Steven Quinn mal teve tempo para pensar, refletir mais sobre o assunto pareceu lhe doer ainda mais. O rapaz se via à beira da demissão, tal ela que foi enfatizada centenas de vezes pela sua chefe. Apenas a mesa da mulher estava dentre os dois, em uma sala espaçosa repleta de vidros que davam a vista perfeita da cidade inteira, e ela se manteve sentada por todo o tempo em que o jovem Quinn questionava intensamente sobre a sua atitude, parecia quase agressivo. Se pudesse, arrancaria os cabelos ali mesmo, nem sequer se cansava de andar de um lado para o outro ao mesmo tempo em que lançava palavras e até mesmo súplicas para a sua chefe.
— Isso não pode ser verdade! — os seus olhos se mantinham presos no além, não sabia se prendia toda a atenção nos seus passos sem rumo próprio ou na mulher parada do outro lado da mesa, que já se sentia farta de tanto ouvir a voz do rapaz. — Vocês não podem fazer isso, não podem me descartar! — berrou ele, fazendo a mulher massagear as têmporas.
Sabiam que, com a tonalidade da voz de Steven, tudo era ecoado para fora da sala, e em menos de segundos todos do prédio saberiam daquela conversa. E então ela suspirou.
— Eu sou o melhor modelo de toda essa agência, você sabe disso mais do que qualquer um que entrar por aquelas portas — insistiu o garoto, apontando com a palma para trás de si. Suas sobrancelhas erguidas e gotas de suor deixavam à mostra o quão desesperado estava, aquele baque tinha sido tão repentino que sequer teve tempo de se preparar.
— Quinn, quanto antes aceitar, melhor vai ser para si próprio — naquela altura, Louise não sabia se chamaria os seguranças para tirar o garoto dali ou se aproveitava o nó frouxo da sua gravata para enforcar-se nela própria. Sua cabeça doía, e ter que ouvir os gritos agressivos de Steven pareceu soar como facadas agoniantes. — Tenha paciência. A minha decisão já foi tomada.
Steven sugou tanto ar quando ouviu as palavras da mulher que sentia que os seus pulmões iriam explodir.
— Eu não aceito isso de forma alguma! — exclamou o rapaz, acertando com um chute a pequena cesta de lixo. Sentia a raiva o consumir, e Louise até cogitou de ele estar sob efeitos de drogas ilícitas, o que não seria novidade. Se assustou com o ato, mas sabia que em poucos segundos os homens entrariam para tirá-lo da sala à força. — Eu sempre fui o rosto dessa empresa, sempre doei a minha alma para encher o bolso de vocês, e é dessa maneira que me recompensam? — sua testa estava franzida, e ele apontava para si próprio.
Os seguranças vestindo ternos formais entraram à sala no mesmo instante, causando um tremor absoluto em Steven, que se virou simultaneamente para a porta. Sua testa suava, sentia a sua garganta seca, mas não conseguia acreditar que àquilo estava acontecendo. Na verdade, não queria acreditar. Os homens rapidamente tornaram de se aproximar do rapaz totalmente intenso, porém, interromperam à si próprios quando Louise fez um gesto para eles, pedindo em silêncio para que esperassem.
— Você está apenas colhendo o que plantou, Senhor Quinn. — por fim, a mulher descruzou os braços. Apoiou as duas palmas sobre as costas da cadeira, sentindo cada vez mais a sua paciência se esvair como fumaça ao vento. — Aparecer bêbado no trabalho? Ou melhor, aparecer bêbado seis vezes no trabalho? — ela corrigiu a si mesma, com o tom da voz sério. Steven apenas riu, mesmo sem haver humor algum. — Já atingiu os limites.
Uma lágrima escorreu pela sua bochecha, que ele a secou no mesmo instante, com as costas das mãos. Sentia a sua visão embargada, e sabia que seria pelo consumo excessivo do álcool. Ele também sabia que, consequentemente, esse dia chegaria. O seu vício mortal um dia acabaria com toda a sua carreia, mas, céus, era mais forte do que aquele simples rapaz jovem de vinte anos. Era novo demais, tinha uma vida inteira pela frente.
— E para onde eu vou? — Steven perguntou, com as sobrancelhas juntas, tendo a voz mansa por uma questão de tempo. Os seguranças aguardavam atentamente para o levar, estavam em alerta à cada movimento que o garoto fazia. — Para onde pensa que eu vou?! Ninguém mais vai me querer se eu me envolver nessa polêmica, o meu nome vai estar praticamente na lista negra! Por acaso não sente empatia? — a mulher quis rir, mas o rosto sôfrego do garoto mostrava o quão sem volta ele estava, sem chão, mas ele era um dos mais cínicos e talentosos em atuação. Conhecia muito bem o seu teatrinho.
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Hopeless To Survive - By. LaynB_ E Mottxh
HorrorO único sentimento instintivo que é mais forte do que o materno, é o da sobrevivência. A cidade era Poterfield, conhecida pelo seu espetacular pôr do sol. Não possuía muitos pontos admiráveis e nem uma população aclamada, seria calúnia dizer que nã...