A cabeça de Landon tentava pensar, visava o mar de emoções e os tsunamis que a própria alma lhe afogava. Não conseguia mais encontrar o sentido bom de viver, prolongava tudo o que jamais pensou que compartilharia com si mesmo, sentia falta do irmão, o espaço vazio ao seu lado no banco lhe causava tristeza. A ficha não tinha caído ainda, certamente demoraria para que se sentisse bem outra vez. Refletiu que, diante dos céus, tinha sido o principal gatilho para que o seu irmão fosse morto drasticamente. Não teve forças para ficar e esperar, porém, foi menos corajoso ainda abandonando o estado de Lince e a sua morte horrenda. Não teve vontade de olhar os zumbis o atacando, sabia que iria doer muito mais se contemplasse aquela catástrofe.
E o sentimento era como se alguém tivesse disparado um caminhão de dores, mágoas e culpa. Como se fosse puxado para fora da pele tudo o que lhe fazia bem, uma parte boa de toda a sua vida e interior. Landon não gostou da sensação de culpa, e pela primeira vez em tantos anos, se sentiu fraco e incapacitado. Queria voltar junto à fronteira com Lince, quem sabe, por circunstâncias da vida, poderiam retornar à Coreia do Sul e comeriam um banquete com os seus pais. Só de imaginar, conseguia sentir o gosto de cenouras frescas defumadas no paladar, adorava o clima bom de outono no seu país natal, passar com a família nunca pareceu ser tão primordial. Mas tudo era apenas reflexão, nada daquilo voltaria a acontecer e Landon pôde afirmar, mesmo que machucasse a sua alma. Ele sabia que tudo estaria arruinado para sempre, nunca que tinha conquistado nada de muito valor na vida mesmo. Sentia-se destruído.
Cameron precisou de um tempo para assimilar tudo, não pensava que as coisas fossem melhores na base, mesmo que o otimismo soasse como a única esperança. Ela suspirou, derrotada, apoiou a testa na própria mão e decidiu que estaria cansada de chorar. Secou tudo o que transformaria em fraqueza, tornou-se um poço árduo de mistérios incompletos e cruéis. Aliás, faltava pouco para que chegassem à Macfield, mesmo que não sentisse tanta vontade anestesiante de ser feliz novamente. Se via presa nas próprias emoções, mesmo que lutasse tanto para soltar as cordas que se prendiam aos braços. E, pouco à pouco, as cordas se tornavam mais rígidas, transformando em correntes, as mesmas que, quanto mais fossem rompidas, mais aumentavam, apertando o subconsciente de Cameron. Aquilo era cansativo, mesmo que estivesse apenas sentada em um banco de ônibus.
A estrada vazia, as árvores esverdeadas, o sol enlouquecedor. Tudo parecia perfeito, e por um instante, Hope até acreditou que estariam partindo em uma viagem dos sonhos. Mas, dentro de si, ela rapidamente conseguia aniquilar quaisquer fingimento que o seu subconsciente tentava anular. Um eufemismo ambulante, suavizando a fatalidade como um gatilho falho das emoções, somente para que conseguisse suportar o peso da sobrevivência. Todos tinham sentimentos, ora se esvaindo junto à aflição de que alguma coisa poderia dar errado.
O fardado também sentia, tirou do bolso do peito uma fotografia da sua amada, alisou a superfície com o dedo, repleto de cautela e um amor que demonstrava ao rosto. Suas roupas de exército apenas servia como uma fachada, ele era um homem delicado no fundo, faria o que fosse possível para que conseguisse ajudar à encontrar a cura para aquele vírus horrível. Queria poder encontrar ela pelas ruas, mesmo que com os olhos repletos de escuridão, mesmo que cambaleando e soltando sons desumanos da garganta. Havia feito um juramento ao Coronel; seria leal até o fim.
A turbulência do ônibus causou movimentos de pressão bruscos, o motorista ofendeu boa parte da lataria e bateu com as mãos no volante intensamente. O pneu estourou, esvaziou-se com lentidão, o tempo que durou para que o automóvel parasse aos poucos.
— O que aconteceu? — perguntou o fardado, se levantando do banco com atenção. Colocou à cabeça a boina outra vez, aproximou os passos até o bico do ônibus e olhou o motorista. Estava confuso.
— O pneu furou, Senhor. Não podemos continuar, é arriscado — o homem de pé suspirou em derrota ao ouvir tais palavras, passou as mãos pelo rosto e sentiu suas pálpebras se fecharem. Estava repleto de cansaço, o desgaste daquele resgate não poderia acabar tragicamente faltando tão pouco para que chegassem. — Podemos ver os portões da fronteira, se corrermos, há chances de chegarmos à tempo.
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Hopeless To Survive - By. LaynB_ E Mottxh
HorrorO único sentimento instintivo que é mais forte do que o materno, é o da sobrevivência. A cidade era Poterfield, conhecida pelo seu espetacular pôr do sol. Não possuía muitos pontos admiráveis e nem uma população aclamada, seria calúnia dizer que nã...