Lídia tem dois problemas.
Ela está apaixonada pela sua melhor amiga.
Ela nunca a viu antes.
Isso deveria ter a impedido, mas ela não conseguiu evitar desenvolver sentimentos pela garota que esteve presente em cada momento da sua vida, durante cinco...
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— E então? O que acharam da experiência de sobrevoar pela primeira vez? — Papai começou o assunto, decidindo quebrar o silêncio, puxando uma das seis cadeiras que compõem a extensa e espaçosa mesa do meu restaurante favorito, para que mamãe se acomodasse ao seu lado.
— Foi incrível, tio! — Mônica tratou de atropelar seus pais com as palavras, não contendo o seu tom de voz maravilhado. — Consegui ver todas as nuvens e as estrelas... É tudo ainda mais lindo, quando visto de perto. — Contou com um entusiasmo impressionante e de se contagiar.
Um sorriso floresceu nos lábios dos demais presentes, todos visivelmente aliviados, por conseguirmos distraí-la um pouco da sua própria mente com êxito.
— Ela mal pregou os olhos. Ficou ocupada demais colada à janela observando tudo do começo ao fim. — Tia Sônia acrescentou em um timing perfeito, logo foi possível flagrar Môni bocejando discretamente, os braços se esticando na direção da lateral da minha cadeira.
— Ei! — Encolhendo os braços e franzindo os lábios, quando notou que estava sendo observada. Ela insinuou uma falsa indignação direcionada a sua mãe que riu, acompanhada da filha que ainda insistia em analisar os detalhes de cada lugar que colocava os olhos com admiração genuína.
— Que bom que gostou da viagem, Mônica. Ficamos muito contentes. — Mamãe expressou em palavras o que passava pela nossa mente, conquistando um lindo sorriso agradecido da garota.
— Isso é muito importante para mim. Nunca serei capaz de agradecer o suficiente pelo convite. — Respondeu, brincando com a ponta do guardanapo esticado pelas suas coxas. Um sorriso fraco pintando os seus lábios.
— Nós dispensamos agradecimentos, Mônica. Fizemos isso, porque queremos que se divirta. — Mamãe voltou a falar, bebericando um pouco da sua água com gás, à medida que passava seus olhos em cada um na mesa demoradamente.
— Sim, e nada melhor do que unir o útil ao agradável. Nós sabíamos que a presença da Lídia teria um papel fundamental nisso. — Sua mãe interviu, então todos olharam para mim. E eu tentei sorrir, não sei se foi algo bonito, mas todos voltaram para suas respectivas conversas e isso foi o suficiente.
Ainda aguardando que os cardápios fossem entregues a nossa mesa, nossos pais decidiram se envolver em uma conversa calorosa e animada sem nós, nos deixando de fora do assunto propositalmente, para que evidentemente pudéssemos nos familiarizar com a presença uma da outra.
Mônica aproveitou a oportunidade e se inclinou para mais perto, alcançando o meu ouvido. A aproximação repentina me fez estremecer contra a cadeira inconscientemente, principalmente ao sentir sua respiração agitada ultrapassando os meus fios arrepiados e atingindo o meu pescoço.
— Por que está tão quieta, aconteceu alguma coisa? — Questionou em um sussurro preocupado, me encarando com seus expressivos e esbugalhados olhos azulados.