por si já me garante uma boa leva de intimidação, e eu gosto disso.

Eu não posso dizer que seja uma vida difícil, mas quando a Mrs Willans me chamou informando que se minhas notas não melhorassem no próximo semestre eu serei expulso do time fico irritado.

Só não mais irritado do que quando ela encaminha uma garotinha recém chegada, com olhos que gritam "MEDO DE VIVER" para ser a minha mentora.

"- Uma caloura Sra. Willames? Sério?
- Não seja rude Leon, ela é de longe a sua melhor chance, se quiser continuar no time e nas competições, sugiro que não a desperdice."

Bato a porta e saio incrédulo, esbarrando em quem se colocar no meu caminho.

- Aiii, cuidado.
- Você não vê o meu tamanho, ou tem problemas de vista? - grunhi.
- Seria difícil não ver com toda essa sua arrogância. - sussurra.

Que cadelinha mais ousada, ela não sabe com quem está falando.

Chuto o livro que ela está prestes a pegar e sigo o meu caminho, ouvindo seus murmúrios enquanto recolhe seu material espalhado pelo corredor.

No dia seguinte, sento embaixo da árvore ao lado do campo esperando que a caloura chegue, e pra minha surpresa, quem aparece é a garota do corredor de ontem.

Tão sem graça.

Ela parece ter o dobro da minha idade de tão séria que é, e ela simplesmente não sabe sorrir.

Também não bebe ou vai a festas, nem conta piadas... Duvido que ela saiba se quer ter uma conversa amigável.

Mas algo no seu olhar de medo me deixa preso, querendo saber como alguém tão jovem pode ser tão sem vida...

E se tem uma coisa que eu consigo, é algo que quero.

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