(28/10/2020)
Lídia De CastroDesviando dos corpos suados na pista a frente do palanque repleto de instrumentos e equipamentos de sons espalhados, ergo os copos torcendo para que nenhum deles seja atingido pela multidão eufórica de fãs.
Demorei para atravessar todo o setor até onde os bares foram equipados. Se derrubarem as bebidas, é provável que eu chore aqui mesmo.
— Finalmente, achei que não chegaria a tempo! Eles estão prestes a tocar a última da setlist. — Mônica me recebeu outra vez, apanhando o copo que lhe ofereci. Seu semblante mais radiante do que nunca.
A faixa colorida presa em sua testa se perdia facilmente nos seus fios rebeldes e chamuscados, o jogo de luz caríssimo montado na estrutura do palco tornava possível visualizar a confusão de glitter dourado cobrindo as maçãs do seu rosto, facilitando a visualização dos pequenos pontilhados brilhantes que ousavam em competir com o cintilar animado do seu olhar essa noite.
O som dos acordes e dos gritos de comemoração foram colocados em segundo plano, assim que reconheci a melodia da música que tanto diz sobre a nossa trajetória como fãs e amigas coloridas.
Tudo entrou em desfoque, ao mesmo tempo que fiquei autoconsciente demais da maneira como os lábios de Môni tremiam antes de se repuxar em um sorriso maior do que seu rosto.
Acho que nunca vou me cansar de observá-la. Toda vez que paro e a olho, consigo apreciar cada detalhe que até então havia me passado despercebido.
Toda vez que a fito nunca parece ser o suficiente. Seus traços já estão marcados na minha memória e agora se espalham, atracam e se enraizam permanentemente, como uma maldita doença no meu coração.
E eu gosto tanto dessa sensação.
— Noite e dia, noite e dia, noite e dia, desde o dia em que a vi pairando sobre os discos, eu soube que foi feita para ser minha. — Éder, o vocalista, cantou o primeiro trecho me lançando de volta para realidade. Sua voz de veludo tornava a música menos brega e cômica.
A história de como foi composta torna tudo ainda melhor e especial, é algo sagrado no fandom, na época sempre que alguém novo entrava na comunidade, nós fazíamos questão de contá-la, era basicamente um rito de passagem.
Um momento de brincadeira entre amantes apaixonados, bêbados e vulneráveis, deu vida a uma confusão de palavras soltas, que foi mantida mesmo assim, e utilizada como a intro do primeiro álbum de estúdio deles.
O fato de ser a minha música e a de Mônica, não é nem pela história original em si, mas sim porque ela descreve e representa uma relação boba, brega, inesperada e leal que foi construída aos poucos, mas que ainda assim não deixou de ser pura, assim como a nossa.
Por esses e outros motivos, não houve momento melhor do show para me colocar de joelhos diante dela com a caixa de veludo vermelha aberta em mãos.
Somente nós duas sabemos o quão importante essa canção é para a nossa relação.
E caramba, eu esperei o show todo por isso, essas alianças estão guardadas comigo há um tempo. Eu não via a hora de ver o brilho prateado no dedo anelar direito de Mônica.
Noite e dia, noite e dia, noite e dia
Me pergunto se essas são razões o suficiente...A multidão abriu espaço, puxando um coro de murmúrios comemorativos, incentivadores e encantados que abafaram a cantoria e acabou atraindo a atenção da banda para nós.
Após assimilarem a situação ao visualizar as alianças e a reação da minha acompanhante, eles sorriram abertamente, me oferecendo um sinal positivo.
As lágrimas escorreram ainda mais violentas pelo sentimento de ser notada por uma última vez por eles e por tudo estar realmente acontecendo.
Respirando profundamente, volto a observar o semblante exasperado e surpreso de uma das mulheres mais importantes da minha vida, através da minha visão embaçada pelo choro.
Os integrantes da banda retomaram o controle da música e as pessoas espalhadas próximas a nós voltaram a cantar de forma mais lenta e baixa, ainda observando o desenrolar da cena, como se a sinfonia em conjunto tivesse sido feita e planejada especialmente para o pedido de hoje.
O suficiente para te fazer minha.
Minha...O rosto de Môni estava tomado pela vermelhidão, suas bochechas totalmente molhadas, mas ainda assim o sorriso enorme e instável não deixou de estampar seus lábios.
— Você ainda tem dúvidas, sua boba? Mil vezes sim, eternamente sim! — Gritou entusiasmada, agitando as mãos. Mais lágrimas jorraram dos meus olhos, ao mesmo tempo em que eu acolhia seu corpo trêmulo em meus braços abertos.
O suficiente. Apenas o suficiente pra te tornar minha... Minha eterna namorada.
— Eu te amo. Sempre te amei. — Sussurro em seu ouvido, sentindo sua respiração vacilar e os gritos continuarem firmes em nosso entorno, tal como os aplausos.
— Eu também te amo, Lídia. E eu estou surpresa por você ter demorado tanto tempo para perceber.
ENFIM NAMORADINHAS QUE REALMENTE NAMORAM. PRÓXIMA SEMANA ÚLTIMO CAPÍTULO HEIN? Eu sei, eu sei! Eu também não estou nada pronta para abrir mão das minhas meninas!
Elas crescem tão rápido!
Mas de verdade, eu gostaria de agradecer a todo mundo que chegou agora, obrigada por dar uma chance para Mônica e Lídia contarem suas respectivas histórias. Estou amando acompanhar cada surto e comentário de vocês.
Não deixem de votar nos capítulos, isso é importante para a história e para mim. 💛
Vejo vocês na próxima semana. Talvez domingo, talvez segunda. Só Deus sabe. 👀
NÃO SE DESESPEREM AINDA TÊM O EPÍLOGO.
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30 dias com ela ⚢ [✓]
RomanceLídia tem dois problemas. Ela está apaixonada pela sua melhor amiga. Ela nunca a viu antes. Isso deveria ter a impedido, mas ela não conseguiu evitar desenvolver sentimentos pela garota que esteve presente em cada momento da sua vida, durante cinco...