4º CAPÍTULO

255 32 56
                                    


Kim Taehyung estava parado de costas para mim.

Pela toalha amarrada em sua cintura e o cabelo molhado, provavelmente tinha acabado de sair do banho. Não precisava ser um gênio para perceber, mas no estado em que eu estava, chegar àquela conclusão sozinha, era uma grande vitória.

Era um misto de incredulidade, por ser uma situação muito absurda e improvável de acontecer e ao mesmo tempo de vergonha, por presenciar um momento tão íntimo de alguém que não conhecia.

Fiquei tão sem reação, que não sabia o que fazer ou falar. E o tempo parecia passar mais devagar, me fazendo parecer enraizada no chão. Mesmo que quisesse, não conseguia mover um músculo sequer.

Não sei ao certo quanto tempo eu fiquei parada encarando as costas dele. Até que lentamente ele virou em minha direção e nossos olhos se encontraram.

Senti um frio percorrer toda minha espinha. Meu coração batia muito forte, parecia que ia sair pela boca. Minhas bochechas ardiam, provavelmente eu estava vermelha. Sentia desespero, talvez pela situação ou com certeza pelo olhar penetrante que ele me dava do outro lado da sala.

A situação ficou ainda mais constrangedora, se é que isso era possível, quando a toalha que estava em sua cintura se soltou. Tudo pareceu acontecer muito depressa depois daquele momento. Me lembro de ver seus olhos arregalando e dele segurar rapidamente o meio do tecido que caia, aparando-o no meio do caminho. Seu reflexo foi muito preciso, apesar de toda a lateral de seu corpo estar exposta, conseguiu nos poupar a cena dele completamente nú em minha frente.

Acompanhei essa cena boquiaberta e de olhos arregalados. Não estava preparada para aquilo. Sem conseguir pensar qual seria a melhor opção a se fazer em um cenário como aquele, olhei para baixo desviando nosso olhar. E num ímpeto, corri em direção à porta de saída, murmurando vários "sinto muito", que provavelmente não foram compreendidos. Só queria sair daquele lugar o mais rápido possível, se eu fosse veloz o suficiente quem sabe ele não me identificasse depois daquilo.

Cheguei à porta, agarrei e girei a maçaneta rapidamente e nada aconteceu. Tentei novamente, nada. Na terceira vez, empurrei com força. Foi inútil, a maçaneta girava, mas a porta não abria.

Aparentemente passar só uma situação vergonhosa, era pouco.

Bati as mãos espalmadas e perguntei em português se tinha alguém ali. Ninguém respondeu.

Abaixei a cabeça e encostei a testa na porta, derrotada. Estava muito desconcertada pela situação, não queria olhar para trás e ter o risco de vê-lo novamente.

Ainda naquela posição, percebi uma sombra bem mais alta se projetando atrás de mim. Não me virei, ainda não tinha coragem de olhar no seu rosto ou encarar seus olhos, mas pude sentir sua presença e seu perfume suave.

Ele esticou a mão direita, passando perto da lateral do meu corpo e colocou na maçaneta. Não falamos uma palavra sequer. Meu coração batia tão alto que eu podia jurar que ele ouvia.

Apesar da ansiedade que eu sentia, entendi que ele só queria me ajudar. Então dei um passo para o lado esquerdo, o dando passagem.

Espiei curiosa com o canto dos olhos para ver se teria sucesso. Inevitavelmente reparei que estava com a toalha amarrada na cintura novamente. Disfarcei o olhar e voltei o foco a sua mão. Percebi que ele tentou, de várias maneiras diferentes, mas a porta não abriu. Suspirei alto encostando a cabeça na parede, aceitando mais uma vez aquele fiasco. Então Kim Taehyung me olhou por um momento e saiu, sem dizer nada.

Escutei alguns barulhos de tecido e depois de um tempo, uma porta se fechando distante. Resolvi por segurança esperar mais um pouco para me virar, não queria ter o risco de presenciar mais alguma cena que nos deixasse desconfortável.

Travel With MeOnde histórias criam vida. Descubra agora